Queria Estar Lendo 22/09/2023
Resenha: A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes
Sabe quando um livro é a definição de raio de sol? Pois hoje eu vou falar sobre ele. A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes é uma fantasia em volume único sobre bruxas e found family.
Na história, conhecemos Mika Moon. Ela é uma bruxa - uma das muitas que fazem parte de uma sociedade secreta de bruxas. A sociedade é um segredo porque é terminantemente proibido dividir sua existência mágica com o mundo. Essa é uma das Regras que Primrose (a bruxa mais velha e, portanto, a mais sábia da sociedade) criou.
Mika, no entanto, sempre se sentiu muito sozinha. Órfã, ela foi adotada por Primrose, mas babás e desconhecidos a criaram (com as memórias apagadas sempre que entendiam quem Mika realmente era). Para apaziguar um pouco a solidão, ela resolveu aproveitar a internet para fazer feitiços e poções sem realmente entregar a sua identidade. Afinal de contas, tudo existe na internet. Ela ser uma bruxa de verdade jamais seria descoberto, certo?
Errado. Porque, no interior da Inglaterra, um curioso e atento senhor descobre a identidade de Mika, e envia um convite inesperado para ela: que trabalhe na casa onde ele mora para ajudar três jovens bruxinhas com os poderes descontrolados.
Ao chegar lá e descobrir que, de fato, há 3 crianças bruxas sem supervisão por ali, Mika resolve quebrar as Regras para ajudá-las a controlar os poderes. Mas, é claro, tem mais sob essa história do que ela poderia prever.
"Fingir que era uma bruxa na internet? Moleza. Dizer para alguém que era uma bruxa na vida real? Inimaginável."
A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes é um livro perfeito. Eu já começo a resenha afirmando isso, e vou morrer com essa opinião.
Sangu Mandanna conta uma história que é a definição de amor, gentileza e família, e com um bom humor que salta das páginas e arranca boas gargalhadas da gente enquanto a leitura acontece. Eu ri, chorei e me emocionei de diferentes maneiras com essa história.
Não apenas pela Mika, mas por todos os personagens que a acompanham. A história se divide entre a bruxa e os habitantes da Casa de Lugar Nenhum, que é onde ela vai trabalhar. Outro ponto de vista essencial é o do Jamie, o bibliotecário rabugento que trabalha ali e ajuda a cuidar das 3 bruxinhas.
Pensa em um livro que é a definição de raio de sol. É esse. Ele tirou A Casa no Mar Cerúleo do primeiro lugar de "coisa mais fofa que já li!" e isso é um feito e tanto.
"Quem disse alguma coisa sobre transformar o mundo? Que tal só torná-lo um pouco melhor?"
A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes funciona muito bem porque é uma história simples. Uma bruxa solitária que acaba encontrando uma família no lugar mais inesperado possível, e uma família que acaba encontrando na bruxa um novo membro essencial do seu conjunto familiar.
Mika é uma protagonista muito querida. Ela é o tipo de personagem "copo meio-cheio", com solução para tudo. Mas, principalmente, com paciência para tudo. Ela cresceu sozinha e aprendeu que rejeição é o que a espera quando entrega seu coração a alguém ou alguma situação. Mas, ainda assim, é toda positiva e cheia de sorrisos para o mundo.
Jamie, por outro lado, é o rabugento. Tem motivos para a personalidade dele ser como é, e é interessante quando as verdades sobre o personagem são reveladas, e quando elas encaixam no quebra-cabeça que ele representa.
Apesar de não ser um romance, e nem ter grande foco nisso, a relação amorosa que nasce entre Mika e Jamie é muito fofa. Os dois se bicam, a princípio, por picuinhas bobas. Aos poucos, constroem uma relação de amizade e confiança que é uma gracinha - especialmente quando movidos pela força de proteger as 3 bruxinhas acima de tudo.
E não, não é um enemies to lovers.
E, de novo: não vá para ele esperando por um romance. Se quer romance com bruxas, leia A Maldição do Ex. A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes é um livro de bruxas que tem um romance (e é um slow burn BEM slow). Ele também é um livro adulto, apesar da temática bem leve!
A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes é um espetáculo em questão de found family. Sabe aquele tipo de história que dá um calorzinho no seu coração? Que faz você se sentir em casa? É essa.
Os membros da Casa de Lugar Nenhum são muito, mas muito queridos. Ian, Ken, Lucie, e as bruxinhas Terracotta, Altamira e Rosetta. É uma construção familiar muito única. Ian e Ken são um casal de velhinhos apaixonados (Ian é espalhafatoso e extrovertido, cheio de drama teatral e coração de ouro, enquanto Ken é contido e racional e amoroso de uma maneira mais calma). Lucie é uma espécie de governanta, a mãezona da casa.
"Isso faz com que fique mais ou menos mágico que eu diga que, cientificamente falando, somos todos feitos de pó de estrelas?"
E as bruxinhas! São crianças que realmente parecem crianças, tão bem escritas e cheias de peculiaridades e detalhes únicos que roubam o nosso coração como o da Mika.
Gostei muito, também, da questão envolvendo a representatividade não branca. Mika e as bruxinhas não são brancas, vindas de diferentes lugares do mundo. E é muito legal como a autora comenta sobre a sensação de pertencimento e a busca por se ver representadas no dia a dia.
A magia acontece junto com a história. Através do treinamento das meninas, das experiências da Mika, das poções e feitiços. Achei a questão com as regras bem interessante, e também a maneira com que o livro as usa para desenvolver sua protagonista.
"Se você precisa escolher entre ser gentil e ser verdadeiro, costuma ser melhor escolher a gentileza."
A Sociedade Supersecreta de Bruxas Rebeldes é um livro lindo. Ele te deixa sorrindo sem perceber, te faz chorar de maneira quase automática, e ele te faz sentir parte da história como só as melhores conseguem fazer.
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