Thaisa 06/10/2020
Em 1982, o mestre do horror Stephen King e o famoso diretor de filmes de terror George A. Romero deram origem ao longa "Creepshow - Show de Horrores". Foi daí que King resolveu criar sua primeira revista em quadrinhos, homenageando as hqs pulp dos anos 50 e adaptando seu roteiro para este formato.
Esta edição conta com cinco histórias, sendo, em ordem: "Dia dos Pais", "A Solitária Morte de Jordy Verril", "A Caixa", "Indo com a Maré" e "Vingança Barata".
Explorando cada uma individualmente, minhas favoritas são "Vingança Barata" (eu tenho fobia de baratas, o que já bastava para me aterrorizar quando elas começam a se multiplicar no apartamento de um germofóbico, mas a metáfora sobre hierarquia social também é bem desenvolvida) e "A Caixa" (que surpreende não apenas com uma criatura adormecida que é, depois de muito tempo, despertada, mas também por conta de seu fechamento inesperado). "A Solitária Morte de Jordy Verril" equilibra de forma acertada os aspectos angustiantes de um homem tendo seu corpo tomado por certa flora alienígena e a melancolia de uma vida mal vivida chegando ao fim. Já "Dia dos Pais" tem um conceito interessante de trazer os mortos de volta à vida, mas sem inovar tanto, e "Indo com a Maré" possui uma premissa desesperadora de ser torturado até se afogar, porém apresenta um final clichê e previsível nesse universo do horror.
É importante destacar as ilustrações de Bernie Wrightson - sendo o meu ilustrador favorito, sinto que este não é o melhor trabalho dele, mas ainda assim, é de se admirar. King, por sua vez, mistura uma escrita típica e já conhecida do autor, abordando os gêneros do horror, mistério e sci-fi de múltiplas maneiras, mas deixa a desejar com conclusões nem sempre satisfatórias e traços de machismo e racismo que incomodam.
No mais, essa leitura foi uma experiência prazerosa, pois "Creepshow" traz uma grande carga de nostalgia do terror trash dos anos 80 e, mesmo não sendo perfeita, é capaz de arrepiar e entreter.
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