O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Elisangela0 17/01/2022

Confesso que demorei o dobro do tempo que normalmente demoraria para ler um livro com o mesmo número de pagina, não por ser o livro ruim, longe disso, mas acho que a pontuação diferente e o meu hábito de ler antes de dormir não ajudaram muito. Talvez a leitura de um Saramago exija uma mente mais fresca, focada e descansada.
Gostei muito do sarcasmo do Saramago, a visão critica em relação alguns pontos constantes na bíblia como por exemplo a representação feminina na história bíblica, o questionamento das guerras e derramamento de sangue que ocorrem em nome de Deus, a representação de um Jesus mais humano, com dúvidas e defeitos: Jesus adolescente revoltado com a mãe a ponto de sair de casa, sem muito motivo, é um exemplo disso.
Concordo com todos aqui que o capítulo com o diálogo no barco entre Jesus, Deus e o Diabo no mar é simplesmente imperdível.
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skuser02844 01/02/2023

"é preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue."
precisei de quase um dia inteiro refletindo antes de decidir escrever essa resenha. terminei de ler ontem e foi impossível organizar meus pensamentos de modo coerente através de palavras, pois senti mil coisas diferentes durante e após a leitura.
creio que, por ter crescido ateu-agnóstico em um ambiente católico, eu pude sentir cada palavra de saramago como uma flecha em meu peito. tudo o que eu aprendi na infância sendo dissecado e recontado d'um ponto de vista mais amplo, crítico, realista e - principalmente - humano, causou-me uma inevitável sensação de felicidade agonizante que consumiu meu cerne a cada parágrafo lido. tal sentimento tornou-se parte de mim enquanto eu passeava por suas palavras e as engolia como quem devora o corpo de Cristo.
toda a construção acerca da vida do homem que bem conhecemos, dessa vez em uma versão tão crua, onde toda a hipocrisia e injustiça é colocada em pauta perante nossos olhos, é demasiadamente enriquecedora, sendo possível questionar a igreja sem desrespeitar a fé.
saramago desconstrói a visão idealizada do tão conhecido deus cristão e expõe toda a falsídia no que concerne sua dita existência, ao tempo em que a suposta maldade do diabo é discutida e refletida.
a parte mais importante em um livro, para mim, é a escrita. o ato de transformar fragmentos da própria mente em vocábulos tecidos d'um modo harmonioso para a apreciação do interlocutor me é tão mágico. saramago, sem dúvidas, possui uma escrita (perdoem-me a comparação) deífica. as características de composição em cada parágrafo são tão únicas dele! foi a primeira obra que li do autor e com certeza lerei tudo o que eu puder! quando a escrita é bela - e aqui digo bela não apenas no sentido de ser encantadora e com lindas palavras, mas também por ser diáfana em sua essência -, qualquer história é interessante.
aqui temos personagens tão bem criados e desenvolvidos de maneira grandiosa e singular, cada qual sem perder sua essência.
houveram diversos momentos onde eu senti-me em êxtase conforme lia, mas, o principal foi quando saramago narra a sexualidade inerente ao homem, descrevendo essa experiência na vida de Jesus do melhor modo possível. outro momento que ficará para sempre em minha mente é o extraordinário diálogo entre deus, jesus e o diabo, que foi excepcionalmente épico e absurdamente bem escrito.
levarei este livro para sempre guardado na parte mais importante de meu âmago, sinto que ele será uma peça essencial na composição de meu ser.
dalloway 01/02/2023minha estante
amei a resenha, adicionando na listinha de metas! ansiosa pra começar já


skuser02844 01/02/2023minha estante
ebaaaa! fico muito feliz com isso, meu bem ? espero muito que goste




Henrique Fendrich 26/03/2020

Li esse livro na faculdade há muito tempo, em 2006, e encontrei uma espécie de resumo que fiz à época. Foi o primeiro Saramago que li e a linguagem certamente provocou um estranhamento inicial. É a história de um Jesus humanizado. A história já começa com José e Maria vistos em situações impensáveis pela tradição cristã, como quando o carpinteiro ergue a voz contra a sua esposa, além de ser visto como pecador e culpado pela morte das criancinhas de Belém. Também Jesus tem conversas com Deus inimagináveis pela tradição religiosa, como quando Deus, cansado das muitas perguntas dele, fala "como você é aborrecido" (isso parece a conversa de Deus com Moisés na sarça ardente). A missão de Jesus era simplesmente expandir o conhecimento daquele Deus específico sobre os outros deuses do mundo. Curioso também o momento em que Jesus deixa de ressuscitar Lázaro, ao contrário do relato bíblico, após ouvir de Madalena que "nenhum homem merece morrer 2 vezes". Aliás, para deleite dos conspiracionistas, também aqui Jesus e Madalena são amantes.
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Shirlei 10/08/2020

um livro maravilhoso. saramago tem uma escrita caracteristica, mas isso faz desse livro uma obra prima. recomendo a leitura.
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SimoneSMM 27/02/2022

Uma releitura, irônica, sagaz, perspicaz, sobre a vida do homem Jesus.
Detalhada, reconta fatos, sob a ótica humana e profundamente humanista, questionando sua verossimilhança, seu sentido, sua influência, seu objetivo.
Muito crítico e muito divertido. Saramago não economiza a ironia fina e ácida que marca sua obra. Brinda-nos, ao final, com uma inversão dos "acontecimentos bíblicos" verdadeiramente genial!
Um livro para ler e reler sempre. Um livro que faz repensar nossa própria humanidade.
Ricardo.Silvestre 01/03/2022minha estante
Comecei a ler hoje!
Obrigado pela partilha da sua resenha.
?


SimoneSMM 01/03/2022minha estante
Espero que goste! É uma crítica excelente e um chamamento a sermos mais humanos! ?


Josana.Baltazar 15/03/2022minha estante
Saramago é tudo de bom




chaany 27/05/2013

Eu acredito que a primeira coisa que todo mundo deve sentir assim que abre O Evangelho Segundo JC é uma total estranheza e até mesmo confusão pela linguagem em que o livro é escrita. A gente fica completamente desnorteado tentando entender onde estão os pontos, as interrogações, as aspas, os travessões, e por aí vai...

Mas depois que você consegue atravessar o primeiro capítulo (o que não é nada fácil) você vai cada vez mais se acostumando com a forma peculiar de escrita de Saramago e em questão de pouco tempo você já começa a pensar que as pontuações já não servem mais para nada, pois Saramago as tornou obsoletas!

O Evangelho Segundo Jesus Cristo faz parte do gênero de Realismo Fantástico, muito popularizado após Gabriel Garcia Marquez escrever Cem Anos de Solidão. Para mim essa foi a melhor surpresa em relação ao livro, pois posso afirmar sem dúvidas que esse é o meu gênero favorito.

Se propondo a narrar a história arquiconhecida de Jesus Cristo de uma forma completamente irreverente, José Saramago criou uma obra muito polêmica. Não tem como negar que qualquer cristão ao ler essa obra e, principalmente católico, passa por alguns sérios dilemas ao ver figuras sagradas como José e Maria sendo descritas de forma tão mundana. Me oponho de forma categórica à redução dessa obra em uma simples crítica de um ateu à Igreja Católica, pois o ESJC é de longe muito mais que isso. Por esse motivo, eu recomendo fortemente que você, cristão, deixe seus dogmas de lado para entrar nessa obra maravilhosa de Saramago e tentar pensar nela como o que ela é: uma ficção, onde José, Jesus e Maria são meros personagens.

A parte que mais me emocionou no livro é quando Jesus descobre que é filho de Deus, escolhido para ser o Messias e que o seu destino é a cruz. Jesus tenta lutar contra seu próprio destino, pois ele não quer ser responsável por todas as mortes que estão por vir depois da sua crucificação. A Inquisição, as Cruzadas... Jesus não quer ser culpado pela morte de milhares de inocentes. Maria Madalena é a pessoa que vai reconfortar Jesus. Aliás, na obra, Maria Madalena é sua fortaleza, aquela que vai dar todo o consolo necessário para que ele enfrente seu destino. Ela exerce uma influência exorbitante sobre todos os atos do Messias e o orienta em todos os momentos de dúvida. No ESJC, Saramago coloca a imagem de uma mulher prostituta como a personagem mais sábia e decisiva da trama.

No trecho abaixo, as palavras decisivas de Maria Madalena que fazem com que Jesus aceite seu destino:
"Deus é quem traça os caminhos e manda os que por eles hão-de seguir, a ti escolheu-te para que abrisses, em seu serviço, uma estrada entre as estradas (...) portanto melhor seria que aceitasses com resignação o destino que Deus já ordenou e escreveu para ti, pois todos os teus gostos estão previstos, as palavras que hás-de dizer esperam-te nos sítios aonde terás de ir, aí estarão os coxos a quem darás voz, os cegos a quem darás vistas, os surdos a quem darás ouvidos, os mudos a quem darás voz, os mortos a quem poderias dar vida."

Em suma, esse livro ocuparia uma das 5 primeiras posições de qualquer lista sobre os livros que você precisa ler antes de morrer.
Nota 5/5

www.centraldaleitura.wordpress.com
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pulsaodemorte 18/07/2020

Tragicamente humano, e humanamente divino!
A vida de Jesus de Nazaré foi uma coisa de louco. mas muito bonita apesar de tudo e todos. é com certeza um dos livros mais lindos que eu já li. os diálogos, pensamentos, sensações, absolutamente é descrito da forma mais humana e fiel que poderia ser. depois dessa experiência de leitura passei a gostar mais de jesus e dos seus "defeitos" humanos, afinal, sua verdadeira labuta era seu eu divino; em paralelo desgostei um pouco de Deus, um tanto quando egoísta, ambicioso e mandão, ainda bem que existiu Jesus pra eu não desgostar totalmente da coisa. vida longa!
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Lisandro 09/08/2020

Gosto de Paulo Coelho e agora também gosto de Saramago.
Gosto de Paulo Coelho e pela primeira vez li saramago. Agora gosto dos dois. Sei que há uma rixa, se não entre os escritores, entre os leitores de um e de outro. Mas, se há quem goste de um e há quem goste de outro, há também os que gostam de um e do outro. "Não é querer dizer amor e não chegar a língua, é ter língua e não chegar ao amor" — José Saramago.
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Hildeberto 13/07/2015

Sou fã do José Saramago. Já li inúmeros livros dele, e inclusive mais de uma vez, como é o caso desta minha leitura do "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Gosto do seu estilo crítico, meio sarcástico e irônico; suas abordagens de temas polêmicos a partir de perspectivas humanistas, além na esperança que o ser humano pode ser melhor do que realmente é.

Todos os elementos citados estão presentes neste livro. Da primeira vez que o li, não havia gostado muito, achado o desenvolvimento da estória meio pedante. Considerei que isto fora devido minha imaturidade literária na época e por isso, resolvi dar uma segunda chance ao livro.

Mas, após um intervalo de quatro anos entre a primeira e a segunda leitura, chego a mesma conclusão: provavelmente o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" é o pior livro de Saramago, dentre os que eu li do autor. Tentar descrever a vida de Jesus de forma humana é interessante; fazer uma crítica ás contradições da religião judaica e cristã, pode ser relevante; mas o conjunto da obra não me agrada.

Em outros livros, o autor demonstra possuir uma visão negativa da sociedade mesclada com aspectos de esperança. Neste não. Tudo é uma grande crítica, não há um meio termo. Saramago descreve o ser humano como bom, divino e Deus como maquiavélico e manipulador. Mas isto é uma contradição, visto que na obra do autor a condição humana é abordada com muito mais crítica do que neste Evangelho, de modo que muito dos problemas do mundo são de sua responsabilidade - os problemas do mundo não estão no céu e sim na Terra.
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Levi 09/09/2015minha estante
Dirce, esse também foi o meu primeiro Saramago. Lembro que um amigo me deu quase que dizendo: "esse autor vai desfazer sua fé". O tiro saiu pela culatra. Não perdi a fé (nem acho que Saramago perca tempo com isso), gostei do livro e fui totalmente cativado pelo estilo de escrita do autor, que é hoje um dos meus favoritos. Já li quase tudo dele. Seus livros são sempre recheados dessas "cutucadas" no evangelho. Algumas me rendem boas risadas, outras me levam a ótimas reflexões e pesquisas, como nenhum outro livro "cristão" (se é possível usar esse termo) faz.


DIRCE 09/09/2015minha estante
Então Levi, pode haver outros Saramago sim, mas preciso de um tempo de calmaria.


Manuella_3 22/09/2015minha estante
Ainda não li o Evangelho, Dirce, e tenho muita curiosidade. Estreei no universo Saramago com o Ensaio sobre a Cegueira,e que apesar de não ser do meu gênero preferido, foi o livro que me deixou acordada na madrugada para devorá-lo de uma vez. Coisa rara, nada tira meu sono. Aí foi encanto e paixão pela escrita de Saramago, suas ideias... emendei com A Caverna e neste há uma das mais belas cenas de amor não dito, apenas delicadamente descrito. Um livro curioso, humano. Intermitências da morte me soou cansativo, mas Saramago está no topo dos meus autores preferidos. Quero ler o Evangelho e ficar chocada, mas já sabendo disso vou me divertir.
Bela resenha, vc é responsável por muitas escolhas minhas. :)


DIRCE 23/09/2015minha estante
Saudade, Manu.
Não é do seu tempo, mas havia uma propaganda que dizia o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Pois é: o primeiro Saramago a gente nunca esquecerá, posso afirmar. Foi um tsunami. Assisti ao filme Ensaio sobre a Cegueira. Não sei o filme faz jus ao livro, mas achei impactante e assustador. E, apesar do abalo provocado por O Evangelho... , Saramago ganhou uma leitora porque gostei muito do estilo dele. Tenho um sério problema: não gosto de narrativa recheadas de travessões, durante a leitura do Evangelho..., nem os percebi que eles estavam ali ( embora ocultos) porque Saramago os substituiu por virgulas e me passou totalmente despercebido que eu estava diante de um tipo de narrativa que me desmotiva. Beijo grande e boas leituras.


Manuella_3 23/09/2015minha estante
O filme bem fiel ao livro, uma ou outra coisinha que muda.




Cris609 07/06/2022

A concepção desse romance é de extrema genialidade. Perfeito em diversos pontos. Contudo, em certas partes é um pouco enfadonho. De qualquer forma, vale a pena ler até o fim.
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Gui 15/02/2021

Ateus, leiam esse livro. Cristãos, leiam também
Primeiramente, devo dizer que esse romance foi diferente de todos que já li em minha vida, ele é realmente único, fazendo com que me impressione cada vez mais com Saramago, ele é, sem dúvidas, um autor espetacular, suas histórias são simplesmente incríveis, sua ironia, ironicamente, é linda e sua escrita escassa de pontuações convencionais, que em um primeiro momento parece ser um fator dificultador, na realidade, apenas aumenta o encanto da obra.

Evangelho Segundo Jesus Cristo, assim como outros livros do autor, possui um realismo fantástico, que parte de um questionamento fantástico e o descreve de forma realista ("E se toda a população ficasse cega?": Ensaio Sobre a Cegueira, "E se ninguém fosse votar no dia das eleições?": Ensaio sobre a lucidez). Dessa forma, a obra, parte do questionamento "E se o evangelho fosse escrito de forma mais verídica? E se ele não fosse tão idealizado?" e a partir disso se constrói toda uma narrativa de como seria a "verdadeira" história de José e Maria, uma família tradicional judia, bem diferente da que constumeiramente imaginamos, juntos de seu primogênito Jesus de Nazaré, um homem que mesmo sendo filho de Deus, também é humano, e por isso erra e peca. Tudo isso narrado por Saramago com sua ironia sagaz, e cômica em alguns momentos, torna essa reinterpretação do evangelho espetacular.

Nesse evangelho, o autor faz inúmeras críticas que ao longo da história se mostraram muito pertinentes: ao retratar José e Maria como um verdadeiro casal judeu, uma união na qual há sim relações sexuais, afinal o matrimônio possui função reprodutiva, sendo inconcebível um casal ter apenas um filho sendo ainda fértil a mulher, Saramago critica o "idealismo" bíblico ao falar que uma judia, mesmo casada e mãe, continua virgem, além disso critica também o machismo exacerbado existente na cultura da época, narrando as relações entre os sexos diferentes e mostrando como as mulheres são tratadas como lixos, verdadeiras indigentes e seres impuros devido ao pecado original de Eva. Ademais, também tece criticas pesadas direcionadas a Deus, no caso ao do antigo testamento, o representando como egoísta e maléfico, para criticar as contradições bíblicas sobre esse ser que supostamente deveria ser luz e amor mas que trata seus súditos como cordeiros para o abate, que nunca cansa de castigar os judeus mediante um povo que os escraviza para depois matar esses mesmos escravocratas mandados por ele mesmo para salvar os escravizados, que manda dilúvios e pragas entre outras ações. Como se já não bastasse, a acidez de Saramago é tamanha que critica ainda os religiosos que muitas vezes ignoram propositalmente esse "antigo Deus" e consideram apenas Jesus ("E, por exemplo, veres para todo o sempre, como te venerarão em templos e altares, ao ponto, posso adiantar-to desde já, de as pessoas no futuro se esquecerem, um pouco do deus inicial que sou"). Todas essas críticas não estão diretamente explícitas, o autor para mostrá-las utiliza de sua ironia e das contradições dos fatos narrados (critica o machismo narrando o machismo como se fosse extremamente natural, e de fato era para os costumes da época), contudo, ao se encaminhar para o final elas se tornam um tanto que repetitivas e enjoativas, contudo o autor contorna essa situação com seus clássicos finais espetaculares e poéticos.

Em suma, foi uma obra crítica mas ao mesmo tempo divertida, afinal as ironias de Saramago dão um ar cômico que ao ler automaticamente vem esse pensamento: "Olha a audácia desse filho da puta". O choque com a cultural patriarcal dos judeus ortodoxos foi imenso mas como foi passada para um segundo plano dando seu lugar às críticas repetitivas a Deus (repetitivo não é sinônimo de falta de argumentação ou de construção, as críticas são sensacionais e muito bem articuladas, contudo como dito anteriormente acabam ficando enjoativas), reduziram o incômodo. Evangelho Segundo Jesus Cristo, é um livro que eu gostaria muito de ter lido anteriormente, de preferencia quando ainda era cristão, para me exaltar e me revoltar com essas heresias para que depois ao reler, perceber o quanto as pessoas mudam. Independentemente de sua opção religiosa, está é uma obra que sempre irei indicar pois cativa vários estilos de leitores: aos interessado em uma história boa, leiam, ela possui várias reviravoltas, revelações, cenas emocionantes e um final sensacional, aos que buscam críticas religiosas muito bem fundamentadas, leiam também, definitivamente é um prato cheio, agora aos leitores religiosos, digo que leiam também, é de suma importância entender ideais contrários às suas crenças, além de demonstrar uma aversão à intolerância, serve para para fortalecer seus próprios ideais, afinal esse livro é um verdadeiro teste de autoconhecimento, por isso recomendo para todos os cristãos, incluindo ao meu eu do passado, experimentem essa releitura da boa nova, veja se você realmente possui fé, pois caso não tenha, esse livro definitivamente te transformará, porem se o medo da mudança for grande demais, tudo bem, Saramago possui outros livros maravilhosos que também podem proporcionar prazeres incríveis ao lê-los.
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Mey 06/06/2016

A primeira coisa que você fica sabendo sobre Saramago é que a escrita dele é muito difícil, que ele não é chegado a parágrafos e pontuações, e isso é verdade, é a primeira coisa que você vai perceber que ele tem uma maneira diferente de escrever, a narração é como se fosse um fluxo de pensamento, ele vai contando como se estivesse do seu lado lhe contando uma situação. Não vou negar que no começo estranhei a escrita, mas com o desenrolar do livro eu acabei me acostumando e até gostando.

Muita gente fala que a escrita do Saramago dificulta a leitura da suas obras, mas pra mim, especialmente nesse livro, o que dificulta é a intensidade e a profundidade do tema abordado. Falar sobre a Bíblia é um tabu, principalmente se você acredita e uma versão diferente dos fatos, e "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é exatamente isso uma versão dos fatos diferentes, a vida de Jesus por outra perspectiva, que para muitos Saramago é ofensivo, mas pra mim foi uma maneira diferente de contar a tão conhecida história do filho de Deus.

Saramago é ateu, então era de se esperar que ele criticaria as ideias da igreja neste livro. Durante todo o texto você percebe que ele estudou as escrituras a fundo e resolveu criar uma nova versão, que em vários momentos para mim fez muito mais sentido. O autor vai questionar a todo momento a ideia do Deus castigador, que está sempre observando, esperando um deslize para punir o pecador, um deus que tem sede de controle e de poder. O que me fez gostar bastante da história, uma vez que eu mesma já questionei o fato de muitas religiões pregarem um Deus carrasco.

Além de questionar a imagem de Deus, Saramago cria um novo Jesus Cristo, um homem de carne e osso, que diferente da Bíblia, falha, tem medo, se entrega aos prazeres da carne e é muito mais a imagem e semelhança de um homem. E acho que a humanização de Jesus não o desacredita, mas o mostra muito mais forte e real.

Um dos pontos em que o filho de Deus é mostrado como um homem é quando ele se encontra com Maria Magdala, que pra mim é uma das personagens mais encantadoras de toda a história. O amor e a devoção que ela entrega a ele é admirável, em momento nenhum a relação carnal deles, atrapalha na missão que ele tem que cumprir, pelo contrário, Magdala está sempre ao lado dele, apoiando e acreditando, ela é uma das seguidoras mais fiéis do messias.

Se por um lado temos Maria Magdala retratada de uma forma muito doce por Saramago, temos as mulheres em todo livro sendo tratadas como inferiores, o machismo é explicito principalmente na relação de José e Maria. Claro, que acredito que isso também foi uma crítica do autor, a toda a ideia da Bíblia de que a mulher tem que ser submissa ao marido.

Por fim a crítica final fica por conta da comparação entre Deus e o Diabo, que em vários aspectos são muito semelhantes. Saramago coloca o dedo na ferida e diz que os dois tem muito em comum. Então o autor fecha o livro mostrando que as duas forças caminham lado a lado.

"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é livro denso, daqueles que você termina de ler e ficar por um tempo tentando absorver. Não é uma leitura fácil, você não vai ler em poucos dias ou em apenas uma sentada, porque tudo ali precisa ser refletido e absorvido. Um livrão que todos precisam ler.

site: http://agoraqueeusoucritica.blogspot.com.br/2016/06/resenha-o-evangelho-segundo-jesus-cristo.html
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Aline 02/03/2017

Jesus, o Bode Expiatório da Humanidade
A premissa desta resenha é que eu sou Cristã não-praticante e com conhecimento de moderado a superficial sobre a bíblia. E por que deixar bem clara essa premissa? Porque acredito que “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” é uma obra cuja opinião depende muito do posicionamento e formação religiosa de cada leitor. Das duas, uma: ou você se prende à uma narrativa interessantíssima, ou se sente desgostosa (o) pela blasfêmia. De antemão, aviso: o formato da escrita pode não agradar, pela quase ausência de parágrafos e rarefação dos sinais de pontuação. Particularmente, levo algumas páginas para me acostumar, mas, depois de habituada, a leitura se torna incrivelmente fluida e, de brinde, a “compactação” do texto tem o privilégio de agregar muito em tão pouco. 1 página de Saramago são 10 páginas informação.

A história de Jesus sob o ponto de vista do (por que não?) evangelista Saramago é cheia de humanização. Nada mais humano do que preocupar-se com a vida do próprio filho (e abster-se do cuidado com os demais), seguir rigorosamente o padrão de comportamento da época, ceder à libido, ter conflitos familiares e desacreditar, sair sem destino. O trecho que mais me impressionou pela verossimilhança é a ocasião da crucificação de José. A partir dessa passagem, foi impossível largar a leitura. Na parte do livro que trata da idade adulta de Jesus (que é o período mais conhecido através dos Evangelhos bíblicos), o que fica pungente é o contínuo questionamento sobre as motivações de Deus, seus meios de agir e a dualidade entre Deus e o Diabo. Em nenhum momento Jesus perde seu caráter divino, porém o livro deixa aquela sensação de que ele foi o Bode Expiatório (e não o Salvador Misericordioso) da humanidade.
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