spoiler visualizarLarissa2526 26/08/2023
De amor e amizade
Que livro delicinha de ler!
Capítulos nem um pouco longos com temáticas envolvendo o ser, a identidade, o homem, a mulher, a morte, a solidão, a saudade, o amor, a amizade, a ajuda alheia e o se tornar mulher/homem. E tirando as partes que você precisa pensar, pode ser considerado uma leitura bem rápida e "simples".
A simplicidade é vista na forma da escrita e é bem contrastante quando posto ao lado dos personagens, que são complexos e multifacetados, com ideias e sentimentos humanos.
Tanto que há alguns que parecem ser relatos da própria autora, em que ela usa nome e sobrenome das pessoas, e outros totalmente fictícios, porque, realmente, uma briga por um bule de chá com o bico rachado?
Porém as histórias são tão profundas que você precisa ficar refletindo sobre o conto logo após de ler, tentar desvendar as entrelinhas, porque sendo Clarisse Linspector, você automaticamente sabe que existe algo a mais nas crônicas dela do que ela deixa transparecer explicitamente.
Além de que ela atinge um ponto tão profundo de reflexão que você passa a se perguntar sobre você mesmo, as suas atitudes, pensamentos, experiências, tudo. A partir disso surgem pensamentos de: "É realmente assim? Nunca percebi" ou "Não, não pode ser", o pior deles vai ser quando você ler e pensar "Ah, nossa, é verdade".
Existe um ponto em que eu gostaria de tentar discordar da autora, que é o que ela diz que não se pode amar demais, que o amor é burguês. "A pessoa amada nem tem tanta capacidade de receber tanto amor", só que, assim, eu não tenho experiência empírica nenhuma no assunto, então quem sabe um dia a gente discute isso de verdade.
Mas eu confesso que o que mais me impactou foi o texto do quati cujo achava ser cachorro, a segunda parte, mais especificamente.
"Porque, descoberta a própria identidade, o ser é e não retrocede."
Sei lá, essa frase me deixou meio devastada. Mal passo esperar para ler mais livros dela, super recomendo!!