Mariana 18/10/2022
A genialidade de Dias Gomes ?
A genialidade de Dias Gomes, mestre do teatro e da contestação política social.
Não poderia começar uma análise dessa obra sem minha fala favorita, logo a última do nono quadro da conhecida farsa sócio-político -patológica, ademais,do meu personagem favorito, Neco Pedreira:
? Só tu, Odorico, mais ninguém, podias merecer a subida honra de inaugurar este campo-santo, que foi a grande obra do seu governo, o grande Sonho de sua vida, afinal realizado! Adeus, Odorico, o Grande, o Pacificador, o Desbravador, o Honesto, o Bravo, o Leal, o Magnífico, o Bem-Amado..!?
O Bem-Amado foi uma obra apresentada a mim por grandes professores da literatura que tive. Que paixão a primeira leitura, diga-se de passagem! Eu, sempre muito contra a questões políticas, principalmente relacionadas ao Brasil, senti minha opinião sobre a política representada por uma obra.
Ela te faz rir e, ao mesmo tempo, refletir sobre a tristeza que é a situação política, culpa da própria malícia do homem. É, de fato, triste a situação.
O Bem-Amado traz, de forma humorada e caricata, a realidade da política brasileira.
É impressionante como a obra, apesar de escrita em 1962, torna-se atemporal, uma ?carapuça perfeita para os políticos dos dias atuais, como um terno feito sob medida, Odorico Paraguaçu veste muito bem a maioria deles.
?Odorico Paraguaçu, é protótipo do político interiorano, com vocação para a verborragia e demagogo por natureza, espelho do homem público de província latino-americano?.
Dias Gomes,em 1970, deu uma entrevista e relatou exatamente isso, em suas palavras:
? Odorico Paraguaçu é um tipo de político que - embora a prática das eleições pareça já coisa do passado - é bastante comum, não só no interior como nas grandes cidades. É claro que o grau de demagogia e paranoia é variável. Mas o processo é o mesmo. E não se pense que a proibição do povo de eleger livremente seus candidatos nos livra dos Odoricos provincianos ou citadinos, estaduais ou federais. Eles existem e continuarão existindo, com maior ou menor extroversão, porque são frutos não da prática da democracia, mas da alienação e do oportunismo dos governantes, eleitos ou nomeados, escolhidos ou impostos?.