Helder 21/03/2013Romance histórico ou policial?Acho que os dois. Às vezes tive a impressão que o autor tinha desejado fazer uma coisa e acabou seguindo por outro caminho, mas no fim o resultado ficou muito bom mesmo assim.
A capa nos diz que é um livro de suspense sobre psicopatas. Isso é fato, mas o livro é muito mais que isso, pois o autor envolve sua estória de crimes com a realidade histórica da Russia no governo de Stalin, logo após a segunda Guerra Mundial. E este cenário consegue deixar a estória mais fascinante ainda.
Tom Rob Smith nos joga dentro do regime comunista, e passamos a sentir na pele o medo que as pessoas sentiam e a tensão diária de se viver vigiado num sistema que prezava a caça as bruxas. Ele faz isso através de Liev e Raissa, os incríveis protagonistas deste livro.
Liev, um ex-soldado de Guerra condecorado, pertence a MGB, a policia politica que vive perseguindo e conseguindo confissões através de tortura de possíveis espiões que visam trair o regime comunista.
Logo no inicio, ele recebe a missão de convencer uma família de que seu filho não foi assassinado. Segundo o regime de Stalin, assassinato era uma coisa do ocidente. No comunismo, era tudo tão bom e justo que ninguém tinha necessidade de cometer crimes. Sendo assim, o único crime que eles acreditavam existir era a traição a pátria, portanto quase não havia policia para tratar homicídios.
Liev faz seu papel, e ao ver seu uniforme e imaginar as consequências, a família “aceita” que não houve nenhum crime, e que o menino morreu atropelado por um trem. Mesmo que a família dissesse que ele fora encontrado nu e com as visceras para fora.
Na sequencia, continuamos acompanhando o trabalho de Liev e vemos que o importante é gerar provas, e que todo mundo é culpado, até que apareça um novo culpado. Porém , devido a um amigo invejoso, Liev acaba caindo em desgraça, quando o partido passa a desconfiar que sua própria esposa é uma traidora. E haja reviravoltas e tensão. Quem está falando a verdade?
Liev não entrega sua esposa e ambos acabam sendo rebaixados e enviados / exilados em uma pequena cidade no norte da Russia. E é lá, nesta cidade que ele começa a encontrar novos casos de assassinatos de criança muito parecidos com aquele que acobertara em Moscou.
Mas no comunismo não existem crimes, muito menos crimes realizados por um serial Killer. Então começa novo dilema: Investigar sem o governo perceber ou aceitar os culpados encontrados , no caso um louco e um medico suicida.
Mas por algum motivo desconhecido interior, Liev decide que deve continuar a investigação, e segue em frente, mesmo sabendo que Moscou só está a espera de um pequeno deslize para acabar com ele.
E ai é como se começasse um novo livro que parece um roteiro cinematográfico, onde Liev e Raissa tem que fugir de seus perseguidores e encontrar o assassino antes que este cometa mais crimes.
Antes do fim descobrimos quem é o criminoso, porém acabar com este assassino não será tão fácil, pois o autor nos joga de novo no começo do livro. O criminoso e sua motivação são meio fantásticas, mas como já estava tão envolvido na estória, acabei aceitando todas as reviravoltas propostas e curti bastante.
Bom livro. Recomendo a leitura!