Lucas Furlan | @valeugutenberg 11/01/2020
Desconfortável, mas indispensável
Ursula K. Le Guin nos apresenta a utópica cidade de Omelas, um local de paz e muita liberdade, onde está sendo realizado um Festival de Verão. Lá não existem armas, políticos, policiais e nem líderes religiosos. Também não acontecem crimes, pois a população é feliz vivendo apenas com o necessário. O uso de roupas não é obrigatório e o sexo é livre.
Até a metade do conto, Omelas é descrita como uma cidade leve, feliz e radiante, mas então entram em cena a genialidade e os questionamentos sociais e filosóficos de Le Guin. Isso porque descobrimos que a harmonia dessa cidade só existe graças a um acordo cruel e permanente. Não posso contar o que é para não tirar o impacto da sua leitura.
Em "Aqueles que abandonam Omelas", Ursula K. Le Guin aborda temas como empatia e egoísmo, e as questões que ela propõe refletem nossa vida em sociedade. Afinal, quantas pessoas prejudicam outras para alcançar o sucesso profissional? Quantos indivíduos fazem questão de levar vantagem em tudo? Quantos apresentam um ar de bondade e felicidade, mas guardam segredos sombrios por dentro? Quantos acreditam que devem desprezar uma minoria, para, supostamente, satisfazer a maioria?
Mas não se trata apenas de apontar o dedo para os outros. A obra também pergunta: quanto VOCÊ estaria disposto a abrir mão de alguma conquista, se soubesse que ela está manchada por dor, mentiras e sofrimento?
Com pouquíssimas páginas, "Aqueles que abandonam Omelas" é um texto que faz pensar bastante. É um conto desconfortável, mas indispensável.
site: https://valeugutenberg.wordpress.com/2020/01/10/resenha-aqueles-que-abandonam-omelas/