Lau 04/09/2022Morri, várias vezes... e renasciPra quem é difícil pensar que é possível sentir a dor de um grupo inteiro, leia este livro.
Uma advogada recém-formada viaja ao Acre para a observação de casos de feminicídio, parte de uma pesquisa maior sobre o mesmo tema, e nesse lugar distante de casa acaba tendo uma experiência mais do que intensa sobre tudo o que cerca a si mesma e aos julgamentos que acompanha.
Patrícia Melo fala das mulheres assassinadas, negligenciadas e, depois, esquecidas pelos homens e pelas instituições do nosso país - também manipuladas por homens. Algumas mulheres morrem mais, outras têm a indignação da mídia e da classe a seu favor. Mas todas, todas, estão suscetíveis à violência extrema. Esse livro escancara. Conta os detalhes sórdidos dessa máquina de matar mulheres. E acho isso tão necessário... quando o máximo que sabemos a respeito dela vem das notícias rasas sobre o assassinato de mais uma mulher, diariamente, em algum jornal virtual. O livro não é tão ficcional quando conta suas histórias escabrosas, basta ligar a televisão para ver.
Aí... dizemos que todo homem é um agressor em potencial e a galera fica alvoroçada. De verdade, basta que provem que a paz é possível. Da nossa parte, já tentamos a vida inteira, gerações e gerações...
Mas de volta ao livro, tudo nele, pra mim, foi essencial, inclusive as visões à base de ayahuasca. Cada capítulo serve a um propósito e penso que falou o suficiente, e se encerrou no momento certo. Agora só não sei se conseguirei não pensar sobre ele durante todo o resto da semana.