André Lucena 22/01/2022
Muita enrolação, pouca empolgação... E uma pitada de tortura
Basicamente é isso. Estava esperando muito mais do livro, por ser tão bem falado e ser considerado um dos maiores clássicos do século XX, mas confesso que me decepcionei bastante. O livro é dividido em três parte, a primeira é tão desinteressante que quase me fez abandonar a leitura, na segunda parte o livro se torna um apenas um romance bem sem graça, e na terceira, que deveria ser a mais interessante (e realmente é), o livro relata de formas bem chocantes formas de tortura e manipulação do pensamento e expressa bem como é viver sob um regime totalitarista.
Não sei se o livro me decepcionou tanto por ter sido lido depois de ler outras distopias extremamente mais bem elaboradas, como "Admirável Mundo Novo", do Audous Huxley; "Cântico", da Ayn Rand; "Fahrenheit 451", do Ray Bradbury e até o "Nós", do Ievguêni Zamíatin (que gostei menos que os três anteriores, mas que mesmo assim, foi mais interessante que "1984"). O fato é que toda a leitura, do começo ao fim, me deixou com o questionamento "por que este livro aqui é considerado um clássico?". Entendo que na época que ele foi publicado originalmente, no ano de 1949, o George Orwell foi bastante visionário e ousado para a época, o falecimento do autor pouco depois do seu lançamento também fez crescer a popularidade do seu livro, mas ainda assim, não consegui entender o porquê dele ser considerado tão clássico.
A premissa da história e sinopse dão a impressão de que o livro será alucinante, mas o autor peca demais em excessivamente encher o leitor de informações desnecessárias sobre a guerra que é contada no livro, vai e volta para o mesmo tema e com isso, lá se vão mais 10 ou 15 páginas. Cansativo, tedioso...
O que mais me intrigou de forma negativa foi o fato do autor, mesmo se esforçando para contar como o mundo todo (no caso, a Oceânia) era vigiado o tempo todo, em todo e qualquer lugar, mas parece que o mundo narrado pelo Orwell gira em torno do Winston Smith, de maneira conveniente para o desenrolar da história, porém que deixa muitas pontas soltas e questionamentos (sem resposta) para leitores mais intrigados.
[ALERTA DE SPOILER ABAIXO] ??
(Prossiga apenas se você já leu este livro)
O Sr. Charrington, dono da lojinha que vendeu o diário para o Winston e depois alugou o seu quarto para que ele se encontrasse com a Julia, depois que se apresentou como um membro da Polícia das Ideias (com a aparência 30 anos mais jovem), teve seu arco totalmente jogado no lixo, pois ficou claro que o propósito de vida dele era preparar uma armadilha para o Winston ser capturado, só isso, apenas isso. Dia e noite interpretando um personagem velho, dentro de uma lojinha, vendendo bugigangas, apenas para capturar o Winston (que só voltou à loja por acaso). Conveniência narrativa que me incomoda demais.
Enfim... Eu respeito quem considera o livro uma obra-prima, ele realmente é impactante em alguns trechos, porém, na minha opinião, as partes interessantes não anulam todo restante do livro. Gostei muito mais de "A Revolução dos Bichos", que também deixou pontas soltas e situações sem explicação (deve ser uma característica do autor), mas por ter sido mais curto, não permitiu que o Orwell enrolasse demais na história.