Giselle 23/05/2021
Antes de mais nada, gostaria de dizer que o que mais me intrigou no livro foi o título. Por que esboço? A resposta só veio no último capítulo: o “esboço” seria a sensação de possuir “todos os detalhes preenchidos em volta enquanto a forma em si permanecia vazia”. Apesar de não ter sido uma frase pronunciada pela protagonista, resume bem a obra.
O romance é protagonizado por Faye, uma escritora que viaja a Atenas por alguns dias para lecionar em um curso de escrita criativa. Dividida em 10 capítulos, a narrativa é formada por diálogos entre Faye e amigos, alunos e pessoas que conheceu na viagem. Enquanto isso, a própria personalidade da narradora é silenciada. Alguns detalhes são revelados durante suas conversas - como o fato dela ter se divorciado recentemente. Em outras palavras, Faye é, essencialmente, um esboço, sua forma ainda em processo de redescoberta após a separação.
No geral, a obra me deixou dividida. Por um lado, o formato de narração baseado em diálogos me agrada, meus filmes favoritos - a trilogia before - seguem esse modelo. Por outro, apesar de possuir passagens e reflexões interessantíssimas, esse formato foi, por vezes, maçante. Coincidentemente (ou não), eu me interessei mais pelos diálogos durante as aulas, nos quais pessoas da minha faixa etária expressavam suas ideias, mas a maioria deles eram compostos por reflexões sobre divórcios e separações em geral.
No momento, não pretendo ler os outros dois livros da trilogia. Penso que esse é um livro muito voltado para um público específico, delimitado por idade e experiências específicas, e é necessário que o leitor se identifique com a história para que essa se torne realmente interessante. Infelizmente, esse não foi o meu caso, mas não descarto a possibilidade de retornar a ele no futuro.
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