(lidos só 2021 em diante) 21/01/2023
Aquele conceito de desumanização...
Esperava-se uma degradação gradual dos garotos. Senti isso narrado de modo desbalanceado. Nos primeiros capítulos já humilharam o Porquinho. Fizeram bully. Era pra ir piorando. Mas não.
Daí ora estavam bonzinhos, ora estavam briguentos. Não foi uma putrefação gradual; vez ou outro o lado maléfico surgia de modo súbito. Isso não me apeteceu muito.
Eu estava para dar 6 estrelas. Mas como as duas últimas páginas foram do melhor jeito possível, subiu pra 8.
Fui pego de surpresa com a conclusão, pois agora o Ralph e todos os garotos terão que voltar a conviver como gente fora da ilha. Eu, se fosse o Ralph, jogaria feitiços maléficos pra cima de todos eles.
Só não achei a escrita perfeita nessas três últimas páginas pois ficou muito autoexplicativo. A descrição do que ocorria já bastava. Mas não. "O garoto tá chorando por isso e isso, pensando nisso" quebrou um cadinho da imersão. Detalhes, apenas.
Final mentalmente agradável, apetitoso.
Imagina tu ser resgatado, juntamente com o resto da turma que tava doidona e tentando te matar? Bom demais! Todos zeraram a vida, vão reiniciar fora da ilha. Daí fica o questionamento, merecem perdão?
Ao fim de uma guerra, quem até há pouco se matava, entrega as armas e volta a conviver. O fim de um contexto selvagem deve gerar perdão ou certas selvagerias merecem ficar no histórico da pessoa e servir de condenação?
E o velho de hoje que no passado foi criança nazist@ e chutou um judeu? Como deve se olhar para ele atualmente?
Creio que o livro venceu o prêmio Nobel por levantar essas questões psicológicas e sociais, extremamente pertinentes.
"Sombras e Árvores Altas", e U2.
A título de curiosidade, a banda irlandesa tem uma música chamada "Shadows and Tall Trees" cujo título foi uma referência a esse capítulo do livro.
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