Camila 31/12/2020Geralmente começo livros sem esperar muita coisa deles e, principalmente, sem saber quase nada a respeito (de preferência nada ou, no máximo, 2,6%). Dito isso, recebi a indicação da Rachel Cusk por um amigo que também me guiou por Elena Ferrante e devo admitir que indicações sempre me geram certa expectativa.
Não sabia o que Cusk propunha em Esboço - ou se propunha algo - e acho que isso foi positivo no sentido de apenas me jogar na leitura, descobrindo o que o livro era - e não era - conforme ele ia se desvelando.
Devido ao costume de ler literatura em formato de uma narrativa linear (com flashbacks ou flashforwards, se for o caso) ou em contos, foi diferente pra mim ler esses recortes/esboços da Cusk, onde um determinado período de tempo é contado através de algumas situações cronológicas pontuais, entre as quais não sabemos o que acontece. Isso faz com que o evento central, isto é, o curso ministrado pela narradora, e a própria narradora em si, não sejam o foco da história.
Não existe protagonista e não existem plots, existem apenas momentos, experiências, diálogos/monólogos e escuta, o que faz com que a narradora seja, antes de mais nada, uma exímia observadora analítica.
Começa e termina como um recorte, sendo assim não há barreiras tão definidas sobre o que é o início ou o fim, e apesar de ficar um pouco frustrada com o final - mais por uma preferência minha do que efetivamente por uma falta da autora - acho que foi coerente com todo o processo.
Com certeza lerei os próximos da trilogia! E espero que algum dia esse livro vire um filme do Richard Linklater :)