trizisreading 17/11/2023
Os Testamentos
"Os testamentos" é uma continuação de "O conto da Aia" de Margaret Atwood, publicado trinta anos depois. Embora "O conto da Aia" tenha sido uma ótima introdução, "Os testamentos" o supera em muitos aspectos.
Seguindo a mesma lógica do primeiro livro (se você não leu o primeiro livro, sugiro que não leia essa resenha), "Os testamentos" é uma distopia que ocorre em uma realidade onde as mulheres podem ser Marthas, Tias, Aias ou Esposas, caso não possua uma dessas classificações, basicamente é considerada uma ninguém, e consequentemente, vive numa espécie de miséria, vivendo numa clandestinidade.
Os homens por sua vez, podem ser Comandantes ou então possuir outros cargos diferentes, mas sempre é uma "profissão". Isso porque quando comparado às classes sociais das mulheres, todas elas tem um único objetivo: servir aos homens. Vejamos que as Marthas são como governantas, as Tias são como professoras, mas também podem ganhar certo poder político, no entanto, nunca deixam de servir aos homens. As Esposas são da mais alta classe social: esposa de Comandante. E por fim, as Aias, tem como único objetivo parir o filho de Comandantes, caso a Esposa não tenha sucesso.
Dito isso, é possível observar que as mulheres são praticamente "escravas" dessa realidade, apenas existem para servir ao outro gênero, além de que, no decorrer da história podemos ver que, caso fujam de suas funções, são gravemente punidas.
A história relata a realidade de duas meninas com mentalidades muito diferentes, isso porque uma vive no país onde tudo o que foi citado acima é pregado como uma religião, já a outra vive em outro local, onde abominam o estilo de vida daqueles.
Na trama, um membro de Gilead (o tal local que vive essa distopia desumana), deseja acabar com esse radicalismo e retomar a vida como era antes, onde as mulheres tinham sua própria vida e podiam fazer o que quisessem. No entanto, vivendo nesse país extremista, ela deve ter muita cautela e encontrar alguém de confiança para conseguir colocar seus planos em prática.
Esse é um livro de extrema importância, sobretudo quando se conhece a história das mulheres, seu papel de genitoria no capitalismo e seus direitos (ou a falta deles) no dia a dia e como isso é ignorado, principalmente se levarmos em conta que as mulheres vivem dessa forma há muitos anos, fazendo com que sequer podemos imaginar um mundo onde a mulher é respeitada.