Cley 08/03/2020"Os segredos que guardamos" foi inspirado em missão real da CIA durante a Guerra Fria.
"Doutor Jivago", livro escrito pelo russo Boris Pasternak, foi rejeitado por ir contra a ideologia do país.
O plano dos EUA consistia em contrabandear o romance e distribuir à população da União Soviética, a fim de combater o inimigo através da literatura por uma obra escrita por um nativo.
Para isso, a espiã Sally Forrester deve treinar Irina, uma jovem datilógrafa da Agência, com o objetivo de infiltrar "Doutor Jivago" no país de origem do Boris.
Romance histórico são obras muito interessantes. Nesta obra, a Lara Prescott teve êxito em construir uma história que mostra o verdadeiro poder que a literatura tem e o quanto ela pode libertar do obscurantismo.
"Doutor Jivago" é uma obra de denúncia, mas também narra uma linda história de amor. O romance de Pasternak é apenas citado, não há capítulos dedicados a ele, que é o que deixa o leitor curioso para saber o que tem na obra, ou talvez não.
O primeiro capítulo da obra é extremamente bem construído, pois, situa o leitor o que está acontecendo e o que pode suceder.
Os personagens são marcantes, não há economia em suas construções, um ponto positivo, pois aprecio uma boa desenvoltura. Diante disso, a narração em terceira pessoa e a alternância narrativa entre os personagens, deixa a obra mais dinâmica e nos dar um panorama melhor.
Os fatos históricos são inseridos no livro de maneira bem-feita e sem incoerência.
A escrita da Prescott é clara e concisa, porém, houve partes que julgo um pouco tediosas.
Num lugar em que a liberdade de pensamento não era permitida, onde o sistema soviético censurava e perseguia os artistas, mulheres estavam dispostas a mudar isso, pois sabiam que, um livro podia ser usado como uma ferramenta de guerra. E os segredos precisavam ser relevados.
"Nós nos revelamos nos pedaços que queremos que os outros conheçam, até mesmo os mais próximos. Todos temos nossos segredos."