Jacqueline 05/11/2021Triste, intenso, emocionante e revoltante"Lá longe, a uma distância incomensurável, ela sabia que havia uma terra de liberdade."
"A influência do sistema iníquo necessariamente forja um espírito insensível e cruel, até mesmo no peito daqueles que, entre seus iguais, são vistos como humanos e generosos."
Após receber uma oferta de trabalho de dois desconhecidos, Solomon, um homem negro nascido livre em uma sociedade ainda escravagista, parte afim de ganhar dinheiro tocando seu violino, porém, durante a viagem é drogado e vendido como escravo, sofrendo atrocidades nas mãos dos homens que o compram durante 12 anos.
Eu nem achei que meus olhos tinham a capacidade de produzir tantas lágrimas, e diferente do filme, a intensidade trazidas pelas páginas narradas por Solomon é indescritível. Todas as barbaridades cometidas contra ele, tanto físicas quanto psicológicas, são revoltantes e agonizantes. A forma como é descrito o abuso psicológico que os senhores faziam contra os escravos, obrigando-os a punir seus próprios companheiros rachou minha alma e não consegui retomar a leitura por várias horas imaginando as marcas profundas que os sobreviventes desse ápice da maldade humana carregam.
As pessoas que Solomon conhece pelo caminho, as diferentes personalidades dos homens pelos quais ele passa durante esses 12 anos enriquecem a história a ponto do leitor precisar parar várias vezes para se recompor depois de uma cena brutal, intensa e/ou triste. Além disso, o protagonista entra em diversas analises sociais e psicológicas daqueles ao redor dele trazendo uma reflexão incrível a respeito daqueles homens brutais e a geração que virá depois deles.
A escravidão é uma mancha na humanidade que nunca será apagada e imaginar que pessoas ainda apoiam (e desejam) a volta esse tipo de violência contra outro ser humano na sociedade atual é tão pavoroso quanto é insano.
Embora as marcas da escravidão ainda estejam incrustadas na estrutura de nossa sociedade, livros como esse tem o poder de abrir nossos olhos quanto a eminente necessidade de luta pelos direitos humanos e a capacidade de trazer um pouco mais de humanidade até ao coração mais duro.
"Não é culpa do proprietário de escravos se ele é cruel; antes, é culpa do sistema no qual ele vive. Ele não consegue se opor à influência do hábito e das relações que o cercam."
"Pode haver senhores humanos, como certamente há desumanos - há escravos bem vestidos, bem alimentados e felizes, assim como certamente há os esfarrapados, subnutridos e infelizes; porém, a instituição que tolera maldades e desumanidades como as que testemunhei é cruel, injusta e bárbara."