Geórgea 26/04/2021AscensãoScott Carey leva uma vida tranquila na pequena cidade de Castle Rock. Após o divórcio, ele vive um pouco isolado em sua grande casa e trabalha como web designer. Se não fosse o casal de lésbicas do outro lado da rua, com quem ele tem alguns problemas, tudo seria perfeito. No entanto, um estranho fato muda toda a sua vida.
“Nós sabemos exatamente como os bons vizinhos agem por aqui, pensou ele, descendo a inclinação. O que aquilo queria dizer?”
Ele está cada vez mais leve. Embora sua fisionomia não mude, cada vez que Scott sobe na balança, o seu peso está menor que antes. Quanto mais o tempo passa, mais seu peso diminui de maneira gradativa e está cada vez mais difícil não pensar no “dia zero”. O que acontecerá com ele quando este dia chegar?
Porém, para sua surpresa, ele não se sente mal ou infeliz. Muito pelo contrário. Scott nunca se sentiu tão vivo e cheio de energia. Por isso, ele busca formas de fazer a diferença antes do grande dia chegar. E uma das primeiras mudanças que ele fará será ajudando suas vizinhas que parecem deslocadas na nova cidade.
Minha Opinião
É possível escrever uma história envolvente, cheia de personagens bem construídos, com uma trama diferenciada e que te pega pela mão e te conduz durante toda a narrativa mesmo possuindo menos de 150 páginas? Para o senhor King isso é possível. Cheguei para ler Ascensão com um pé atrás. Como um livro tão pequeno poderá entregar algo tão bem elaborado no nível do autor? Pois aqui encontrei diversos elementos que encontramos em obras mais robustas.
Esta história intrigante me lembrou muito “A Maldição do Cigano”, também do autor, mas escrita com o seu pseudônimo, Richard Bachmann. Mas apenas essa questão da perda de peso, pois de resto tudo é diferente. Aqui o autor não mudou a fisionomia da pessoa. O que é mais estranho ainda. Não importa se Scott está com os bolsos cheios de moeda ou vestindo apenas roupas de baixo. Basta ele subir na balança para constatar que seu peso está cada vez menor.
“Ele estava perdendo peso como um paciente de câncer em estágio terminal, mas o trabalho estava indo muito bem e ele nunca tinha se sentido tão animado.”
O tema desta história é complexo e original. Além disso, me fez levantar o seguinte questionamento: o que eu faria caso isso estivesse acontecendo comigo? A balança me diz uma coisa, mas a minha fisionomia e o meu espírito me dizem outra. Pois me sinto cada vez mais animada e com energia. Esse estranho fato muda a vida e a visão de mundo de Scott. E, em uma cidade pequena e preconceituosa, ele buscará fazer a diferença.
Conforme a narrativa avança percebemos o coração gigantesco que ele possui. As desavenças com as vizinhas têm um motivo e ele mudará isso. Além disso, Scott também buscará formas de integrar as duas à comunidade. Acabando com as fofocas e mostrando formas de fazer o bem. Mesmo passando dos 40 anos, ele mostrará que idade não é desculpa para preconceitos e que nunca é tarde para mudar a forma que pensamos e nos tornarmos pessoas melhores.
“Flutue como uma borboleta e ferroe como uma abelha, pensou ele.”
Ter esta data limite, nos faz perceber o quanto ele quer aproveitar o tempo restante. E, também, nos faz pensar no que faríamos com esse tempo. Diferente de quem tem uma doença terminal e sabe que o fim está próximo, ele possui força e vontade de aproveitar esse tempo. Uma espécie de dádiva, pois mesmo sabendo que o tempo está acabando, ele tem saúde para consertar erros e aproveitar o tempo restante. O que você faria se estivesse no seu lugar?
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