Ricardo Tavares 28/01/2022
PRÓLOGO, ATO, EPÍLOGO: MEMÓRIAS
Resenha da Editora
No marco de seus noventa anos, as memórias de Fernanda Montenegro trazem o frescor de uma artista eternamente genial.
Em Prólogo, ato, epílogo, Fernanda Montenegro narra suas memórias numa prosa afetiva, cheia de inteligência e sensibilidade. Com sua voz inconfundível, ela coloca no papel a saga de seus antepassados lavradores portugueses, do lado paterno, e pastores sardos, do lado materno. Lidas hoje, são histórias que podem ?parecer um folhetim. Ou uma tragédia? ? gêneros que a atriz domina com maestria.
Na turma de jovens que circulavam pela rádio estava Fernando Torres, que ela reencontrou nos ensaios da peça Alegres canções na montanha, quando começaram a namorar. Fernando largou a Panair, Fernanda largou a Berlitz, e o casal se entregou de corpo e alma à arte, paixão de uma vida. Constituíram uma família e realizaram juntos um sem-número de peças, ao lado dos principais nomes do teatro brasileiro.
Em páginas de grande emoção, ela relembra os desafios de criar os filhos sobrevivendo como artistas; a busca permanente pela qualidade; a persistência combativa durante os anos de chumbo; a capacidade de constante reinvenção; o padecimento de Fernando; o inesperado sucesso internacional nos anos 1990; a crença na terra que acolheu seus antepassados imigrantes e a devoção por esse país.
Fernanda encarna o melhor do Brasil. Não surpreende que alguém que passou a vida memorizando textos tenha desenvolvido notável capacidade de rememorar com sutileza fatos ocorridos décadas atrás. A atriz que há anos encanta multidões em palcos e telas pelo mundo agora se mostra uma contadora de histórias de mão-cheia.
?Não estou romanceando. Tenho quase um século de vida, portanto posso dizer: ?Era no tempo do rei?.?
?Não se sabe o que mais admirar nela: se a excelência de atriz ou a consciência, que ela amadureceu, do papel do ator no mundo. Ela não se preocupa somente em elevar ao mais alto nível sua arte de representar, mas insiste igualmente em meditar sobre o sentido, a função, a dignidade, a expressão social da condição de ator em qualquer tempo e lugar.? ? Carlos Drummond de Andrade
MINHA OPINIÃO
Já li algumas biografias ao longo de minha breve vida de leitor assíduo. Não é o meu estilo preferido, porém, gosto de conhecer a vida de meus ídolos. Fernanda Montenegro é uma dessas pessoas que enchem nossos olhos de profunda admiração, por seu talento, sua garra, sua trajetória de vida.
Estou lendo há meses uma biografia de Frida Khalo e a leitura se arrasta desde novembro. Não foi escrita pela biografia da, embora contenha muitos relatos, cartas da própria Frida.
No entanto, o livro de memórias de Fernanda Montenegro é narrado por ela mesma e é gostoso de ler, a leitura flui e envolve o leitor. Embora tenha vivido quase o dobro do que Frida, a narrativa da nossa maravilhosa atriz é concisa e não menos rica em detalhes.
Amei ler essa biografia e me orgulho de ter essa maravilhosa atriz e pessoa na história do teatro brasileiro, da tv brasileira e como conterrânea, uma pessoa que valoriza seu povo e suas origens.
Prólogo, ato, epílogo: Memórias é uma biografia necessária, uma leitura que deve ser divulgada para mostrar o valor da arte dramática (leia-se "TEATRO"). VIVA A NOSSA FERNANDONA.