Michele Duchamp 26/07/2021Eu sinto falta de HAL“Encontro com Rama” é um daqueles livros que eu comecei neutra, depois me entediei bastante e, por fim, acabei adorando.
Vocês: Sério?
Eu: Sim. Eu adorei quando terminou.
Sarcasmo à parte, o que há de errado com Encontro com Rama?
Uma das coisas é o fato de ser mais ciência ficcional do que ficção científica.
A construção da nave Rama é muito boa e realmente parece um microcosmo particular. Porém, muito convenientemente, é facilmente adaptável à fisiologia humanoide. Em contrapartida ao esforço empregado para dar personalidade à Rama, os personagens sofrem com falta de aprofundamento.
E, por falar nisso, o protagonista é um daqueles homens brancos randômicos que está apenas um degrau acima de um androide. O narrador soa extremamente robótico.
Além desses pontos, o foco do livro são descrições científicas e a irrelevância da espécie humana no xadrez do universo, esse último ponto algo que Piquenique na Estrada fez com muito mais maestria. É o contraste dessa irrelevância com o protagonismo do indivíduo que, na minha opinião, tornaria esse tipo de argumento interessante. É a simpatia do narrador com as falhas e a pequenez humana que faz uma crítica dessas ter peso e significado. Arthur C Clarke não vai nessa direção.
Ainda assim, o que se entrevê é muito interessante. Mas é esse o problema: são apenas lampejos que não aproximam nada. São os humanos espartanos de Mercúrio, o fato de Rama estar há milhões de anos em sua rota pelo espaço, detalhes esquisitos da arquitetura ramana, entre outras questões que, se desenvolvidas ou ao menos iniciadas, dariam ótimas reflexões.
Tem ainda outras sequências, mas acho que ficarei por esse livro somente mesmo.