Lolita

Lolita Vladimir Nabokov




Resenhas - Lolita


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cris.naka.1 29/05/2023

Quando o cinismo encontra a genialidade: Lo-li-ta
Humbert Humbert não tinha apenas um pseudônimo estranho, tinha também uma obsessão doentia. Ele sempre acreditou que encontraria sua “ninfeta” perfeita, sua deusa de no máximo 14 anos a qual poderia fazer “qualquer” homem perder sua cabeça. No interim de sua fuga para os EUA, então, Humbert Humbert encontrou quem sempre sonhou, Dolores Haze, sua Lolita.
Esse livro é ao mesmo tempo incrível e perturbador. Ambos, pelo mesmo motivo. Sua escrita completamente rebuscada, com várias parte em francês que me obrigaram a parar a leitura para consultar um tradutor, fazem com que a experiência de leitura tome outras proporções.
Para um narrador-personagem, Humbert se utiliza muito bem de suas palavras não só para se defender em suas atitudes sabidamente ilegais, mas também para mostrar pelo seu próprio ponto de vista o que ele acreditava se passar durante esses anos narrados na história. O limiar entre a mentira e a verdade acredito ser o ponto principal do livro, a partição onde os adoradores permanecem e os haters desistem.
Trata-se de uma história na qual nunca encontraremos um veredito, pois, apesar de haver sim indícios claros em algumas partes de distorções de narrativa contadas pelo próprio protagonista, muitas das cenas, que eu diria fantasiosas, se perdem na manipulação de Humbert e seus problemas mentais.
Em uma cena muito característica de perseguição, a lógica de Humbert chega a ser tão distorcida que de fato me questionei o quanto daquilo era uma alucinação de sua mente e o quanto de fato o personagem acreditava naquilo.
É um livro difícil, não só em leitura, mas também em estômago e crítica. Não se pode ler ele sem um omeoprazol do lado e uma mente afiada, pois, em qualquer desvio, você pode cair no conto do autor.
Ele usa de ideias freudianas, fala do “caráter nada inocente de Lolita” e descreve situações completamente não condizentes com a realidade a fim de nos justificar seus atos. Usa até mesmo eventos cósmicos como explicações de “como isto estava destinado a ser”. Não é um homem que não sabe o que está fazendo.
Contudo, por mais estranho que isso pareça depois de tudo que contei nesta resenha, Humbert ainda chega a inspirar alguma simpatia, seja por seus comentários, seja por seus pontos de reflexão devidamente humanos. Em certos momentos do livro é possível ver que ele de alguma forma de fato acredita que a obsessão pela jovem é amor e sabe o quanto ela não é feliz com aquilo. Outros momentos, a dor de saber o quão errado aquelas atitudes deles é chega a ser exibida (o que não o exime de cometê-los mesmo assim). A psicopatia dele, o ciúme, a cólera, tudo se mistura em um personagem bem completo e mostra faces que inspiram tanto aversão quanto dó. Algo digno de um tratamento e de uma condenação.
Para quem quiser ler esse livro, eu digo boa sorte com uma reticências no final. Espero que tenham uma boa leitura.
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malulopes_016 16/02/2022

É isso né mores
Demorei um total de 4 aninhos pra ler esse livro. Li sendo 4 pessoas diferentes e não recomendo pra nenhuma daquelas que eram menores de idade. É um livro muito sério, que tem que ser lido com consciência. Muito bom, espero nunca mais relê-lo
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Luíza | ig: @odisseiadelivros 29/07/2020

Leitura de quarentena #12 (já cansei de contar, acho que essa quarentena será infinita)
A técnica narrativa de Lolita, ao mesmo tempo que é sua glória, é o seu abismo. Por conta dela, muitas pessoas o admiram. Por conta dela, muitas pessoas o odeiam. A ambiguidade criada pela escrita faz com que, na minha opinião, pessoas interpretem o livro de maneira equivocada: romantizam a pedofilia. Romantizar no sentido de torná-lo normal, algo a ser admirado, algo bonito.
Ao longo da leitura, comparei Humbert Humbert a Bentinho, de Dom Casmurro. Ambos são narradores não-confiáveis, ambíguos (loucos?). Devemos levar suas narrações à sério? Sim, pois a literatura representa a vida. E os Bentinhos e Humbert Humberts existem na realidade.
É um livro que não explica nem justifica a pedofilia: ele a apresenta, da forma que ela é, da forma com que o pedófilo pensa. Claro que ele dá suas motivações, justifica suas atitudes, para que o leitor seja colocado em xeque. Você acredita nele? Você concorda com suas atitudes? Somos colocados em um impasse moral.
O livro é todo Lolita. Lolita é uma personagem muito ambígua pelos olhos do narrador. Ora anjo, ora demônio. A obsessão de Humbert faz com que ele preencha cada página (pois é ele quem relata, quem narra) a respeito dessa “ninfeta”, termo que ele designa meninas púberes, até determinada idade, que o atraem sexualmente. A culpa, claro, não é só dele. As meninas se insinuam para ele! Elas são sexualizadas por seus olhos, mas elas já possuem uma sensualidade inerente e consciência (veja bem!) do que estão fazendo.
Certo?
É assim que o protagonista pensa. E foi isso que me fez empacar constantemente nesse livro. A moral (e ainda bem que ela existe) nos faz estranhar essa história. As primeiras 100 páginas, pelo menos, são as mais difíceis de tragar, no sentido de que vemos as justificativas que ele formula para defender suas ações. Não para um júri, aparentemente, mesmo que ele fale de forma recorrente a um, durante a narrativa. Mas para ele mesmo. Ele não se arrepende, mas quer “salvar” sua “alma”. [seja lá o que isso significa na mente dele]
A escrita de Nabokov ofusca muito as cenas que seriam consideradas pornográficas se não houvesse um cuidado estético (o que, pra mim, que não estudo muito a respeito disso, está longe de ser considerado erotismo também). Em “Sobre um livro intitulado Lolita”, ele fala que sua intenção NÃO FOI escrever um livro pornográfico. Tampouco moral. Tampouco didático. Tampouco romantizado. Ele é um provocador, na verdade.
Veja bem, Nabokov conhece bem a teoria e crítica literárias. Ao escrever um livro como esse (magistral), ele está nos provocando quando aquela típica pergunta surge “O que o autor quis dizer?”. Ora, o autor não quis dizer nada! Quem está dizendo, é o Humbert Humbert! E ele cuidou, esteticamente, para que o texto não fosse atribuído a ele: o prefácio fictício, as descrições de rotas, os pseudônimos. Esse livro não é mais do Nabokov. Nem do Humbert Humbert. A bomba é deixada para o leitor (ou os leitores, para se digladiarem até a morte defendendo uma interpretação específica).
Porém, aí nós, como leitores, somos colocados em xeque. Estando o autor morto (no sentido literal e figurativo), a quem atribuímos as intenções do livro? E eu respondo com outra pergunta: QUAIS questões? Tudo o que devemos interpretar, está no livro [seria um ótimo exemplo pra levar pra uma aula de teoria literária na faculdade] & [Nabokov, te odeio]. Se uma pessoa diz veemente que é uma romantização da pedofilia, que ela prove no texto. Se eu digo que não é (e eu digo isso, novamente, pra ficar ainda mais claro), eu posso dizer, não só pela afirmação do Nabokov dizendo que NÃO É um romance pornográfico, mas sustentando que a linguagem do livro cumpre seu papel ao mascarar as ações de Humbert (não há cenas descritivas daquela forma chula que seria se fosse pornográfico) em uma técnica narrativa floreada, característica do pedante protagonista. Se fosse romantização, tudo seria explícito.
Há, também, consciência do narrador de que ele, ao construir uma relação (mais sexual do que amorosa) com Lolita, corrompeu mais do que sua inocência, sua pureza. Ele a corrompeu de uma forma geral. Dá para perceber, claramente, as consequências que a ação traz para a vida de Dolores, antes mesmo que Humbert tenha consciência disso. Trago aqui outra comprovação de que esse livro não normaliza a pedofilia: vemos as consequências dos atos do pedófilo.
E nem vou dizer que ele também é corrompido, porque ele já é corrompido desde o começo. A obsessão dele é extremamente nojenta e abusiva, beirando a sociopatia. Além de que ele não a vê como indivíduo, e sim como objeto (sexual). Em momento algum consegui perceber a exaltação desse ato não só pecaminoso, mas imoral e ilegal. Pelo contrário, a cada página o sentimento de repulsa me deixava desnorteada, a ponto de eu não tocar no livro por dias a fio.
E detalhe: ele não é o único pedófilo do livro. Há mais do que um tipo de pedófilo nesse mundo (real também!). Ao mesmo tempo que Humbert mostre seu lado sórdido algumas vezes, ele se descreve como “romântico”. Se esse livro fosse narrado pelo outro pedófilo que se encontra na narrativa, aí as pessoas veriam o que é pornografia infantil. [Que horror, já estou indo muito longe pra dizer que esse livro não defende a pedofilia]
Bem, sintetizando minha resenha: gostei muito do livro, mas foi, de longe, o mais difícil que já li na minha vida. Tive vontade de vomitar a cada página. Não o indicaria pra qualquer pessoa. Mas se você for o ler, eu digo: por favor, não ache que esse livro banaliza a pedofilia; e proteja as crianças.

site: https://www.instagram.com/odisseiadelivros/
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Denise.Marreiros 15/09/2020

Essa foi definitivamente a leitura mais difícil desse ano até o momento.
Achei os personagens odiosos(dadas as devidas proporções) e as situações mais odiosas ainda. Nada ali é explícito, não há excessos nas descrições, mas você sabe o que se passa o tempo todo, e isso me causou asco.

Não, não gostei da Lolita. Não, ela não é inocente, mas de maneira alguma merece o que está acontecendo. Ela é só uma criança, uma vítima. Sua vida começa a desandar aos doze anos e você termina sem a perspectiva de uma final feliz. Não existiu em momento algum no livro alguém que desconfiasse ou que lutasse por ela, alguém que enxergasse minimamente que tudo aquilo estava errado. É angustiante e desolador acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Esse livro não é um romance embora o narrador tente te convencer do contrário, não o romantizem. Ali não existe amor, só dominação, um adulto dominando uma criança.

Humbert Humbert se tornou o meu vilão mais odiado. Demorei nove dias para concluir a leitura desse livro que é relativamente pequeno, por que em alguns dias não conseguia estar com esse personagem que me sugou e envolveu completamente.

A leitura no geral é bem difícil e te consome, não há alegria e pra mim não existe perdão para tudo o que acontece, mas vale a pena, me tirou totalmente da zona de conforto.
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Jakelline.Freitas 19/06/2023

Recomendo como uma nova forma de observar o mundo
É um livro perturbador mas muito interessante. A leitura é bem lenta por ser muito descritiva e pesada. Eu recomendo e acrescento que esse livro vai mudar a sua visão de mundo, principalmente se você tem conhecimento sobre psicanálise. Há momentos em que você se pega torcendo para o protagonista e isso é o que mais me deixa fascinada porque um escritor comum nunca conseguiria produzir esse sentimento pelo menos em mim. Um adendo é que tem muitas frases em francês sem tradução.
Bren 19/06/2023minha estante
Qual a relação a respeito da psicanálise amg?


Jakelline.Freitas 20/06/2023minha estante
O subconsciente do protagonista sempre a procura da primeira "lolita" em outras pessoas, os momentos que claramente são controversos e distorcidos na cabeça de H.H que demonstra seu subconsciente "encaixando" peças ligadas a insegurança, ao reencontro do protagonista com a lolita quando apesar dela dizer coisas boas em relação ao "pai" as ações que ela tem demonstram outra coisa, entre outras


Bren 20/06/2023minha estante
Tendi, faço psicologia mas ainda vou começar a estudar psicanálise (e ler esse livro tbm kfkd), mas obg pela explicação!!?




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Jota Ge 12/12/2021

Chocante demais
Comecei o livro sabendo que ele poderia ser um dos mais nojentos que já li na minha vida (o que não estava errada). Porém, eu não esperava uma escrita tão perfeita para um tema tão horrendo. Vladimir consegue descrever com clareza a pedofilia e, assim, ?testar? o pensamento crítico do leitor, o que achei genial.
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rlc.blurryface 23/01/2022

Leitura muito difícil, pode despertar muitos gatilhos
Esse livro foi como um teste de resistência pra mim. Eu tive muita dificuldade pra terminar a leitura porque é, de fato, um tema pesado. Eu já conhecia a história por ser um livro famoso e ele já estava na minha lista há algum tempo, mas só consegui ler esse ano. Tirei forças pra terminá-lo pela minha disciplina de sempre ler um livro até o final, mas confesso que foi muuuuito complicado manter essa promessa até o fim.
Não é um livro pra qualquer pessoa e apesar de ser um clássico e ter todas as justificativas que fazem dele famoso, eu não consigo dizer que gostei. Particularmente, foi um dos piores que já li pelo seu conteúdo. Em contrapartida, é muito interessante que se tenha um tipo de registro sobre como funciona a mente de um pedófilo. Lendo, pude entender muitas coisas e até rever outras. Pensar sobre o assunto é meio angustiante, mas é importante. Só me fez pensar o tempo inteiro sobre a necessidade da educação sexual pra crianças e adolescentes.
Pedro1691 29/04/2023minha estante
??




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Anne Luísa 14/11/2022minha estante
MDS que resenha pft




hermès. 07/07/2023

Livro de maluco
Demorei 6 anos pra finalmente ter coragem de ler esse livro, e ainda não sei o que pensar direito sobre ele.

a escrita é linda, fluida, poética e muito romântica, e por isso é fácil se deixar levar as vezes pela narrativa do humbert h.; no entanto, em certos momentos, é possível ver o nojo e a repulsa que a dolly sentia dele somente pelas palavras que ela usava, assim como os momentos em que ela se recusava a estar perto dele.

me perguntei por muito tempo qual era o objetivo real desse livro, já que aparentemente o nabokov mesmo disse que ?lolita não trazia nenhuma lição de vida, é apenas uma obra fictícia?, mas gosto de pensar que, no ano em que foi publicado nos estados unidos, a pedofilia era um tabu e um assunto pouquíssimo discutido na sociedade.

obras explícitas como ?lolita? produzem um choque moral na sociedade muitas vezes necessários para que nós nos atentemos àquela problemática.

espero que eu consiga ler esse livro de novo, apesar de quase ter vomitado várias vezes enquanto lia; não é um livro pra qualquer um, tem que ter muito estômago pra aguentar até o final.
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Jaynna 02/09/2021

É daqui direto pra terapia...
Primeiramente, gostaria de deixar bem claro que o livro é desde o principio REPLETO de GATILHOS de abuso e pedofilia.

A mente de um pedófilo é um local perturbador, asqueroso e cruel. H. H é um completo narcisista obcecado, então;
? Se você possui qualquer tipo de gatilho, por favor, não leia. Essa leitura foi uma experiência instável do começo ao fim até mesmo pra mim.
E embora o livro possua pouquíssima violência gráfica, a violência psicológica se faz presente a todo momento.

Agora falando sobre a obra em si;
A leitura é muito poética e descritiva. Se formos ignorar todas as atrocidades que se passam na cabeça desse homem abusador e misógino, me atrevo a dizer que o autor possui um das escritas mais ricas e imagéticas que eu já tive contato, principalmente na parte II do livro, que foi onde a história me prendeu mais.

Vale lembrar novamente que li esse livro com o intuito de "passar raiva", pois comecei já tendo plena ciência de que o livro **NÃO SE TRATA DE UM ROMANCE!!!*** Leia com responsailidade.
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Everton Vidal 28/02/2020

Tem como achar beleza em algo assim, que narra algo tão repugnante do ponto de vista ético? 65 anos depois da primeira publicação desse livro as respostas a essa questão ainda não são muito convincentes. É um romance que perturba, que é violento e que comove ao mesmo tempo.
A história - erótica, cómica e trágica - de uma obsessão e suas (in)consequências imediatas. É também uma metáfora do encontro entre a velha tradição literária europeia e a florescente cultura pop americana.
Vitória Marcone 28/02/2020minha estante
Espero um dia criar coragem pra ler


Everton Vidal 28/02/2020minha estante
Não sei se o leria hoje, mas é um clássico e tanto né, rs.


Vitória Marcone 28/02/2020minha estante
Verdade, é um clássico, talvez um dia eu crie coragem kkkkkkk




JwithT 27/04/2023

Lolita é um pouco mais que uma obra prima - o mínimo que eu poderia dizer de um dos meus livros favoritos. A visão de H.H. que toma conta de toda a narrativa nos faz mergulhar na personalidade do personagem e na sua visão da realidade. O que fascina em Lolita é o controle que Vladimir Nabokov tem da linguagem, tratando de um assunto tão sórdido com tamanha poesia. (É sempre interessante essa construção do narrador que visa convencer o leitor de suas convicções, além de justificar suas ações). Uma mistura de emoções negativas com espaço para o encanto da literatura.
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