LucasOlif 17/02/2024
''Lembrei que o velho livreiro sempre tinha dito que os livros tinham alma, a alma de quem os tinha escrito e de quem os tinham lido e sonhado com eles.''
"O Jogo do Anjo", de Zafón, se desenrola em uma Barcelona dos anos 20 e segue David Martín, um jovem escritor que recebe uma oferta tentadora de um misterioso editor. Ao aceitar, ele se vê envolvido em uma trama complexa envolvendo tudo que o rodeia, sua casa, seus amigos e principalmente, um livro.
Havia lido "A Sombra do Vento" cerca de 2 anos atrás, e foi um livro que não me encantou e surpreendeu tanto quanto "O Jogo do Anjo". A maior diferença encontrada aqui, e que aparece de maneira discreta em seu antecessor, é o elemento sobrenatural. Zafón usa e abusa desse recurso, deixando até mesmo o final com duplas interpretações. E meus amigos, que final, vi que muitas pessoas não gostaram do jeito que a história se desenrolou e algumas pontas que ficaram soltas, mas para mim, esse foi a chave do final. Perceber que nem todo mistério é resolvido e tem todo final tem de ser fechado, todo final tem de ser explicado, que cabe sim interpretação e que cabe a sua maneira de ver, Zafón me ganhou nisso.
A inserção do sobrenatural adiciona uma camada extra de complexidade à narrativa, criando um ambiente mais sombrio e misterioso. Isso acrescenta uma dimensão interessante à história de David Martín, tornando-a ainda mais intrigante e imprevisível. E claro, falando em ambiente, deve-se destacar a escrita maravilhosa de Zafón e a maneira que ele nos mergulha naquela Barcelona sombria. É incrível a facilidade que ele encontra para nos ambientar; esse foi um dos maiores pontos positivos do livro.
Além disso, Zafón continua a explorar temas como a paixão pela literatura, os desafios da criação artística e os segredos do passado, enriquecendo a trama e proporcionando uma experiência de leitura envolvente e memorável. Tudo isso, tenho de dizer, atribuído a personagens maravilhosos que me marcaram muito.
No geral, "O Jogo do Anjo" é uma obra que se destaca por sua narrativa envolvente, personagens muito bem desenvolvidos e a habilidade do autor em criar um mundo rico em detalhes e mistérios. Estou ansioso pelo próximo título, "O Prisioneiro do Céu", ansioso para encontrar novamente um dos meus personagens favoritos da literatura, Fermín Romero de Torres.
''Sei que alimenta grandes esperanças em seu coração, mas que nenhuma delas se cumpriu e sei que isso, sem que o senhor se dê conta, o está matando um pouco a cada dia que passa.''