spoiler visualizarAline.Wagner 02/10/2022
Reflexivo
Nem sei dizer direito o que achei dessa leitura. A escrita é muito boa e fluída, intercalando entre o passado e o presente da protagonista. Mas já o conteúdo, não sei dizer...
Achei a Chrissie uma menina má, vingativa, cheia de raiva no coração. Entendo que ela teve uma infância difícil, que passou fome e muitas necessidades, e que teve uma mãe bem negligente, que não demonstrava amor por ela e que não gostava de ser mãe. Isso me fez, por várias vezes, sentir pena da Chrissie, querer fazer um carinho nela, alimentá-la, abraçá-la forte e dizer "estou aqui, você não está sozinha".
Mas, também, senti ódio e indignação pelo que ela fez. Ela ter uma vida sofrida (até nem tanto, se comparada a outras tantas crianças) não justificou em nada as suas ações. O que ela fez foi cruel, sórdido, abominável. Ela matou um serzinho inocente e indefeso, pelo simples fato de ele ser feliz e amado, e ela não. Ela ceifou uma vida e, consequentemente, toda uma família, por inveja. Foi exatamente isso, uma mãe perdeu seu filho porque deu amor à ele, porque cuidou dele. Uma mãe teve a dor de perder o seu bem mais precioso, a sua felicidade, porque uma menina achou que, por ela não ser amada e cuidada daquele jeito, a outra criança também não o merecia, na cabeça dela aquilo não era justo. E o pior de tudo, ela não se arrependeu do que fez, muito pelo contrário, ela gostou da sensação. E quis fazer de novo...
E falando em justiça... Como julgar uma menina de 8 anos que cometeu um assassinato? Ela é só uma criança, que não tem discernimento para entender o que fez e ser julgada? Ou ela deve sim ter um julgamento como uma pessoa adulta, pois cometeu um crime de adulto e entende o que fez?
Eu confesso que fiquei bem dividida e reflexiva. Assim... eu acho que a pena dela foi pequena, diante dos crimes que cometeu. Ela deveria ter ficado naquele lar até a maioridade e depois ter ido para a prisão, passar uns anos por lá.
Assim ela não teria engravidado e dado a luz a Molly. Claro que ter essa filha a fez repensar em todos os seus crimes e se arrepender deles. Mas, será que ela merecia ter essa filha, ter a oportunidade de amá-la, de sentir o sublime amor que é maternar? Na minha opinião, NÃO. Ela tirou essa chance de outras mães, elas não puderam ver os filhos crescer, não puderam amá-los, acalentá-los. Ela não matou só uma criança, ela matou uma mãe, um pai, uma irmã, uma família inteira... que se despedaçou e morreu junto.
Enfim, essa história me trouxe muitas reflexões, muitos questionamentos sobre o ser humano. E eu compreendi que a maldade está ali, e não importa a idade. Alguns conseguem controlar, conseguem seguir para o caminho do bem. Já outros, acabam aflorando esse sentimento, dependendo de como vivem e são tratados, e do tamanho da sua fraqueza.