spoiler visualizarDouglas 21/08/2020
Insurgente
Insurgente foi bom, mas poderia ter sido mais satisfatório depois de um primeiro livro incrível. Pelo menos eu esperava isso, porque ao meu ver faltou um pouco de sal em determinados momentos, entende? Muito aconteceu no livro e algumas transições de eventos foram um tanto aceleradas em demasia, o que prejudicou um pouco do equilíbrio e tom do desenvolvimento.
Achei que a revelação sobre a natureza da sociedade, do ambiente e da "causa" em que a história se passa foi corrida (ocorreu nos últimos momentos do livro), o que por fim tornou a cena um tanto anticlimática. Tudo bem que não era a intenção da autora revelar tudo agora e dar maiores detalhes, mas ainda sim foi rápido demais. Não teria sido um problema dedicar mais uma ou duas páginas para conduzir e construir melhor essa revelação. Ressalto, contudo, que, apesar disso, gostei da fundamentação de tudo, porque o assunto traz uma discussão muito válida acerca da natureza humana e de como não é possível dizer quem somos ao tentar quantificar tudo que nos define em forma de variáveis de uma equação. Somos mais complexos que isso, e inconstantes por natureza, já que nossas escolhas também levam em consideração detalhes externos a nós.
Particularmente falando, o relacionamento entre Tris e Quatro me entediou um pouco nesse livro, a ponto de eu revirar os olhos em certas cenas, porque achei que alguns conflitos entre eles foram além da conta, cheios de picuinhas e que poderiam ser facilmente resolvidos com conversa. O próprio Quatro não me agrada muito como personagem, na verdade, talvez pela personalidade dele, mas, bem, é o que eu acho.
Outro ponto que gostei muito nesse livro, e que vem desde o primeiro, foi novamente a descrição dos sentimentos da Tris durante tudo que aconteceu. Ela passou por muitos perrengues medonhos, e achei que, no geral, escolhas, pensamentos e reações foram bastante condizentes com a personagem. O trauma causado pela morte do Will no clímax de Divergente devastou a Tris, e achei que isso foi bem abordado ao longo do enredo, porque em muitos momentos ele influenciou fortemente determinada decisão dela. Gostei também de saber mais sobre a facção da Amizade (embora tenha torcido o nariz quanto a um detalhe relevante acerca da "vibe" de seus integrantes) e da Franqueza (cujo líder se mostrou menos sábio e centrado do que eu achei que seria).
Enfim, assim como em Divergente, este foi bem tranquilo de ler, e me divertiu o suficiente para seguir com a leitura da trilogia.