Hordarok 28/03/2024
Os principais pontos do livro:
É um livro de ética normativa (prescreve o que é certo e errado sobre a pauta racial na visão da autora).
O livro deixa transparecer implicitamente que a ontologia da Djamila é dualista, na qual realidade é composta por objetos (como uma colher, uma cadeira e demais coisas composta por átomos) e por sujeitos (a consciência imaterial dos seres humanos).
Pois bem, a dimensão da realidade que tange os sujeitos, para a autora, é composta por uma rede intersubjetiva na qual, das consciências, emergem estruturas de poder. Sendo o poder a capacidade de coletivamente um grupo de sujeitos ditar os epistemes (o que deve ser considerado verdadeiro e falso - e certo e errado) válidos e inválidos.
Dito isso, vem o cerne do livro: os epistemes que vêm da estrutura de poder da branquitude, segundo a autora, reduzem as pessoas negras a objetos.
Vale dizer, sobre o parágrafo acima, que, na axiologia (campo dos juízos de valor) da Djamila, tratar um sujeito como um objeto é o maior dos crimes.
Para remediar essa situação, a Djamila diz que as pessoas devem:
- refletir sobre as estruturas;
- compreender que é a estrutura coletiva que gera a opressão racial e não a atitude individual per se;
- fazer com que essa estrutura seja escancarada, para poder ser combatida; e
- agir coletiva e individualmente para que essa estrutura deixe de existir, não bastando que as pessoas não sejam racistas, mas sendo necessário que elas sejam antirracistas em todos os âmbitos da vida, para estarem assim moralmente certas.
Apesar de eu ter fundamentos ontológicos bem diferentes da autora, eu achei um livro sensacional, até mesmo pela simplicidade com a autora consegue explicar ideias complexas, virei fã.
Comprei todos os outros livros dela para ler eventualmente.