Flávia Menezes 07/12/2023
A FÉ SOBE PELAS ESCADAS QUE O AMOR CONSTRUIU???????????
?O Retorno do Rei? é a parte final de uma das sagas mais belas já escritas até os nossos tempos atuais, intitulada ?O Senhor dos Anéis?, escrita pelo grande mestre da fantasia J.R.R. Tolkien, e publicada pela primeira vez em 20 de outubro de 1955.
Nesta conclusão, enquanto temos de um lado Gandalf e Pippin reunindo exércitos de homens para lutarem na batalha final por Gondor, em Minas Tirith, do outro lado temos os temores que vem do leste, em Mordor, onde Frodo e Sam lutam para finalizar a missão que os acompanhou por toda a Terra Média: a destruição do anel nas lavas da terra de Sauron.
Quando embarquei nessa aventura em junho deste ano, ao iniciar ?A Sociedade do Anel?, eu não esperava me encantar tanto assim por esta história. Mas quando em setembro dei sequência com ?As Duas Torres?, foi aí que o mestre Tolkien me ganhou por completo, a ponto de ?O Retorno do Rei? ter sido meu livro escolhido para sair de uma ressaca literária.
Sabe quando falam que Tolkien é extremamente detalhista, a ponto de descrever os cenários minuciosamente como se ele não tivesse pressa alguma para nada? É realmente verdade, até mesmo porque Tolkien foi um perfeccionista. Mas de fato essas partes são as que mais me interessaram na história.
A riqueza de detalhes de um autor que criou toda uma Terra Média é algo para ser apreciado, porque a verdade (como me disseram um dia!) é que muito dificilmente surgirá um outro escritor nesta terra capaz de uma proeza tão magnífica como Tolkien foi capaz de fazer. Afinal, ele não escreveu apenas um livro, mas sim, deu vida a um mundo que foi criteriosamente estudado parte por parte, raça por raça, dando origem a mais bela saga de um anel que demonstra que nesse mundo, por melhor que sejamos, todos nós podemos ser corrompidos quando diante de um objeto capaz de nos dar tanto poder.
Em cada um desses livros (que de fato é apenas um, como me ensinaram), enquanto eu lia, dava para sentir que a trama parecia girar em torno de um tema, que eu poderia traduzir em uma palavra:
1) ?A Sociedade do Anel?: CELEBRAÇÃO.
2) ?As Duas Torres?: COMPANHIA.
3) ?O Retorno do Rei?: FÉ (que na verdade eu tinha pensado em esperança, mas tomarei essa palavra emprestado).
Em ?A Sociedade do Anel? o clima é realmente de uma grande celebração! Estamos em uma aldeia repleta de Hobbits felizes, que apesar da baixa estatura são grandes na coragem, a ponto de tomar para si uma missão na qual nem sequer era possível prever todos os riscos que poderiam ser encontrados no caminho.
Mas embora tendo assumido algo grandioso e altamente perigoso, este primeiro livro (vou tratar assim) é bem mais leve do que os outros, o que favorece o estabelecimento do nosso vínculo com esses tão amados personagens. Tolkien foi extremamente habilidoso aqui, pois toda a alegria e o encanto pelos lugares bonitos e floridos pelos quais somos inseridos, era o fôlego que precisávamos para dar sequência a tudo o que nos aguardava pela frente.
E apesar desse clima gostoso do Livro I, confesso que ?As Duas Torres? me encantou ainda mais. Nesta parte, somos lançados em mundos sombrios, onde o clima de perigo é tão latente a ponto de nos sentirmos mais apreensivos durante a leitura, especialmente por aqui Tolkien cria todo um ambiente mais cinza, mais escuro e melancólico que nos faz perceber que toda aquela alegria de antes, agora ficou totalmente para trás.
Mas se a alegria se foi e os dias são tão cheios de pesar, o que nos ganha neste Livro II é esse clima de que aqui ninguém caminha só, porque a lealdade se faz irmandade, e seguimos sentindo como ter companhia é essencial, pois além de ser a conversa boa que nos faz lembrar dos tempos felizes de outrora, é o que nos dá força para enfrentar os piores obstáculos que surgirem pela frente, porque temos a certeza de que não estamos só.
E neste clima, entramos no Livro III onde o perigo agora é iminente, e se revestir de coragem é a única opção, porque a verdade é que agora não há mais como voltar atrás.
Uma das partes mais belas de ?O Retorno do Rei? é uma conversa, logo no início do livro, que ocorre entre Aragorn e Éowyn, Senhora de Rohan. A coragem que surge dela enquanto mulher que quer se colocar no lugar de guerreira, enquanto ele (Aragorn) com tanto cuidado e respeito lhe diz que não pode colocá-la nessa posição, iniciando assim um dos diálogos que eu achei mais tocante nesta história, me marcou muito pela sua profundidade.
Em algumas partes, é quase palpável sentirmos como as forças de cada um desses bravos guerreiros começam a fraquejar, muito embora seus lábios continuem a professar a mesma esperança do início, neste forte combate para silenciar suas mentes que já não conseguem mais enxergar possibilidade alguma de saírem vitoriosos.
Como uma pessoa uma vez me descreveu (e de forma brilhante, por sinal!) sobre essa parte final, em meio às forças que começam a esvair é que surge algo tão bonito que é muito característico do que existia no coração deste brilhante escritor chamado Tolkien, que é a fé! E é exatamente do que ?O Retorno do Rei? se trata: da fé que surge para nos dar forças para continuarmos quando não conseguimos mais enxergar qualquer possibilidade e tudo parece perdido.
Que belo isso, não é mesmo? Mas é mais bela ainda toda uma história criada com tanto amor e respeito a ponto de que cada personagem, cada lugar, cada sociedade vai se tornando real, porque suas histórias de vida estão tão bem enraizadas a ponto de dar sustentação a todo um enredo que nos diverte, emociona, e que ao final, deixa saudades (e muitas!).
Certamente essa é uma história que eu pretendo reler no futuro. Porque esse livro (?A Sociedade do Anel?) que é sempre bom ter por perto quando precisamos nos desligar um pouco da realidade e da correria da vida adulta, para nos transportarmos para uma terra cheia de aventuras, e principalmente, de amigos leais que jamais deixarão de estar ao nosso lado aconteça o que acontecer.
Que homenzinho sábio foi esse Tolkien. E que história mais fantástica que felizmente deixa suas belas marcas no meu ano de leituras de 2023! Obrigado, Sr. Tolkien! O senhor é mesmo um ?grande? e poderoso Hobbit!!