Alle_Marques 24/12/2023
“Viajou pelo mundo todo, sentada em seu quartinho, numa cidadezinha inglesa.”
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[...] Às vezes encontramos pais que seguem a linha oposta e não demonstram nenhum interesse pelos filhos, e esses são muito piores do que os babões. O sr. e a sra. Losna eram pais desse tipo. Tinham um filho chamado Michael e uma filha chamada Matilda, e tratavam Matilda, particularmente, como se ela fosse uma casca de ferida. Casca de ferida a gente tem que aguentar por algum tempo, até chegar a hora de livrar-se dela e jogá-la fora. O sr. e a sra. Losna não viam a hora de livrar–se da filha e jogá-la longe, de preferência em outro Estado ou em algum lugar ainda mais distante. [...]
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Bem mais simples, raso e superficial do que imaginei que seria, pelo menos considerado os filmes e as formas como eles abordam os temas, mas levando em conta o público alvo e o estilo, único e já consagrado, do Roald Dahl, seria injusto da minha parte desmerecer a obra por causa disso, é um livro infantil e como um livro infantil ele funciona, cumpre seu papel, é uma leitura divertido, fluida e agradável.
É uma sensação sem igual ver de onde veio, a origem, de uma personagem que marcou minha infância, e a de tantos outros, dessa forma, Matilda é uma criança e isso por si só já é o suficiente para lhe garantir, assim como todas as crianças, os títulos de esperta, vivaz, energética, criativa, talentosa e cheia de potencial (mesmo que seus pais não reconheçam nada disso), mas ela ainda tem o diferencial, as peculiaridades – como a inteligência fora do comum e os poderes –, tudo contribui para tornar nossa protagonista título tão memorável e cativante, mas não que ela seja a única, o livro está cheio de personagens e todos contribuem de alguma forma, da professora, a srta. Mel (ou Senhorita Honey como conhecemos do filme), essa objeto de grande afeição dos leitores e alunos, justamente por seu jeito e personalidade tão afetuosa e gentil, aos amigos e até mesmo os vilões e antagonistas, esse últimos mais caricatos, mas ainda assim, marcantes, como a horrenda e ameaçadora sra. Taurino (ou Diretora Trunchbull) e os negligentes e hostis pais da Matilda.
Apesar de estarmos diante de uma história regada à assuntos pesados, como a explicita violência psicológica que a Matilda, e outras crianças, sofrem, especialmente nas mãos da diretora da escola, Dahl ainda conseguiu conduzir sua trama por caminhos mais tranquilos, usando da criatividade, inteligência e humor de sua protagonista para manter a obra leve, interessante e divertida, além de reforçar para os leitores a mensagem que, mesmo em situações hostis e desaforáveis, devemos abraçar nossas peculiaridades, conservar nossas amizades e fazer o que for necessário para não permitir que os outros conduzam nossas vidas por caminhos nocivos.
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[...] De repente, devagarinho, uma sensação estranha começou a invadir Matilda. A sensação localizava–se principalmente nos olhos. Uma espécie de eletricidade parecia estar se juntando dentro deles. Um poder inesperado formava-se naqueles seus olhos, uma sensação de grande força instalava-se profundamente dentro dos olhos castanhos de Matilda. Mas havia também uma sensação diferente, que ela não conseguia entender. Era como se fossem raios. Pequenos feixes de luz pareciam estar saindo de seus olhos. Suas pupilas começaram a esquentar, como se uma energia enorme estivesse se acumulando dentro delas. A sensação era impressionante. [...]
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3° Livro de 2023, 4ª Resenha de 2023
Desafio Skoob 2023