Tatiane.Paolucci 03/08/2023Necessário!Apesar de ler muitas críticas sobre a forma como a autora relatou os acontecimentos sobre Frida, eu só tenho elogios, eu acredito que ela foi extremamente sensível e cuidadosa e muitas vezes eu me sentia vendo a um filme, pude sentir a dor e a força de Frida.
E só cresceu minha admiração por essa mulher tão importante para a construção de nossa história. Seria uma rebelde a seu tempo.
Eu gostei muito do livro e com certeza lerei em outros momentos de minha vida!
Trechos que mais me marcaram:
"Depois de ter feito o ultimo traço e de ter baixado o pincel, ela sentiu que tinha realizado uma imagem verdadeira do sofrimento feminino, que, com sua forma, estava profundamente enraizada na terra e na cultura mexicanas. A pintura era a expressão da imensa dor pela gravidez interrompida, que a deixara totalmente desamparada e desprotegida. Ela não havia inventado nada; toda a lembrança dolorosa, tanto física quanto mental, toda a esperança e, no final, o grande fracasso - tudo estava expresso naquele quadro. Ao mesmo tempo, ele representava a força inacreditável que as mulheres como ela emanavam, mesmo em extremo sofrimento. E a orquídea representava o amor. O amor que possibilitara a gravidez, e o consolo que Diego lhe dava depois da morte do seu bebê.
Essa orquídea lilás lembrava a Frida como ele dançara até ficar exausto ao redor de sua cama para conseguir arrancar dela um único sorriso.
Depois de Diego, Lucienne foi a primeira a ver a obra. Ela encarou o quadro durante longos minutos e depois começou a chorar.
"É exatamente assim'", ela sussurrou. "Exatamente assim. E inacreditavelmente dolorido, mas com esse quadro você devolveu a dignidade a nós, mulheres." Ela se aproximou de Frida e abraçou-a”
Todos os seus quadros são importantes, Frida. Sabe o que vejo neles?"
Frida olhou para ela, curiosa.
"Na dissensão que você pinta, nas colunas quebradas, nas mulheres que não sabem se são norte-americanas ou mexicanas, todos os seus quadros encontro sinais de que a disputa do México, que não passou depois da guerra civil, se reflete na sua pessoa. Entendeu? Você é o México em miniatura, personificado. Seu corpo em conflito é um símbolo da divisão de nosso país."
"Pintar lhe custava tanta força física que ela ficou com medo de não ter tempo suficiente para todos os quadros que aguardavam dentro de si lento de virem à luz. No fundo, a pintura é minha salvação, ela pensou. A pintura e Diego são minha vida. Ela já tinha pensado muitas vezes nisso, mas dessa vez a frase ecoou profundamente.
Sem meus quadros eu já estaria louca. Eles me ajudaram a superar meus lutos, minhas dores. Quando pintava, todos os bebês mortos, a infidelidade de Diego, as dores nas costas desapareciam por algum tempo. Nos meus quadros, nos meus inúmeros autorretratos, reencontrei-me depois de não mais saber quem eu era de verdade.
Meus quadros me tornam independente das asperezas da vida, ela pensou, aproximando o pincel mais uma vez do pé da Frida bebê, a fim de riscar uma linha fina debaixo dos dedos, chamando atenção para as amputações. Quem não sabia disso não haveria de decifrá-la, mas para ela isso era importante. Se quero me pintar como me sinto e como sou, então essa linha faz parte do todo”