Luke.Szeivier 08/10/2023
Da ascenção à queda. Visões do quão podre é Gilead.
"Você dá o primeiro passo e, para se salvar das consequências, você dá o seguinte. Em tempos como os nossos, só há duas direções: ou subir, ou desabar."
Depois de quase 35 anos desde o lançamento de "O Conto da Aia", a tão aguardada continuação da distopia que arrebatou o mundo e nos transportou para o centro de um governo teocrático em que as mulheres perderam seus direitos e identidade, a autora Margaret Atwood finalmente se rendeu e lançou "Os Testamentos"; uma obra igualmente incrível (e na minha opinião até um pouco melhor que a obra original) que nos leva de volta à opressora República de Gilead, mas agora sob a perspectiva de três outras personagens diretamente ligada à Offred (que por decisão da própria autora não é mais a protagonista do livro, embora apareça brevemente numa cena.)
Acompanhamos o nascimento, ascenção e os bastidores de um governo cuja a "defesa dos valores tradicionais" e da religião como Constituição ficou apenas na promessa, enquanto casos de assassinatøs, traições, abusos e até pedøfilia ocorrem as escondidas sob um tapete de hipocrisia.
Embora o livro foque mais na manipulação e controle físico, mental e emocional de suas vítimas do que nas atrocidades cometidas pelo regime ditatorial, a distopia novamente se mistura com a realidade quando a autora Margaret Atwood se inspira nas atuais mudanças mundiais que impulsionadas por certos governos e grupos de pessoas, cada dia mais se aproximam dos ideais defendidos por Gilead. Ao mesmo tempo ela nos mostra que mesmo em meio a extremismos há espaço para esperança e luta por direitos, mesmo que através de resistência, submissão, rebelião e autodestruição para acabar com tudo de dentro para fora.
E para quem assiste ou assistiu a série "The Handmaid's Tale" (O Conto da Aia" se preparem para mudar suas opiniões sobre a Tia Lydia (Eu fiquei abismado kkkk)
* NOTA: 4 ????
Mal posso esperar para ver como vai ser a adaptação da série. ?
~ SINOPSE:
15 anos se passaram desde os eventos ocorridos em "O Conto da Aia". Mesmo diante de inúmeras tentativas de desestruturação, o regime teocrático, totalitário e ditatorial da República de Gilead parece seguir firme. Mas sinais de que suas estruturas apresentam rachaduras e buracos estão cada vez mais aparentes.
A guerra de expansão territorial enfrenta grande resistência. Enquanto dentro do país, mantimentos começam a ficar escassos e casos de contrabando, assassinatos, suïcídiøs, traições, abusos de poder e até pedøfilia ocorrem as escondidas e são mantidas sob segredo.
Embora o paradeiro de Offred seja desconhecido, e sua fuga nunca fora esquecida, os acontecimentos dentro e fora de Gilead são agora contados pela perspectiva de três mulheres:
Agnes, é filha de um importante comandante. Criada dentro da elite e cercada de privilégios, através do olhar dela conhecemos como as jovens, frutos da primeira geração de Aias, são doutrinadas desde a infância para cumprir com suas obrigações como futuras Esposas (ainda que na pré-adolescência) dentro de um regime totalitário.
No outro lado da fronteira temos Daisy, um jovem rebelde que cresceu tendo uma vida normal no Canadá, indo à escola, ajudando os pais na loja de roupas usadas e expressando seu protesto contra os horrores praticados além da fronteira.
E por último, temos ninguém mais ninguém menos que Tia Lydia, uma das grandes executoras e fundadoras de Gilead, que por mais que seja vista como uma Vilã por sua autoridade implacável e lealdade ao regime opressor, através de seus testamentos acompanhamos que desde o primeiro dia da criação de Gilead, ela se tornou uma bomba prestes a explodir e abalar todas as estruturas do poder.
E quando a história dessas três mulheres se cruzam e verdades começam a aparecer, elas terão que lutar pelo aquilo que acreditam, mesmo que isso leve a queda de um império e mudem suas vidas para sempre.