Larissa | @paragrafocult 20/09/2019
"Pensamentos felizes fazem a gente voar."
Resolvi trazer a resenha desse livro que li pela primeira vez há muitos anos mas que marcou a minha memória de tal forma como se fosse ontem. Sempre tive uma paixão pela leitura. Ela conseguia me transportar para diversos mundos e isso me fascinava, mas foi com Peter Pan que essa paixão realmente criou raízes.
Tenho a minha edição até hoje, com as bordas gastas de tanto ler e carregar comigo. A memória ainda viva das várias aventuras lidas sobre a Terra do Nunca. Vou ser sincera de que apesar do amor pela obra, nunca assisti ao desenho famoso da Disney, apenas a adaptação de 2003 em live-action e essa consegue ser bem fiel ao livro, apesar de não totalmente.
A narrativa do livro é bem diferente de tudo que já li. Antes me causava um estranhamento maior já que o li bem nova porém hoje consigo enxergar esse estilo como algo a mais. O autor narra de uma forma lúdica e bonita, fantasiosa. Um exemplo disso são as cenas onde a Senhora Darling que durante as noites vasculha a mente dos filhos para retirar os pensamentos ruins que podem ter aparecido por ali durante os dias, ou o beijo escondido de Wendy, ali, escondido no canto direito de seus lábios. Minha parte preferida é sobre o nascimento das fadas, já que elas nascem do primeiro riso de um bebê. J.M. Barrie conseguiu depositar muita doçura em sua narrativa, criando na história uma aura mágica.
Peter Pan não é uma criança boazinha. Ele é travesso, mimado e egoísta. Sendo o líder dos meninos perdidos, tudo deve ser feito da forma que ele quer. Assim como o próprio Capitão Gancho, que traz questionamentos ao falar sobre si. Os dois personagens são bem ambíguos, não sendo exatamente 'bom e mau'. Afinal, Peter é um líder duro e instável. Chegando ao ponto de "se livrar" dos meninos perdidos que acabam crescendo ou o contradizendo. Entre muitas outras coisas. Uma das diferenças que notei ao ler esse livro depois de adulta é como a história muda. Há muitas metáforas que antes passavam despercebidas e que hoje só abrilhantam ainda mais a história. Uma mensagem para adultos escondido ali, no que deveria ser uma história doce e infantil.
Já com relação aos pequenos Darling, Wendy vira a "mãe" dos meninos perdidos por ser a única menina ali, que não parece se importar em carregar tal título, contando histórias e ajudando no esconderijo. Ao menos até ela perceber que está se esquecendo dos seus pais, desejando voltar para sua casa. Ela muitas vezes é uma voz da razão no meio de tantos meninos.Por muito tempo eu criei uma certa obsessão pelo personagem e me lembro de ler muito sobre o autor, que se inspirou não apenas em seu pequeno irmão que morrera quando criança, como em um pequeno garotinho chamado Peter, filho de uma mãe solteira que conhecera e o inspirou profundamente. Um pouco dessa história é contada no filme Em Busca da Terra do Nunca. Fica a indicação aí.
Mas não pense mal de Peter Pan. Ele é uma criança em muitos sentidos. Dotado de muita inteligência e inocência, sem nenhuma preocupação, ele só quer se divertir, não importa o que custe. O que é basicamente o que uma criança faz.Essa é uma leitura que levo para a vida. Não importa a idade que você tenha, a mensagem que se quis passar no livro vai ser bem recebida. Talvez algumas pessoas não gostem da narrativa por ser mais lenta que a do filme que o tornou mais popular mas é super válido dar uma chance para a leitura. Você termina o livro com uma visão diferente até mesmo do Gancho.
É o meu livro de cabeceira da vida. Minha primeira indicação para todos. Não tem idade mínima para se aventurar pelas páginas da Terra do Nunca.
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