Luana 20/04/2011
Saudoso mundo de Luna Clara e Apolo Onze
Abrir o livro Luna Clara e Apolo Onze é como se deparar com uma caixinha de surpresas, em que se puxa um brinde, depois outro, mais outro, e mais outro; e vai se alargando um sorriso no rosto do leitor a cada palavra lida, a cada página virada.
Causa uma boa aflição se envolver na narrativa fragmentada e sem dimensão de Adriana Falcão . Luna Clara e Apolo Onze é um livro de gênero infantil, infanto-juvenil e quando se menos espera, é a mãe, o pai, a tia, a avó, a família toda querendo passear pela escrita da autora.
Desatino do Norte é onde mora Luna Clara, menina de 13 anos que não conhece seu pai, Doravante, que se perdeu da sua mãe, Aventura, bem no “Meio do Mundo”, lugar que fica entre Desatino do Norte e Desatino do Sul, onde mora Apolo Onze.
O dia em que Doravante e Aventura se conheceram foi o dia do nascimento de Apolo Onze, isso há quase 14 anos, e sua casa vive em festa desde então. É em torno desses personagens e de outros com nomes improváveis e diferentes - como: Equinócio, Leuconíquio, Pilherio - que Adriana Falcão desenvolve uma história cativante, de amor, paciência, comédia, aventura, sorte e mais um amontoado de sentimentos e euforia boa que a autora nos presenteia; um vaivém de sensações.
Livro que reinventa a linguagem e faz bulir a imaginação do leitor, numa narrativa simples e cheia de sutilezas; a autora tem um jeito lindo e ímpar de pensar e escrever as coisas, as pessoas, o “entorno”; como no convite da festa de nascimento de Apolo Onze:
“Convocação Geral”
Madrugada e Apolo Onze Dez convidam para a festa do nascimento de Apolo Onze.
Data: No dia que ele nascer.
Hora: Depende da hora.
Local: Desatino do Sul.
Traje: Bonito.
Obs: Como a festa não tem data para acabar é bom trazer escova de dentes”.
O livro oferece para o leitor o que chamarei aqui de “dança”, como se fosse um salão cheio de palavras que por ora toca samba, depois bolero, depois rock, valsa... Onde o leitor dança no ritmo da narrativa, em passos descompassados ou não, deixando-se levar por essa “festa”, por esse “rebuliço bom” que Adriana Falcão propõe.
Uma leitura instigante, que faz você fechar o livro já com uma enorme saudade de todos os personagens e daquele lugar dividido pelo “Meio do Mundo”. E, por fim, perguntando-se: “pingo tem coletivo?”.