Ana Júlia Coelho 09/05/2022Em Terra Americana, Jeanine narra a história de Lydia e Luca, mãe e filho mexicanos que levam uma vida razoável em Acapulco. Mas a vida deles vira de cabeça para baixo ao perderem todos os familiares em um ataque realizado por um cartel que domina a região. Morrendo de medo de também perder seu filho ou de deixá-lo sozinho no mundo, Lydia vê como única opção tentar atravessar a fronteira para os Estados Unidos, onde talvez se sinta livre de todo o terror que a alcançou.
O caminho até o Norte vai ser complicado, e os dois encontram muitos perigos e horrores nesse trajeto. Mas também encontram boas amigas, Soledad e Rebeca, a quem se unem para tentar a travessia. Juntos eles precisam enfrentar a polícia, fugir do cartel que permanece atrás deles, desconfiar de cada pessoa que se aproxima, enquanto tentam manter a esperança de dias melhores.
O livro é meio parado no início, mas a intenção é gerar essa aflição e desconforto no leitor. Adorei o desenvolvimento da história e principalmente dos personagens, que vão se tornando mais melancólicos ao longo da viagem por conta de toda a carga que carregam e dos terrores que enfrentam. As mulheres descritas no livro são extremamente fortes e persistentes, dedicadas a alcançarem os objetivos, e a autora teve muita sensibilidade na hora de abordar um tema tão delicado quanto a movimentação que os emigrantes fazem em busca de uma vida melhor, mesmo precisando correr tantos riscos para alcançar esse objetivo.
“Na pior das hipóteses, nós os enxergamos como uma multidão invasora de criminosos predadores e, na melhor, como uma espécie de massa marrom, desamparada, empobrecida e sem rosto, batendo a nossa porta para pedir ajuda. Raramente pensamos neles como seres humanos.”
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