Alice 31/08/2023
Da dor e do amor nasce essa preciosidade.
Cheguei nesse livro aleatoriamente e não me arrependo das páginas lidas. Quando li a sinopse pensei: "Bom, esse livro é para mim." e, de fato, era.
Acredito que, pela maneira como é retratado o luto da autora, é possível dizer que a narrativa poderia causar impacto em até em quem não teve ainda a experiência dolorosa do falecimento de um ente querido. No meu caso, foi um soco no estômago muitas vezes, por ter me visto muito no contexto de Michelle, ser a cuidadora de sua própria mãe e depois ter que viver sem quem sempre foi sua cuidadora, guardiã.
Comecei a ler realmente com o ímpeto de lidar melhor com o processo de luto, mas, para além disso, consegui pelas páginas construir uma enorme simpatia pela autora, como também revisitei e fiz meu próprio memorial com a minha mãe. Reavivei o que tinha esquecido e fortaleci lembranças pequenas, mas que hoje possuem um forte significado.
Acho que a primeira frase do livro cativa a todos que se propõem a abri-lo. "Desde que minha mãe morreu, eu choro no mercado H Mart.". E, além disso, explica e define muito bem como o livro é transcorrido: as lembranças maternas e afetivas relacionadas a culinária, a maneira de recuperar e reafirmar a própria identidade cultural e o testemunho de história da autora e sua mãe.
Em suma, indico o livro para todos, mas especialmente para aqueles que precisam de um abraço em um processo tão delicado como o luto. Vai ser uma jornada meio dolorosa em alguns momentos, mas valerá a pena por cada parágrafo que nos relembrará aqueles a quem amamos e que perdemos.