Resenhas - Helena

Ebenézer 18/03/2021

Machado excepcional
Respondendo que relia o Bruxo do Cosme Velho percebi que não me fizera entender.
Falava assim da releitura de Helena, de 1876, romance de Machado de Assis, cuja biografia não carece comentários.
Autores extraordinários requerem leitores perspicazes e sagazes. Machado está inscrito no panteão da literatura nacional e, por isso, imperioso o esforço pessoal para melhor apreciá-lo. Não é um autor enigmático, todavia hábil na linguagem, e por isso, sem denodo Machado pode, sim, causar aversão em leitores menos dedicados de qualquer idade.
Jovem fiz os primeiros contatos com a obra de Machado, e, à época, entendia menos do que o autor oferecia, mas persisti. Memorizei trechos de Machado, em Helena, que evidenciam a sensibilidade do autor em temas candentes e universais, como a realidade do jogo amoroso: "Amar é eleger a criatura que há de ser companheira na vida, não é afiançar a perpétua felicidade de duas pessoas, porque essa pode esvair-se ou corromper-se."
Passado o tempo o autor continua o mesmo, o leitor, todavia, muito diferente, e hoje, relendo Helena me vi diante de obra inédita pela releitura qualificada.
Helena é um romance muito significativo que retrata com bastante realismo uma sociedade ainda escravocrata, os valores e os costumes sociais que permeavam as relações familiares do século XIX, e bem caracterizados os conflitos interpessoais comuns da humanidade, que são perenes, pois ultrapassam as fronteiras temporais; Machado, em panorama, destaca o contexto da evolução urbana do Rio de Janeiro, além de revelar o impacto moral, autoritativo e normativo da religião na personagem do sacerdote Melchior.
Helena promove deleite, prazer, expectativa e muita apreensão, pela trama amorosa trágica que envolve Helena e seus pretendentes Estácio e Luís Mendonça. Excepcional o estilo machadiano em todo o romance que vai desvendando um enredo emotivo, fazendo justiça à escola Romântica e, especialmente relevante o fator surpresa no desenlace do romance que escapa dos estereótipos piegas e muitas vezes previsível ao leitor que é surpreendido pelo súbito realismo de Machado de Assis.

Laura 09/01/2024

Foi uma leitura bastante agradável e fluida. Gostei de como os personagens e a trama foram construídos, e acho que, apesar de o final ter sido previsível, as coisas foram conduzidas de uma forma muito boa de acompanhar. Achei surpreendentes, interessantes e até "revolucionárias" pra época as discussões sociais e políticas trazidas pelas opiniões e diálogos dos personagens.

missi-dominique 13/02/2024

Ping-pong moral
Gostei não, não recomendo.

Iniciei a leitura desprevenida, não conhecia o enredo desse romance de Machado.

Em suma, o ponto central da obra é um suposto sentimento incestuoso entre supostos meio-irmãos.

Aos meus olhos a construção dessa narrativa soou mal-intencionada. Parece que o propósito geral do livro não é outro senão relativizar a problemática do sentimento incestuoso. A narrativa conduz o leitor a um jogo de ping-pong moral, onde ora parece certo torcer pelo casal e ora parece errado.

O final é uma tragédia manca, sem conexão com a realidade e sem acabamento.

Decepcionante.

Maria5182 01/04/2024

Perfeito
Eu nunca li Machado de Assis e não posso ser tão poética e profunda na minha resenha quanto esse autor merece, mas essa história tem um sentimento tão lindo, profundo e verdadeiro.

Eu agradeço a Fernanda adolescente que não leu Machado de Assis naquela idade porque eu não teria capacidade necessária para compreender a profundidade e complexidade que o livro exige.

"Helena" teve o final que lhe cabia, todos os personagens tiveram seu destino bem elaborado, embora injusto para nós leitores que sofremos por um final feliz.

O livro te prende, te emociona e te deixa ansioso. Parecia que eu estava assistindo uma novela de época, sabe?

Se você quiser ler ou começar Machado de Assis, acho que Helena é um bom livro, além de ser curto. Li em 3 dias.

Andréa 13/03/2010

Um grande prazer que deveria ter desfrutado a mais tempo
Segundo livro de Machado que leio, e terminei o livro com uma grande satisfação pois este tirou a primeira impressão que tive ao ler "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Diferente da personagem Virgília, de quem senti repulsa (acho que não escolhi um bom momento para conhecê-la), Helena é a mulher que nos arrebata com a alma. Forte e convicta, é capaz de levar às últimas consequencias um erro, mesmo que esse não tenha sido premeditado. Estácio é daqueles homens que nos mulheres "imaginamos" existir, ainda hoje, em pleno século XXI. Dificilmente encontraremos uma "Helena" nos dias de hoje, mas foi um grande prazer conhecer uma figura apaixonante e tão intensa em seus sentimentos e convicções.
E mais uma vez não consegui deixar minha veia "detetivesca" de lado e pude antever a revelação do segredo de Helena, mas Machado me surpreendeu com o final, bem diferente do que se imagina quando o mistério é esclarecido. A quem ainda não conhece Machado de Assis, este romance poderá ser um bom começo.

Alexandra.Helmer 07/02/2022

E mesmo sendo avisada que era uma escrita diferente dos outros por ser Machado de Assis eu foi com muita sede ao pote. Gostaria que ele tivesse sido um pouco melhor, mesmo não vendo um futuro nele.

✨Minha falha foi ir atrás de outras resenhas antes de ler, as que eu li, maioria, eram falando bem, mas não rolou pra mim.

✨Infelizmente não me prendi nada a leitura, não consegui nem gravar o básico do plot, espero que outras pessoas possam ter uma experiência melhor.

✨Fico sem saber para quem indicar por essa situação, mas acho que recomendo para quem tem interesse em romances de folhetim.

nimoriarty 15/07/2023

Machado, serei sempre sua entusiasta !
Recentemente desenvolvi o péssimo costume de não escrever mais minhas resenhas. Logo, meus livros lidos foram ficando aos montes e agora, que enfim me arrependi de ter parado, escolhi a obra ardorosa que é Helena.

Helena é considerado uma das principais obras de Machado e um marco em sua fase madura, é repleto de perspicácia filosófica e psicológica, e eu facilmente considero que esse livro reflete toda a genialidade, riqueza e profundidade.

Nessa estória, teremos a narrativa protagonizada por Helena, que, considerada uma filha abastarda, é reconhecida e acolhida pela família de seu pai, quando este falece. A jovem logo se mostra uma protagonista forte e determinada, que desafia os padrões da sociedade.

Joyce 04/10/2020

Machado de Assis surpreendendo!
Confesso que não tinha muitas expectativas de gostar dessa história, pois li recentemente "a mão e a luva" do mesmo autor e não gostei muito do enredo. Mas Helena foi uma surpresa, pois eu gostei da trama e também gostei muito da Helena.
O livro é dramático (adoro um drama) e bem romântico, considerado por muitos como o livro mais romântico do nosso Machado de Assis.
A linguagem obviamente não é muito simples, mesmo o livro tendo poucas páginas, você demora um pouquinho mais do que o normal para ler, mas vale a pena. O plot twist do final me tocou.

Elieli.Figueiro 05/01/2023

Eu não diria que é bem uma resenha...
Machado de Assis, trazendo questões sociais é indagador em toda obra sua. E esta história é belissima, pois, traz ''a verdade nua e crua'' (como diria Collen Hoover), quando demonstra, a virtude e boas intenções tornando-se sucessões de desgraça.

ciih 03/04/2020

Uma boa leitura
Entre partes em que quase se devora o livro e trechos mais penosos de ler se dá esse romance, em que de forma discreta Machado se anuncia da forma que conhecemos, com sutis ironias e críticas sem fugir, aqui, do estilo romântico. Com certeza é um livro que vale a pena, mesmo sem se familiarizar muito com a escola romântica, ele encanta com suas nuances, que seguem até o desfecho.

Vanessa 03/01/2023

Esse livro é realmente muito bom, a história é bem legal , o final foi surpreendente, recomendo a leitura

Eduardo 05/01/2024

Para livros clássicos como este, é sempre difícil fazer uma resenha, porque o que falar de um livro desses que já não tenha sido falado?

De todo modo, é um dos meus preferidos do Machado, disputando o primeiro lugar ali com Dom Casmurro.
Foi uma narrativa que achei bastante intensa, com um final muito instigante e um desenvolvimento perfeito.

Não me alongo mais, visto que para falar verdadeiramente de uma obra como a de Machado de Assis, se necessita muito mais (Muito mais mesmo) do que uma resenha curta. Suas histórias são lotadas de simbologias e, se for tratada com minuciosidade, sempre se extrai inúmeras interpretações e críticas e observações da sociedade de sua época.

Simplesmente uma obra prima.

Michele 07/06/2021

Não Existe Obra mais “Machadiana”
Helena é definido como o livro mais romântico e menos “machadiano” de Machado de Assis, publicado em 1876, definitivamente este romance é muito diferente dos que já li do autor, que cronologicamente são posteriores, porém ouso discordar da opinião da crítica, porque neste romance estão presentes todas as características que consegui absorver de minha experiência machadiana: a inteligência, a filosofia, a política, a trama, personagens fortes e a dúvida.

A dúvida é, com total certeza, a maior originalidade de Machado e ele nos põe em dúvida neste romance, duvida acerca de Helena, do carinho entre os irmãos, da índole de terceiros, etc. Essa dúvida persiste em você até as páginas finais com o grande final da trama (e que final!).

Definitivamente, Machado não é para amadores, conforme dito em outra resenha não há nada que se possa falar de Machado que não seja redundante, porém desde que comecei a ler a sua obra consigo me surpreender cada vez mais com o escritor que tivemos e, ainda mais, na época em que existiu.

Um dos pontos que mais me chamaram atenção neste livro foi em relação a decisão dos personagens Pais, temos como figuras paternais neste romance o Conselheiro como pai de Estácio, Dr. Camargo como pai de Eugênia e Salvador como pai de Helena (sim, spoiler).
As decisões que estes personagens tomam no decorrer do enredo causam as tribulações dos personagens centrais, decisões estas que podem até ser póstumas. Temos o Conselheiro que em razão do carinho nutrido por Helena decide nomeá-la sua filha e acaba criando impedimentos legais ao coração de seus dois filhos, Dr. Camargo credita seu amor mais genuíno a filha e a pretexto dele é capaz de chantagear e ameaçar, por fim, temos Salvador que abdica do amor fraternal para poder ver a filha usufruir daquilo que nunca lhe poderia proporcionar.

Vínculo Afetivo, Egoísmo e Abdicação. Estes sentimentos correlacionados ao amor paternal das figuras acima trouxeram diversas consequência a vida de seus filhos: Estácio e Helena nunca puderam vivenciar aquilo que sentiam, Eugênia poderá ter sido colocada em um casamento sem qualquer identificação, em que pese tenhamos um desfecho sem conclusão a sua personagem.

Invariavelmente o mesmo acontece em nossas vidas, e traz a reflexão de quanto e até que ponto somos guiados pelas decisões familiares e até que ponto nós somos responsáveis pelos acontecimentos, afinal, Helena consentiu em continuar sendo filha do Conselheiro e até Estácio em sua decisão final decidiu respeitar a vontade do pai em detrimento ao amor que sentia.

Será que Machado queria realmente fazer essa crítica a nossa sociedade ou só mesmo queria nos apresentar um amor trágico como os de Shakespeare? A dúvida persiste mesmo após a obra... coincidência? Não. Este é Machado.

Dai 11/05/2021

Leitura necessária
Machado não decepciona! Grande autor! Que visão.
Romance que vale a pena ser lido com toda a certeza. Linguagem fácil e dinâmica, enredo que prende, personagens bem construídos e história fluída.
Ao decorrer da história, vamos nos surpreendendo cada vez mais. Cada capítulo traz algo que não esperávamos. O final
então, belíssimo. Triste, mas belo.

Recomendo fortemente a todos.