PorEssasPáginas 08/10/2015
A mais cobiçada, desejada e esperada do ano. Estamos falando de Anastasia Steele? Não, minha filha, estamos falando da resenha de Grey, porque, afinal, em algum momento da minha vida eu tinha que descobrir porque diabos falavam tanto dessa porcaria. AVISO: Se você não percebeu até agora, esta resenha NÃO É DIRECIONADA A FÃS DA SÉRIE. Então se você aaaama Christian Grey, certamente vai ter um problema com essa resenha. Ou vários. Pule pra próxima e siga no seu mundinho cinza. Nas palavras do próprio Grey – eu não resenho, eu fodo!
A história de Grey é bem simples – garota encontra garoto, garoto tem uma sala cheio de chicotes e correntes, os dois vivem felizes para sempre. Brinks. Anastasia Steele é uma garota sem graça e submissa que um dia resolve substituir a amiga em uma entrevista com o megamultimaximilibilitrilionário Cristiano Cinza e se derrete toda por ele. Já ele fica aficcionado pela guria, dando início a este romance sem sentido.
Alguns pontos altos desta obra-prima: o protagonista já se sente frágil e aberto na primeira vez que encontra a mocinha – a qual entra toda atarantada e tropeçando na sala dele – clichê x2 (você realmente tinha que fazer a mocinha tropeçar, EL James?).
O contrato. Meu Deus, Alá, Buda, Jesus, Maria e José, o que é aquilo? Um contrato que estipula um relacionamento entre um Dominante e uma Submissa. UM CONTRATO DE DOMINAÇÃO EM UM RELACIONAMENTO. Deve ser o sonho de todo machão frustrado e menininha irresponsável. Sim, porque esse livro é o sonho, o ápice da mulher que não quer ter responsabilidade nenhuma na vida é encontrar um Christian Grey e falar “Sim, fale pra mim tudo o que eu tenho que fazer nos mínimos detalhes para agradá-lo.”. ARGH! Porque o contrato é light, tem “só” o que você tem que vestir, o que e quando comer, quando dormir, exercitar e se lavar. Porém se você analisar friamente o protagonista, se você realmente leu e não ficou babando, você percebe quão intensamente Christian é um controlador nocivo – o objetivo dele é controlar Anastasia completamente a todo momento. Quando e aonde ela sai, com quem convive, onde trabalha, o que lê, o carro que dirige. TODOS OS ASPECTOS DA SUA VIDA CONTROLADOS PELO SEU MOZÃO, OLHA QUE LEGAL.
A quantidade de vezes que ele manda Anastasia comer ou implica com a comida dela é nocivo. Tem até um item do bendito contrato que estipula o que ela tem que comer! Como a própria Ana comenta no livro “O que acontece com você e a comida?”. Se você acha que isso faz parte de um relacionamento saudável…
A cabeça e as falas do narrador não é a cabeça de um homem, gente, desculpa. Está mais claro que água pra mim que a mente do Christian é como as mulheres (ou no caso a autora) GOSTARIAM que fosse. As frases que ele diz durante as cenas de sexo – nenhum homem em sã consciência fala essas coisas ou pensa nisso durante o sexo. Nenhum homem fica pensando no cheiro perfumado de jasmim e na pele de alabastro rosado da garota enquanto está transando. Nós somos sensíveis e carinhosos, mas não dá pra ter pensamentos muito complexos e elaborados nessa hora.
O plot rídiculo da empresa foi uma tentativa tão patética de mostrar que o livro tem mais alguma coisa além dos dois transando que ficou até feio. É tão falso ver o Christian trabalhando, e o trabalho dele não dá em nada e você nunca sabe direito o que exatamente ele faz. Como ele consegue ser esse puta empresário de sucesso se ele NUNCA ESTÁ NA EMPRESA E SÓ PENSA EM SEXO?
E Ana, mesmo virgem, sabe muito de sexo e aceita tudo assim com uma facilidade que é assustadora. Porque o primeiro oral dela já saiu assim divino pro Christian e quando ele mostrou o quartinho dos brinquedos bizarros ela já se derreteu toda. Mas sabe, esse não é nem o meu problema com esse livro. Eu compreendo esta parte, e até visualizado ela sendo melhor aceita se o personagem principal não fosse um controlador possessivo e manipulador.
Eu poderia ficar horas aqui comentando sobre como esse livro é ruim, gente – plot fraco, personagens abusivos, cenas de sexo surreais, como ele é um moneygrab obviamente direcionado para mulheres. Mas é cansativo e já foi pregado a exaustão. Na próxima vez que você se deparar com um livro que promove esse tipo de personagem, pense se esse realmente é o tipo de mensagem que você quer levar pra sua vida, que quer adicionar à sua mente. Não sejamos puritanos, é gostoso ler um erótico – com certeza um pouco mais para mulheres do que pra homens – e nem todo casal ou livro que retrata sadomasoquismo é horrível – e essa não é a parte ruim do livro, como já disse. O problema de Grey é o próprio Grey.
Como o próprio Christian diz “Eu sou 50 tons de fodido”. Como sua mãe um dia te disse, esse é o tipo de livro que você deve ficar longe.
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