Helena

Helena Machado de Assis...




Resenhas - Helena


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EXPLOD 30/07/2017

Mais uma tentativa...
É só comentar sobre uma leitura de Jane Austen que muitos, sem conhecimento de causa, logo retrucam: “é livro de mulher”, “é uma história romântica, muito melosa” etc., etc. Mas, por qual razão? Os livros de Austen são muito mais que histórias sobre casamentos... Vou direto ao ponto: quando leio Machado de Assis ou José de Alencar, por exemplo, não tenho vergonha de mencionar ou mostrar um de seus livros em público, muito embora seus romances possam ser muito mais “açucarados”.

Aqui já refuto toda implicação feminista que poderia ser associada a minha possível resposta. Essa experiência, que suponho não se restringir a mim (espero), pode explicar que muitos conhecem aquela autora inglesa apenas como uma criadora de meros enredos românticos, enquanto Machado de Assis é um gênio, o criador de clássicos.

Mas, vejamos, não é que suas histórias muitas vezes não retratam justamente as possibilidades e as consequências matrimoniais?! Dom Casmurro e Helena são exemplos.

Pegando o gancho dessa introdução, faço uma crítica à associação que o autor/narrador faz, de modo genérico, ao caráter feminino. Exemplos: “As mulheres que são apenas mulheres, choram, arrufam-se ou resignam-se; as que têm alguma coisa mais do que a debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio.”; “Juntava às outras qualidades morais uma sensibilidade, não feminil e doentia, mas sóbria e forte.” ou ainda “Estácio escapou dessa vez à regra de todos os corações amantes; resvalou pela alusão e discutiu gravemente o assunto da candidatura. Era pesado demais para cabeça feminina; Helena intercalou uma observação sobre dois passarinhos que bailavam no ar, e Estácio aceitou a diversão, deixando em paz os eleitores.”

De resto, tudo é muito bem escrito. Texto enxuto, frases diretas, curtas, muitos ponto e vírgula e aqui e ali uma intertextualidade e uma ironia... Pontos bem conhecidos dos leitores. O final, pelo contrário, me pareceu muito sem graça, mesmo que seja por um motivo que dignifica a personagem, como aconteceu em Lucíola, de José de Alencar. Prosseguirei tentando gostar de Machado.
Amanda Kanashiro 31/07/2017minha estante
Estou com esse mesmo problema em Os Miseráveis, na parte em que Victor Hugo comenta das bonecas para meninas e diz que mulheres sem filhos são tristes, lamentáveis e impossíveis.
É treta mas na época deveria ser isso mesmo, conceber e cuidar dos filhos, não tinha muita saída mesmo.


EXPLOD 01/08/2017minha estante
Eu também atentei para essa parte! Mas logo pensei como você.
O pior é que nunca tive o costume de brincar de bonecas kkk Eu ficava brincando de fingir que escrevia, colocando vários pontos de "is" num monte de garranchos kkk Quando finalmente aprendi, passei a "enviar" cartinhas para meus avós. ^^


Amanda Kanashiro 01/08/2017minha estante
Hahahahahahs que fofinho


Renata Ferraz 12/09/2017minha estante
Resenha perfeita! Ainda não terminei a leitura mas senti o mesmo incômodo que você nessas partes. Mesmo sabendo que o contexto histórico é muito diferente ainda é difícil ler coisas do tipo :(


EXPLOD 12/09/2017minha estante
Obrigada!!
Vou aguardar sua opinião quando você terminar de ler o livro! ;)


Renata Ferraz 15/09/2017minha estante
Acabei de ler agora e também não gostei do final. Nem tinha pensado nessa sua perspectiva de dignificar a personagem, mas realmente faz sentido. Apesar disso, achei fraquíssimo, parece que ele teve preguiça de criar um final mais elaborado. Esperava mais!


EXPLOD 19/09/2017minha estante
Ufa, então eu não fui a única! rsrs
Pois é, é um final fácil: ela não se casa com outra pessoa porque gosta muito/ama da personagem com a qual é impossível contrair qualquer relação além da amizade/fraternidade, então a saída é ela morrer amando. Isso é tão clichê, não é? Eu entendi que, pelo contexto do amor idealizado e romântico só podia ser isso mesmo, mas é como você disse, fica um final sem criatividade e o leitor querendo algo mais elaborado... Realmente, não dá pra controlar a decepção. Eu fico pensando se o leitor daquela época teria essa sensação, sabe? Acho que não, do contrário não faria tanto sucesso kkkk
Mas é interessante, talvez eu tenha sido muito cruel com duas estrelas kkk
Bom, como eu disse antes, vou dar muitas chances para o Machado ainda... Espero que você também ;) Afinal, ele escreve muito bem.
Mas ainda assim não deixo de cogitar todas as possibilidades de final e as perspectivas de cada personagem... Talvez isso seja o melhor.




Nati Morgan 19/06/2020

Que livro babado! É eita atrás de eita rs.
Não que signifique que seja de fácil leitura, pelo menos durante quase todo o livro eu tive muito sono.
Acredito que a sinopse do livro seja muito mais interessante do que o próprio livro, o romance não me conquistou, aliás, não sei nem da onde venho. Personagens chatos e tediosos, isso sim. O que salva mesmo é o final do livro, pois é muito chocante e foi o que mais gostei.
O livro é bem ok.
@rosaemiliabulhoes 20/06/2020minha estante
Eu comecei a ler ele mês passado mas achei tão arrastado e sem emoção digamos assim que não terminei.


@rosaemiliabulhoes 20/06/2020minha estante
Agora dom casmurro, que obra viu? Divinaaaaaaaaa!


Nati Morgan 20/06/2020minha estante
Nossaaaaa, eu adoro Dom Casmurro!


priscilabonatto 21/03/2021minha estante
ia pra minha lista de "quero ler", pois estou lendo dom casmurro e amando, mas agora desisti, rs.


Joana Vivi 04/05/2021minha estante
Pricila, o livro é dividido em opiniões, alguns gostam outros não. Eu por exemplo, adorei esse livro, mas a Nati não. Vai da pessoa mesmo. É melhor você ler para decidir se gosta ou não, mas é só uma dica mesmo
Eu também amo Dom Casmurro é um ótimo livro!


Fenelondasneves 09/05/2021minha estante
Kkk. Tem dois dias que terminei. Honestamente, o final me ficou um pouco obtuso, muito "deus ex-machine", quero dizer, usar um acontecimento fatalistico para não ter que desenvolver muito.
Seu comentário me pareceu, com todo respeito, um pouco bipolar.




Ana Claudia 24/08/2020

Primeiro livro de Machado finalizado.
Apesar de ter tentado ler outros dois livros de Machado de Assis, esse foi o único que consegui finalizar. Comecei o livro sem saber de absolutamente nada sobre a história, e por isso fiquei com a duvida sobre Estácio estar realmente apaixonado pela própria irmã ou se ele só era possessivo e estranho mesmo, afinal a gente não espera um livro de 1876 que fale de um tabu como incesto.

Apesar dessas intrigas, achei o início muito arrastado, mas o final eu simplesmente devorei. Além de romance, drama e várias reviravoltas, existe umas críticas bem sutis, principalmente a figura de Estácio, que me deixou empolgada pra dar mais uma chance aos livros que abandonei.
ju azevedo 24/08/2020minha estante
É meu favorito do Machado! Também foi o que me deu gás para ler outros.


Alê | @alexandrejjr 24/08/2020minha estante
Por curiosidade, Anna, quais foram os outros dois livros?


Ana Claudia 24/08/2020minha estante
Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Alê | @alexandrejjr 24/08/2020minha estante
Entendo. Eu voltei ao Machado esse ano também, Anna, e comecei pelo conto "O alienista", que é uma ótima introdução!


Ana Claudia 24/08/2020minha estante
Obrigado pela indicação, com certeza vai ser meu próximo conto. O que também me desanima em Dom Casmurro, é que eu sei tudo o que vai acontecer, mas também vou dar uma outra chance.




Janaina Edwiges 19/04/2022

?Sou uma pobre alma lançada num turbilhão?
Há histórias que nos inspiram a pensar sobre aquela difícil decisão, que pode surgir em algum momento da vida: renunciar ou lutar por um grande amor? Helena, com uma trama envolvente e cheia de mistérios, é uma dessas histórias.

Machado de Assis consegue prender a
atenção do leitor até as páginas finais, trazendo reflexões importantes sobre as ambições sociais da época e até onde as pessoas são capazes de chegar para alcançá-las.
Fabricio268 19/04/2022minha estante
Pretendo ler em breve.


Fabricio268 19/04/2022minha estante
Pretendo ler em breve.


Marisa 20/04/2022minha estante
Lindo!!!!


Janaina Edwiges 21/04/2022minha estante
Recomendo muito, Marisa e Fabrício. É uma delícia conhecer as histórias do Machado :)


Marisa 21/04/2022minha estante
Lí há muitos anos atrás. Mal lembro da história. Machado é maravilhoso




Roberta 06/03/2022

Helena
Interessante a história escrita por Machado de Assis.
O final foi surpreendente e nunca teria conseguido prever.
Valeu!
Kássio Meniglim 14/03/2022minha estante
Tive o mesmo sentimento! O final foi imprevisível. Gostei muito! ??


Nay 18/01/2024minha estante
Eu tô lendo, não cheguei na metade, mas já estou me questionando se o irmão de Helena é apaixonado por ela kkkk porque tá parecendo bastante


Aricellys 24/01/2024minha estante
Quando li também tive dúvidas se o irmão era apaixonado por Helena, mas só entendemos no final.


Diane.Gentil 03/03/2024minha estante
Eu li mais de 50 páginas, aí abandonei e fui ler outros.
Aí vi seu comentário.
Aí retornei a leitura kkk
Valeu a pena.
Que história...




Aline Oliveira 11/04/2023

Helena
Eu amei essa leitura, como sempre Machado de Assis surpreendendo. Não esperava por esse desfecho.
O único problema foi não conseguir ler devagar, devorei o livro e fiquei apegada aos personagens da família Vale.
Michela Wakami 11/04/2023minha estante
Maravilhoso.??????


Lahdutra 11/04/2023minha estante
eita já?!!! :D


Cleber 12/04/2023minha estante
Rapidinha


Aline Oliveira 12/04/2023minha estante
Já. Kkkkkkkk, não aguentei esperar.




spoiler visualizar
Roberto 29/11/2021minha estante
Levei spoiler na cara! (Ainda não tinha lido esse livro...)


Thamiris 02/12/2021minha estante
Está marcado como spoiler ?


Roberto 02/12/2021minha estante
Não vi a marcação. É que li no site. Mas tudo bem.


Thamiris 03/12/2021minha estante
Tá bom ?




Clakson 27/08/2023

Dilemas e nuances da sociedade do século XIX
Com uma prosa envolvente, o tema central dessa obra é a ironia e os dilemas morais de uma relação muito pura e delicada.
Machado de Assis entrega beleza na análise psicológica dos personagens nesse romance marcado pela pureza do sentimento platônico.
Embora esse tipo de narrativa seja estruturada por intriga, essa obra se mantém, apesar do contexto do romance clássico, leve e sincera.
O fundo bucólico ainda no período da escravidão é o cenário pra esse romance onde os escravos são citados quase como personagens invisíveis. Então não há crítica social sobre o tema, até pelo período em que foi escrito.
Um livro que fará cada leitor se indagar algo sobre o amor e talvez, se conhecer um pouco mais.

"O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo."
Estantedakeh 27/08/2023minha estante
Amo esse livro ?


Min 27/08/2023minha estante
Este é o meu livro preferido! Adorei a sua análise ?


Pri.Kerche 27/08/2023minha estante
Adorei a resenha!




bibiteodora 26/10/2021

entrei feliz esperando um romancezinho de epoca sai com depressão e 3 consultas marcadas na psicóloga
Clara 02/11/2021minha estante
acabei agora e tô exatamente assim de saúde


bibiteodora 02/11/2021minha estante
ai amg ta foda viukkkkkkkk


Gabriela.Brites 28/11/2021minha estante
Eu tô muito revoltada com esse final kkkk




Renata CCS 03/08/2016

A fina elegância do ato de escrever
.
“O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.” (Eça de Queirós)


“O que eles disseram um ao outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um a outro coração, que só ao céu caba ouvir, porque não eram vozes da terra, nem para a terra as diziam eles. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares, nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única.” (Machado de Assis – Helena)

Ninguém melhor que Machado de Assis para descortinar as inúmeras facetas do ser humano. Ele revela a uma sociedade conservadora aquilo que as pessoas mais querem esconder, fazendo profundas reflexões sobre os mistérios da alma, sem deixar de lado uma fina ironia, uma das marcas de sua escrita.

A história de HELENA se passa no século XIX, entre 1850 e 1851, na Chácara Andaraí, Rio de Janeiro, tendo o início marcado com a morte do Conselheiro Vale e a abertura de seu testamento, quando reconhece Helena como filha, fruto de um romance extraconjugal. A família, que desconhecia a existência da moça, acolhe-a em sua casa. Helena é recebida com uma recepção calorosa do irmão, Estácio, mas com frieza por parte da tia, Dona Úrsula, irmã do Conselheiro Vale.

Dona Úrsula tenta manter-se distante da terna e da dedicada Helena, mas não consegue por muito tempo. Acaba nutrindo um amor maternal por sua sobrinha. Ao mesmo tempo, Estácio fica cada vez mais impressionado com Helena, e ela por ele. Ele passa por momentos de martírio ao dar-se conta de que o que sente por Helena vai além de uma afeição fraternal: ele se aflige por perceber que está apaixonado por sua suposta irmã, e Helena, também apaixonada, esconde algo que poderia mudar tudo, mas não está disposta a abrir mão do destino que lhe foi traçado.

Todos os personagens possuem uma face luminosa e um lado sombrio. Todos preferem a mentira à verdade, seja por razões pessoais ocultas ou por respeitar (ou temer) a sociedade da época. Ângela, a mãe de Helena, e o Conselheiro Vale, criam a menina apagando seu passado com uma mentira, e esperam que Helena perpetue essa farsa. Salvador, seu verdadeiro pai e vítima do abandono da esposa, Ângela, vive à mingua e apenas quer ver a filha com um futuro que ele jamais poderia propiciar, então aceita a condição de ver Helena como filha de Vale. A nova família, após a descoberta da verdadeira origem de Helena, decide manter a farsa, receosa com os rumores que a revelação poderia causar, mesmo sendo avessa a moral e a razão. Helena, de certa forma, foi vítima de todos, e a única saída que encontrou foi se despedir da vida de mentiras que lhe ofereceram.

Apesar de escrito na fase romântica de Machado de Assis, já se nota um toque de realismo, colocando a protagonista em constante conflito entre o que determina a razão e o que o coração anseia. Nesta obra, o autor já apresentava ao leitor temas que se tornariam marcas em outras obras: adultério, mentira, separação da sociedade em classes, casamento por conveniência. Outras características presentes no texto são a melancolia, a ironia e um grande ressalto aos traços fortes das personagens femininas, como a protagonista. Machado conduz os personagens de uma maneira excepcional e descortina a ambição, a abnegação e uma sociedade falida que prefere manter-se sobre um véu de mentiras a encarar a verdade.

Este é um dos romances mais lindos que já li! Mergulhei no universo machadiano e me apaixonei e sofri junto com os personagens. Quem se sente tocado pelo poder da narrativa do Machado de Assis vai entender que não tenho a menor intenção de ser neutra ao falar desse livro. Sem sombra de dúvida, eram as suas palavras a maior arma para criticar os costumes hipócritas da sociedade. Quanto mais eu lia, mais anestesiada me sentia. Fiquei fascinada, presa, revoltada, enciumada, triste, surpresa... Que personagens! Que narrativa! Que história! Fiquei fascinada com esse escritor desde que li Dom Casmurro há muitos anos, e continuo me encantando com seu poder literário. E mais uma vez, entendo porque as pessoas sempre exaltam Machado de Assis. Era um gênio, um mestre com as palavras.

HELENA É um romance, ao mesmo tempo, encantador e trágico. É uma batalha entre o amor e a honra, entre as vontades e aparências, entre escolhas difíceis e situações inevitáveis. Pode não estar entre os prediletos do escritor, mas, sem dúvida, está entre os meus.

Acredito que a melhor homenagem que podemos prestar aos grandes escritores da língua portuguesa é ler com devoção suas esplêndidas obras e encorajar, com rigor e paixão, que todos os brasileiros conheçam esse ilustre mestre das letras!
Ricardo Rocha 04/08/2016minha estante
não tem a ver com o livro, mas hj é aniversário do Arsenio... Nossa... O tempo...


Renata CCS 04/08/2016minha estante
O céu está em festa. Que sdds de conversar com ele!


Erica.Cinara 19/06/2017minha estante
A paixão pela maestria com que Machado de Assis trata as palavras, constrói personagens e cenários jamais fenece. Não importa o passar do tempo, a leitura das obras primorosas desse gênio das letras será sempre um presente para a alma!
Excelente resenha! Parabéns!




MatheusPetris 06/04/2021

A morte como ponto de partida
A morte como ponto de partida. Nas decisões de um defunto, se desenrolará a urdidura da trama. Seu amigo prevê o futuro conflituoso que o testamento irá iluminar. A cova aberta, irá também escavar um passado desconhecido. Helena, a protagonista que carrega o nome do romance, é essa figura que surge através das linhas testamentárias do Conselheiro Vale. Um enigma.

Assim como em “A Mão e a Luva”, Helena é uma personagem agregada, tal como Guiomar. São acolhidas. Acolhimento este, que as veste de uma classe social distante, as possibilitam conhecer o mundo aristocrático e adentrá-lo. Ambas possuem uma personalidade muito própria, uma desenvoltura muito além das suas idades. O narrador, em ambos os romances, deixa isso muito claro do início ao fim. Suas atitudes e diálogos, tornam isso ainda mais nítido. Helena é uma menina que demonstra uma maturidade bem própria, vertiginando todos à sua volta, surpreendendo a nova família e o clero da região. Seus ares incitadores, estimulam a figura de Estácio, filho do conselheiro, que descobriu a irmã pelo testamento.

Nesse, que é o terceiro Romance de Machado de Assis, percebe-se um desenvolvimento mais esférico das personagens. Pensemos em Estácio. Este, que parece não ter uma personalidade própria, é quase sempre aludido pelo narrador através de um título de dependência: “O filho do conselheiro”, “o sobrinho de D. Ursula". Tanto que, no primeiro momento de sua inserção na história, é apenas descrito como “filho”. Estácio parece ser uma antítese de Helena, um pedaço daquilo que não possui.

Em dois momentos decisórios da narrativa, Estácio se dobra e aceita a opinião da maioria. O arguto narrador Machadiano, desenha isso de forma bem nítida, complementando os diálogos de Estácio, inferindo perguntas cujo interesse na resposta seria inteiramente dele. Sobre sua vida profissional, acata a opinião da maioria sobre a candidatura política. Sua retórica, repetidas vezes, se dissipa rapidamente. Conquanto na decisão do casamento de Helena, ela é mais persistente, mais astuta, mas ainda sim, incapaz de tomar a decisão final. Novamente, cede. Temos de concordar, parece que “até os mortos conspiravam contra ele”.


Nas perguntas inferidas pelo narrador supracitadas, aos poucos revelava-se a clareza da paixão de Estácio, que só será explicitada pelo Padre. Mas além disso, há algo de mais corrosivo na narrativa, instaurado como enigma. A casa pintada por Helena no início da narrativa. A velha habitação com uma bandeira azul hasteada, será o campo de dúvidas, mistérios e descobertas. Este suspense, paulatinamente construído, é de uma força grandiloquente, revirando a narrativa por completo. Não cabendo a este texto revela-la, mas cabendo-o assinalar a construção Machadiana, de uma ação aristotélica, onde os fragmentos farão sempre parte de um todo; além disso, essa pergunta (que será respondida) vai passando de personagem a personagem, atiçando cada vez mais o leitor.

Independente de sua resposta, a personagem que vive nesta casa, talvez seja a mais fascinante de toda a narrativa. Salvador nunca é salvo, é relegado à miséria e ao anonimato. Sua trajetória trágica, de ilusão e sofrimento, parece comprimir todo um contexto sócio histórico, todo um grupo social posto de lado, na postura subserviente. Esse contexto, essa discussão sócio-política é apontada pela crítica como um dos pontos fortes do Romance, muito mais robusto e avantajado em comparação aos predecessores do Machado, que lança as peças neste jogo social de forma ainda mais eficaz. Todavia, não foi interesse desse texto discorrer sobre o que já foi esmiuçadamente falado.

Se, na segunda edição desse romance (1905), Machado tentou suprimir trechos romanescos na narrativa, isso não impediu o desenlace de elevar essa característica ao paroxismo. Talvez, ali, nos últimos capítulos, é que se encontre a parte mais romântica do livro, que se distancia peremptoriamente do restante do livro, parecendo estar descolado de uma história (quase) sóbria. Apressado e apaixonado, o livro acaba com “respostas” que não eram desejadas, mas que poderiam gerar outras perguntas e indicar outros caminhos. Se lamentamos, não é por tirar a grandeza do livro, sua força e perícia, mas por não responder à expectativa criada.
@heloisasilva21 21/05/2021minha estante
Fiquei muito triste com o final de Helena. ?


MatheusPetris 22/05/2021minha estante
É realmente muito triste :(

e não esperava...


@heloisasilva21 23/05/2021minha estante
Eu também não esperava. ?




Mikael_13 03/08/2023

Me surpreendi positivamente com o livro. Amei demais a história, a personagem que nomeia o livro, Helena, é encantadora e causa logo uma relação empática com o leitor.
Isa Gomes 03/08/2023minha estante
Helena é um dos meus livros favoritos de Machado de Assis.


Mikael_13 03/08/2023minha estante
Se tornou o meu favorito do autor.


Beatriz 04/08/2023minha estante
Interessante




Naah 15/01/2022

Helena
Helena é aquele livro repleto de detalhes que faz com o que o leitor se sinta a própria personagem. A pessoa começa a lê-lo e fica cada vez mais curiosa para saber os próximos passos de cada personagem. É um romance que nos ensina a não exumar o passado; a dar importância as coisas necessárias; a buscar a sabedoria e a dedicação... que o amor nasce da convivência.
Sleifer 16/01/2022minha estante
Essa sensação me é passada passada pelos autores do realismo/naturalismo. Embora Helena seja um romance, Machado era um autor realista/naturalista. Sinto está sensação e identificação com os personagens das obras do Eça também.


Naah 16/01/2022minha estante
O Eça é um querido... Assim como Machado, escrevia com uma riqueza de linguagem encantadora.


Sleifer 17/01/2022minha estante
Os foi maiores escritores do sec. XIX




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