Resenhas - Sobre os ossos dos mortos

Mariana Dal Chico 02/04/2020

“Sobre os ossos dos mortos” de Olga Tokarczuk foi publicado no Brasil pela editora Todavia

A história se passa em uma pequena cidade da Polônia que faz fronteira com a República Tcheca, um local um tanto inóspito e isolado principalmente durante o inverno que leva o leitor a refletir sobre os relacionamentos interpessoais e com o ambiente.

A protagonista tem o costume de nomear as pessoas conforme suas características, se guia pela astrologia, defende que todos os animais deveriam ter o mesmo valor, é passional e luta por aquilo que acredita.

Dusheiko não me conquistou logo de cara, apesar de concordar com vários posicionamentos sobre direitos dos animais e a critica à hipocrisia, algumas coisas me pareceram muito caricatas de velha ranzinza que ninguém leva a sério por seus rompantes.

Talvez essa construção tenha sido proposital para o fechamento da obra, mas para mim pesou negativamente se levar em consideração a experiência de leitura como um todo.

Logo no início do livro há uma morte, seguida de outras que aconteceram misteriosamente, mas o suspense não é o foco, o livro não é thriller policial tradicional.

O livro está permeado de referências a William Blake, mas eu só consegui acessar as camadas mais óbvias e superficiais — como por exemplo e ele e a protagonista dividirem o estigma de loucos fanáticos por seus contemporâneos —, quem conhece a melhor o poeta e sua obra, com certeza vai conseguir mergulhar mais fundo nessa relação.

No geral foi uma boa leitura, que não me arrebatou, talvez pela minha falta de interesse em astrologia e desconhecimento blakeano.

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anarontani 28/05/2021

eu ADOREI esse livro e essa autora...

apesar de ser um livro de suspense, a narradora traz muitos pensamentos/questionamentos filosóficos sobre a vida e todo o resto, e a autora não faz isso de uma forma chata e cansativa!

vi nos devaneios da nossa senhorinha meus próprios devaneios e questionamentos! me senti reconfortada com seus mapas astrais msm não sendo tão mística! mas ela acreditava nisso e eu acreditei tb!

Irtanizio.Cardoso 05/07/2020

Inacreditável
O livro vencedor do Nobel de Literatura de 2019. Premio mais que merecido
No começo eu pensei que não ia ser lá grande coisa, no meio do livro eu tive certeza.
como estava enganado. o Final é surpreendente!
No livro vamos acompanhar a jornada da senhora Janina Dusheiko que vai narrando os acontecimentos que envolve o desaparecimento de seus cachorros. uma senhora Excêntrica que prefere bicho invés de gente (quem nunca). assassinatos começa a acontecer e a Srª Dusheiko começa a investigar acreditando ser os animais da floresta se vingando dos caçadores.
Faz a gente repensar muito, principalmente na vida e no quão solitário pode ser a velhice.
Favoritado.
5 estrelas

Tiago Mujica 30/04/2022

Thriller ecológico existencial, em que uma excêntrica professora investiga os assassinatos de homens e animais em uma remota vila polonesa. Esse romance deu a Tokarczuk o prêmio Man International Booker. Funciona como análise de como os impulsos do status quo masculino, encorajado pela nova política de direita da Europa, colocam em risco comunidades e a própria natureza.
O livro trata de questões existenciais e o mistério a respeito dos crimes acaba ficando em segundo plano para o próprio leitor.

Carine 16/03/2021

Desconfortável, diferente e inovador
10 motivos para esse livro ser uma obra de arte:

1. Personagem principal fora do padrão? Temos
2. Enredo diferente? Temos
3. Elementos de astrologia? Temos
4. Ativismo humanitário? Temos
5. Suspense e plot twist fenomenais? Temos
6. Autora ganhadora de nobel de literatura? Temos
7. Monólogos incríveis? Temos
8. Personagens únicos e diferentes? Temos
9. Literatura estrangeira? Temos
10. Autora e personagens femininos? Temos

Foi uma experiência transformadora! Mudou completamente minha relação com o consumo de carne e exploração animal.

Livro necessário!

literaliza 17/12/2022

leitura necessária para a vida
Sobre os ossos dos mortos me encantou de maneiras inimagináveis. Foi aquele livro que a gente não dá nada e acaba sendo simplesmente um dos melhores que já li na vida até o presente momento. Uma das coisas coisas que eu senti é que a autora quis passar coisas além do que ela escreveu, coisas e sentimentos nas entrelinhas de cada frase no livro.
A história se passa numa região da Polônia, onde uma aposentada senhora professora de inglês vive (o que eu amei, pois foi o primeiro livro que li tendo a protagonista mais velha) Janina é uma senhora muito autêntica, defende os animais, e traz inúmeras reflexões sobre a vida conforme o desenvolvimento do livro. É realmente uma personagem muito querida e cativante.
Por Janina (sra. Dusheiko como prefere ser chamada) amar os animais, acaba criando uma rivalidade com os caçadores locais, principalmente por caçarem fora de época e mais ainda depois que suas cadelas simplesmente ?sumiram?.
A narração é feita em primeira pessoa, e eu particularmente entendi tanto cada ponto de vista escrito, que me senti uma senhora de 50 anos.
Todos tratam a sra. Dusheiko como uma velha maluca, quando os caçadores começam misteriosamente serem encontrados mortos, e a sra. dusheiko acredita arduamente que uma guerra entre animais e humanos está acontecendo; tentando mostrar isso a todos, ninguém acredita nela e por isso ela se revolta.
Enfim, o livro é uma delícia de se ler, escrita super fácil, eu não esperava ser tão encantada como fui por este livro.
É uma leitura necessária para a vida.

Francisco.Martins 18/02/2022

Não foi o que eu esperava mas mesmo assim é ok.
" as vezes tenho a impressão de que vivemos num grande túmulo com espaço pra muita gente"

Ler este livro nem estava nos meus planos mas depois de ler a sinopse e ver a capa me animei.
O começo é muito bom a autora cria toda uma atmosfera sombria e inesperada e instiga sua curiosidade e como a história é contada pela própria protagonista nós acompanhamos seus fluxos de pensamentos então estamos sempre em sua mente o que é um ponto positivo e negativo por que em determinados capítulos ela passava muito tempo discorrendo sobre planos astrais, falando da posição de júpiter e do sol e como isso afetava a vida de uma pessoa e... Ok, tudo bem, é uma característica dela mas fica muito enfadonho em certos momentos e eu acabava me pegando não prestando muito atenção na história.
Mas mesmo assim é um bom livro. Grifei diversos trechos dele. Certamente vou procurar conhecer outros livros desta autora.

"As melhores conversas é a que temos com nós mesmo, pelo menos não há riscos de desentendimentos"

EduardoCDias 20/05/2020

Nobel de lieratura
Vencedora do Nobel de literatura, mas sinceramente não entendi a premiação. Livro gostosinho de ler, personagens esquisitos, e uma boa defesa da natureza, principalmente contra a caça. Uma mulher vive sozinha num povoado nas montanhas da Polônia e se revolta e amargura com os caçadores da região.

AriAri0 03/02/2024

Ossos de Corças
Esse livro mergulha em um abismo de crueldade e melancolia, em um movimento mórbido e visceral.

Sua trama pesada é um fardo para quem cultiva um amor profundo pelos seres vivos, pelos animais, aqueles que cuidam e zelam.
É como ser atingido por uma pedra imensa, lançada com precisão certeira, deixando o leitor desnorteado e aflito ao finalizar suas páginas.

A protagonista, uma mulher de idade avançada, é retratada sob uma luz que oscila entre o exótico e o louco, o velho e o estranho.
Contudo, para aqueles que a compreendem, ela é uma alma amorosa e calorosa, alguém que nutre um profundo apreço pela vida em todas as suas formas.
No entanto, ela está cercada por indivíduos cruéis, especialmente homens imponentes que empunham armas de fogo com a ilusão de poder, tratando seres humanos e animais como meros objetos, troféus de sua suposta superioridade.

Não é possível mergulhar nessas páginas sem abrir um contêiner em nossa mente, sem refletir sobre as profundezas da condição humana, sobre a violência impiedosa que permeia nossa sociedade e sobre o contraste doloroso entre a ternura da protagonista e a brutalidade de seu entorno.

?

APaula.Maia 01/08/2021

Janina Dusheiko… ops, Sra. Dusheiko (ela odeia o primeiro nome rsrs), é a nossa protagonista e narradora da história. Uma senhora com uma idade já avançada, que é aposentada e professora de inglês numa região inóspita da Polônia, distante de tudo. Ela é bem excêntrica, introspectiva, não come carne, defende os animais com todas as forças, adora astrologia e traduzir textos do grande poeta William Blake. Ela tem alguns vizinhos meio estranhos e adora colocar apelidos em cada pessoa que conhece, para ela os apelidos são mais condizentes do que o próprio nome da pessoa.

Porém, tudo muda no vilarejo pacato quando uma série de assassinatos começam a acontecer e nossa velhinha os associa com uma vingança feita pelos animais devido aos longos anos em que são caçados pelos seres humanos. É um livro que retrata injustiça, loucura e os direitos dos animais. Algo completamente diferente de tudo que já li, foi uma leitura muito interessante e engrandecedora! Induz a muita reflexão, possui um leve suspense com o porquê das pessoas morrerem. Seria a vingança dos animais contra toda essa caça com matança e crueldade indiscriminada que as pessoas fazem apenas por prazer?

Qnat 28/12/2020

Coisas muito boas, coisas muito ruim, então vale a média
Confesso: comprei o livro pela capa, non-sense.

Só depois descobri que a autora foi premiada.

O livro é narrado em primeiro pessoa. Isso é muito importante, pois é o alicerce do livro, e sua única característica realmente interessante.

Temos uma versão "fantasiosa" de uma senhora de idade, bastante esotérica e naturalista, sobre alguns assassinatos em sua região.
Não conseguimos saber, como é típico da narração em primeira pessoa, se é apenas algo da cabeça dela ou não, bem como acreditamos em sua condução dos fatos.

Essa narração em primeira pessoa foi MUITO bem escrita, e permitiu que a autora fizesse uma série de reflexões sobre solidão, capitalismo, o seu país e a velhice, com frases muito bem construídas e irônicas. É algo bastante intimista, e difícil não anotar alguns trechos.

Mas imagino que uma narração bem construída e frases líricas, por mais que agradem, não seguram um livro por si só. Talvez funcione para pessoas que admiram a arte de escrever por si só, mas não deve ser suficiente para pessoas que querem se entreter, serem transportadas para um novo mundo.

Eu li esse livro após a leitura de livros de fantasias bastante complexos, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Então foi um impacto grande ler um livro mais parado.

Entrando mesmo na história, o livro peca. Simplesmente o "mistério" não foi o foco, nem nenhum outro acontecimento, e nada me prendeu na histórica.

Basicamente temos um monólogo.
Uma idosa comentando as fofocas da vila, com sua versão, sua força e sua carga de "sabedoria" (mesmo que esotérica). E é isso!

Sinceramente, achei a personagem chata. Digo, ela não seria minha amiga, então não me encantei tanto por ela a ponto de ficar 256 páginas lendo suas interpretações de mundo.

O livro seria perfeito, para mim, nota 10, se fosse metade do número de páginas. Isso porque, depois da metade, a única novidade do livro (a construção de personagem), fica óbvia para o leitor. Nada mais muda.






site: Instagram: @farol_de_areia

Izabelle Linhares 01/11/2020

Escrita leve
Me identifiquei bastante com a Janina. Uma senhora que se importa com os animais e me parece que perdeu o interesse ou já não acredita que o ser humana tenha salvação, embora ela mesma não acredite em religiões. A palavra nem seria salvação, mas sim arrependimento ou empatia para saírem do transe e da ignorância de matar os animais.
Eu gosto de livros que descrevem com detalhes. Algumas pessoas se incomodam com isso, eu pelo contrário.

Beatriz Briggs 27/04/2021

Sobre os Ossos dos Mortos - Olga Tokarczuk
Quando peguei esse livro pra ler não sabia o que esperar e nem do que se tratava. Confesso que comecei a leitura porque ganhou o prêmio Nobel de Literatura. A escrita é fácil, e é possível ler em poucos dias. Por outro lado, como muitos leitores já disseram em suas resenhas, em alguns trechos, o livro fica um pouco cansativo, a narrativa fica mais densa e com poucos diálogos.
Janina Dusheiko, narradora e personagem principal, é uma senhora defensora fervorosa dos animais, é vegetariana, astróloga, com uma personalidade bem única - muitas vezes divertida - e vive isolada no interior da Polônia. Eu adorei ela. Ela traz diversas reflexões importantes e, como disse, na forma única dela de pensar.
Embora envolva suspense por conta de assassinatos que ocorrem durante a história, não senti adrenalina e medo, como normalmente ocorre nas narrativas de terror/suspense. E nem acredito que esse era o objetivo da autora, até mesmo por conta da mentalidade um pouco infantil da personagem narradora.
O final é surpreendente, eu não esperava, e amei o desfecho.
Li aqui que alguns leitores não gostaram. Realmente, é um livro de amo/odeio, acho que vai depender de como você vai se conectar com a personagem e o que ela tem a dizer.

Deza Farias 28/04/2020

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"Que mundo é esse onde matar e causar dor é tido como algo normal? O que diabo acontece com a gente?"

Sabe aquele livro que você começa lendo pensando que é uma coisa e termina sendo outra? Foi esse livro comigo kkk.
Escolhi esse livro pro desafio Skoob de Abril, um livro de um autor (a) vencedor do Nobel da Literatura, e eu acabei sendo atraida por essa capa linda e o título. Pensei que seria um thriller ou suspense devido a sinopse. Não sei em que categoria o livro se adequa perfeitamente, acho que na de crime e mistério, não sei kkk.

No livro vamos conhecer uma senhorinha que na minha opinião é bem engraçada, e cheia de manias estranhas... Louca por astrologia, ela vive fazendo mapas astrais. Outra mania dela é colocar apelidos estranhos nos seus conhecidos.

As coisas começam a fica estranha, quando crimes começam a acontecer nesse pequeno povoado. E tudo nos leva a crer que quem está assassinado essas pessoas é os animais. Sim animais! Nesse pequeno povoado da Polônia onde existe muita caça parece que os animais se revoltaram e começaram a se vingar daqueles seres humanos que os caçava.
E é ai que vamos acompanha Janina, Esquisito, Boas Novas e Dísio. Cada personagem tem uma particularidade. O livro é cheio de aventura e mistério.

Eu gostei do livro mais do meio pro final. O livro é bem parado no começo, a escrita da autora pra mim foi lenta.
O livro tem um apelo muito forte em como vemos e respeitamos os animais. É um livro forte que trás uma crítica enorme, em como é a nossa relação com outros seres vivos.
Um ponto negativo no livro, é que tem poucos diálogos, então o livro chega a ser cansativo, pois é sempre narrado em primeira pessoa.
Os personagens são bem construído, e o enredo é ótimo. Eu confesso que me surpreendi positivamente com o final.

Um livro sobre lealdade e respeito para com o próximo, seja ele humano, animal ou planta e com um final surpreendente.



Boa Leitura!

Felipe.Ferreira 26/04/2020

Uma boa leitura. Me pegou de primeira.
Livro enigmático, calmo mas bem cadenciado, gostei do mistério que se propõe.
O ponto alto na minha opinião é admitir a loucura como um ato de rebelião, momento em que deixa de ser loucura pra se tornar sensatez.

Saí da leitura, otimista, talvez seja por ai que as escolhas de leituras devem se guiar.