13marcioricardo 26/06/2022
Um mundo de enganos e contradições.
Quero declarar antes de qualquer coisa, que pelo tema em questão, queria muito dar uma nota positiva, ter no máximo duas ou três críticas, poder recomendar a outras pessoas, mas infelizmente, no meu entender, a autora perdeu uma boa oportunidade de fazer bonito e de ser verdadeiramente útil ao Brasil.
Também queria não falar de feminismo, mas na obra inteira se fala disso, portanto vou ter que falar também. O que vou escrever aqui não chega perto nem da metade do que eu quereria dizer sobre o que li. Reconheço que existe desigualdade neste país devido à cor da pele e que os negros foram injustiçados na atribuição de terras, enquanto estas eram dadas a imigrantes europeus como incentivo, além de todo o flagelo da escravidão. Mas eu vou falar sobre o presente.
Já na introdução, como boa feminista que é, Djamila se confunde sobre direitos e diz que Brasil é um país racista porque os nega a negros. Ora, os direitos estão consagrados por lei e constituição a todos os cidadãos.Todos são iguais perante a lei, ou melhor, eram, porque agora graças a leis feministas, existem leis só pra mulheres, porque esses seres de luz sofrem de violência moral, psicológica e patrimonial, mas não cometem crimes desses. São apenas vítimas, jamais capazes de fazer igual em momento algum.
Ainda na introdução, na verdade, logo na primeira frase do livro, a escritora se queixa que quando era pequena lhe contavam que a história dos negros começava com a escravidão aqui no Brasil. Diz ela que queria que lhe contassem a história antes de seus antepassados virem pra cá. Eu conto, não seja por isso. Seus antepassados eram capturados por outros negros, muitos deles prisioneiros de guerra, e viravam escravos de outros negros. Era a lei da selva e do mais forte. E depois eram vendidos aos brancos, quando não trocados por uma bugiganga qualquer.
Mais à frente confunde racismo com escravidão. Bom, alguns cidadãos da península ibérica foram feitos escravos aquando das invasões mulçumanas dos povos do norte de África. Muito antes, já haviam escravos em Roma e na Grécia e nada tinham a ver com negros. Na verdade, a palavra escravos vem da palavra eslavos, um povo bem branquinho do leste europeu. Existiram escravos e donos de escravos em todos as etnias. Convém também não esquecer que a escravidão, por triste que seja dizer isto, foi uma evolução na humanidade, pelo facto que antes disso, simplesmente os vencedores matavam os vencidos.
Este livro é um excelente exemplo de que pardo no Brasil, quando entra na prisão é negro, quando entra na universidade é branco. Por três ocasiões a autora diz que mais de 55% da população brasileira é negra. Quando fala de cargos de poder na política, empresas, pessoas na tv, etc , os pardos são todos brancos.Quando fala de desemprego, população carcerária, oprimidos, os pardos são todos negros.
Diz que os brancos são privilegiados, as mulheres também, mas principalmente os homens. Diz que os negros, foram afastados da educação, como se fossem os únicos, esquecendo que na Europa, o clero e a nobreza monopolizaram o conhecimento por mais de mil anos. Mas, o homem branco é o criador, mais coisa menos coisa, de 90% do conforto, da evolução, da tecnologia, da boa qualidade de vida, da educação e dos direitos dos seres humanos. Por isso, na verdade, ninguém merece mais o privilégio do que o homem branco. Ou então, o maior privilegiado é quem tudo usufrui e nada de relevante criou...
Diz a Djamila que quando conhece uma cultura a respeita e tem empatia. Me pergunto se é assim mesmo quando ela pensa nas mulheres subjugadas nas Arábias e Índia ou nas adolescentes que ainda hoje têm seus órgãos sexuais mutilados em Angola, Moçambique, etc.. Djamila fala que é preciso estudar na escola as origens africanas, mas quem lê o que ela escreve deve pensar que lá na África aquilo é um mar de rosas. Deve ser por isso que eles arriscam a vida tentando entrar em Itália, França, Espanha, Portugal, etc.
O auge do livro está no último capítulo onde expõe toda a sua militância e tolice. Diz com todas as letras que existe uma política de segurança pública voltada para a repressão e extermínio dos negros. Isto é gravíssimo, porque ela não fala de um caso isolado ou de uma anomalia, mas de uma política das forças públicas. Defende ainda que mulheres não deviam ser presas, que negros são presos apenas por sua cor. Enfim, uma ode à loucura. Bandido é vítima da sociedade, especialmente se for negro.
Djamila diz que a culpa de negros bem sucedidos preferirem mulheres brancas é da sociedade racista, que a beleza tem padrões racistas, que o mérito é mau, a diversidade é que é boa. Me pergunto se ela ia gostar de ouvir que o Machado de Assis escrevia igual ao Zé das couves ou se o Pelé jogava futebol igual ao Joaquim das hortaliças. Fala de apropriação cultural, não fala de Michael Jackson ou dos filtros que um monte de garotas usam pra embranquecer nas fotos. Tudo na Djamila é uma questão de cor de pele e de sexo, e os outros é que são os racistas e sexistas.
Em momento algum a autora faz um mea culpa dos negros na sua história. Jamais se vê um vislumbre de auto responsabilidade. Não existe um incentivo ao orgulho de ser negro, pelo contrário, a auto estima da mulher negra provém da aprovação do homem branco.. Não há um alerta sobre a multiplicação da pobreza, esse sim o verdadeiro mal, através de escolhas erradas.Se eles não conseguem alguma coisa é porque não lhes deixam. Onde estaríamos se todos pensássemos assim ? Não existe um plano, uma estratégia para criar riqueza. Finge que a história africana é tão rica quanto a européia e que tudo não passa de uma grande sabotagem. O que existe é trocar alguns brancos por alguns negros onde dá jeito, como se isso fosse resolver os problemas do país.
Não posso concordar com isto. Tirando 1/2/3% da população, todo o mundo luta pra melhorar de vida. O problema do país passa por uma educação forte, honesta e verdadeira. Enquanto isso não se resolve, o país não se desenvolve. E o Brasil tem tanto potencial... Tirar de uns para dar aos outros não resolve, todos têm que melhorar. Nesse dia , livrinhos como este não terão tanta aprovação, porque seus pilares são construídos em areias movediças do preconceito e da inveja e não se sustentam.