O misto de sensações a respeito deste livro começou no mesmo dia que vi a capa dele nos lançamentos da editora. Uma capa linda, mas ofuscada por aquele maldito quadradinho de código que apenas a Novo Conceito teve a ideia genial de colocar na capa. Segundo pela arrumação do título. Eu adorei as penas e mais ainda ao ver a capa da sequência. O livro é o começo de uma trilogia e tem algo de misterioso que atrai mesmo com uma sinopse que parece focar no amor. Para ser mais objetiva a escrita e a história de Alma Katsu me lembrou de Anne Rice em muitos sentidos.
Luke estava de plantão quando recebe uma jovem em estado de choque, que segundo o xerife foi responsável por um assassinato. Assustada a mulher implora para Luke deixá-la partir. O nome dela é Lanny. E a partir do momento que começa a contar a própria história Luke é levado por uma história impossível, que remonta há séculos. Ela é Lanore McIlvrae, nasceu no final do século XIX. Viveu em St. Andrew quando lá era apenas uma vila puritana isolada ao norte do estado. Lanore sempre foi atraída e apaixonada pelo jovem Jonathan St. Andrew. Um rapaz de beleza estonteante, que atraia todas as mulheres da cidade e chamava atenção até dos homens. Em uma época em que ter uma pele perfeita era quase impossível Jonathan estava acima de todos. Nenhum mal lhe atingia. Desde cedo Lanore amou Jonathan, mas a amizade era a única coisa que ela conseguiria. Como filho do fundador da cidade Jonathan foi levado a outros planos, casamento arranjado e jamais abriria mão disso. Foi nessa época que Lanore partiu da cidade para ter o filho indesejado em um convento de Boston, mas chegando lá foge desesperada para manter o filho de Jonathan consigo. No caminho cruza com pessoas que mudariam sua vida para sempre. De garota puritana e ignorante do interior para um mundo que beira o sobrenatural.
Apesar de um começo lento a história dá uma guinada interessante depois da chegada a Boston. A história ganha um clima sombrio, misterioso, até mesmo cruel transformando totalmente a história que estávamos acompanhando. Abrindo um infinito de possibilidades. A trama que a primeira vista pode parecer leve ganha contornos e se desenvolve de forma forte, com cenas mais pesadas e um ar sufocante. Juntando o cenário de época, com o amor cego de Lanore e a transformação sobrenatural temos uma trama intrigante, mas que deve ser descoberta aos poucos. A narrativa da autora é fluida, rica e insinuativa. O cenário é ótimo, as mudanças entre os séculos ficaram perfeitas. Alma Katsu conta uma história audaciosa em sua estreia que peca em pequenas partes e prende o leitor pelo desconhecido. Uma história que ou a gente ama ou acha estranha.
Os personagens é um dos pequenos pecados da autora. Lanore é sem dúvida interessante, mas as sucessivas mudanças que sofre não são de todo abordadas. É como se ela apenas vivesse, ignorando e/ou absorvendo o que aquilo tudo muda e traz para ela. Do outro lado temos Adair, um personagem ambíguo. É possível gostar dele por um pequeno passar de tempo, mas que ganha o título de um dos mais abomináveis seres que já conheci. Por isso não admirei o final. Apesar de a conclusão deixar claro que isso tudo foi uma grande e bem elaborada introdução ao universo sombrio da trilogia achei o final coerente e satisfatório.
A leitura é rápida a partir da mudança de cenário. Ainda estou com um misto de sensações a respeito da história, mas posso dizer sem dúvida que essa veia Anne Rice vai conquistar os leitores que gostam de algo sombrio, sensual, misterioso, insinuante e em certos pontos cruelmente desconcertante. É diferente de tudo o que já li. A edição da (...)
Termine de ler em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/12/resenha-ladrao-de-almas.html