Julauch 28/02/2024
Depressão e afins ?
Eu tinha expectativas. Muitas! Ainda mais levando em consideração que eu sou IGUAL a uma das protagonistas: cabelo cacheado e curto, olhos verdes, alta, meio fora de órbita, tudo!
Minha namorada olhou para a capa e disse "tu vai ler um livro contigo mesma nele?" E obviamente que a resposta era sim. ?
Então descobri que eu confundi quem era quem naquela história, pela descrição eu não liguei o rosto a pessoa e passei os primeiros capítulos inteiros imaginando elas invertidas, só me dei por conta quando elas descrevem uma a outra. Começamos com o pé certo! ?
Mas até aí tudo bem! O início estava muito promissor e divertido, apesar do mal entendido irritante entre as protagonistas (falta de comunicação me estressa). Eu genuinamente me interessei na história. ?
Eu amei a forma que a autora escolheu abordar a comunidade vampiresca e criou o fato do sangue humano não ser mais "bebível", por isso humanos pararam de serem transformados (e estão morrendo de câncer no sangue, basicamente, mas quem liga para humanos, certo?) e isso iniciou a reprodução entre vampiros existentes já que a população começou a cair.
Isso só depois de criarem um "sangue artificial", obviamente, já que eles não iriam ter filhos para morrerem de fome. Com vampiros adolescentes na área, precisamos de escolas! E aí começa a história, num internato de ??vampiros ricos??.
Só que o livro começou a abraçar mais do que conseguia segurar. Homofobia já é algo que sabia que teria em algum ponto, mas então entrou questão de saúde pública, já que nem todos tinham acesso a esse "sangue artificial", começou a ser questionado essa doença do sangue, a política vampiresca entrou em jogo pra abafar o caso, a lore do passado da mãe brotou dos confins do inferno... Ah! E teve um assassinato. ?
Em vez de nos manter em uma linha reta e contínua, a história foi estendida em diversos lados, mil plots (previsíveis) foram adicionados e tudo isso somado a inconstante que era a pseudo relação das protagonistas.
Era como se elas arrancassem pétalas de flor falando "hoje somos amigas, hoje não somos amigas..." todos os dias e o que caísse, era o que seria. ?
Acredito que se fosse só elas, ali no internato, lidando com seus dramas gays do passado e tendo a questão política em um plano mais fundo, seria melhor. Poderia ter sido um plot mais elaborado em vez de 5 que no último minuto do segundo tempo se resolvem, POR ADOLESCENTES! ?
Vou enumerar o que me irritou de verdade aqui:
Primeiro, que na minha cabeça as criaturas mais gays que existem seriam os vampiros. Exatamente por viver tanto tempo eles teriam descoberto outras formas de se divertir ? e seriam os menos homofóbicos já que não se reproduzem em maioria das variações.
Segundo, porque tudo acontece nos EUA? Se tinha uma pandemia mundial que afetava o sangue, porque ali seria o epicentro e estaria tão perto de quem desenvolveu o "sangue artificial"? Claro que o livro justifica isso no decorrer da história, mas não dá a visão de outras partes do mundo. ?
Terceiro, porque complicar? As protagonistas parecem que são rebaixadas a burras de propósito já que não conseguem ver o ÓBVIO que está acontecendo naquela escola, além do óbvio que estava rolando entre elas. A garota tinha só amigos queer e ENTROU EM NEGAÇÃO? Ok, isso acontece, mas gente?! Elas não conversam de verdade sobre o que importa a HISTÓRIA TODA! ?
Tinha muito potencial aqui e sei (fonte: vozes da minha mente) que tudo foi bem pensado, mas mal executado.
Quanto mais eu reflito sobre a leitura, mais parece que foi uma perda de tempo. Pelo menos, me diverti enquanto lia já que as interações eram divertidas e ele foi bem escrito. ?
É nesses momentos que valorizo as obras nacionais. Algo assim foi TRADUZIDO e PUBLICADO por uma editora grande, enquanto escritores brasileiros entregam tudo em livros milhares de vezes melhores e rastejam por visibilidade! ?