ingrid 05/04/2021
Personagens chatos e sem a complexidade da adaptação
Conheci Codinome Villanelle graças a série Killing Eve, uma das minhas séries favoritas, que é a adaptação para a televisão do livro e por isso fui com expectativas ? mesmo que mínimas (já tinham me falado que o livro não era tão bom quanto a série) ? de que me interessaria pelo livro e que a história seria interessante, visto que é um livro de espionagem com um toque de homoerotismo graças a relação de obsessão entre as duas personagens ? a assassina Villanelle e a investigadora, Eve Polastri.
Bem, eu estava enganada. O livro não é minimamente interessante. Os personagens são rasos e parecem caricaturas dos personagens da série, não possuindo profundidade e parecendo apenas personagens. Eles não possuem humanidade. Por exemplo, na série vemos a Villanelle e toda a sua dualidade, desde o lado assassina até o lado emocional (que eu acreditava ser mais trabalhado no livro) mostrando como a mesma tenta lidar com a psicopatia, com a obsessão pela Eve ao mesmo tempo que é uma vilã totalmente carismática que faz você se apaixonar rapidamente. Já a Villanelle do livro não, acredito que o escritor até tentou dar um pouco da realismo a personagem, mas não conseguiu, tudo soa muito artificial, okay já entendemos que ela é psicopata, mas como ela se sente em relação a isso? O argumento utilizado pelo livro, dela não sentir nada, só mostra uma falta de vontade de desenvolver a personagem, utilizando-se da psicopatia dela pra isso.
A Eve no livro aparece muito pouco, e possui umas diferenças bruscas também em relação a série, sinto como se faltasse sentimento nesse livro, tudo é artificial demais, a Eve tem uma perca causada pela Villanelle e não é mostrado como ela se sente em relação a isso, pelo contrário, o autor resolve fazer uma passagem de tempo do que lidar com os sentimentos da personagem.
A relação das duas, e a dualidade entre esse relacionamento é muito sem graça no livro, com a obsessão começando do nada de ambas as partes, é como se o autor quisesse chegar em algum canto mas não soubesse como.
Enfim, Phoebe Waller-Bridge teve um trabalho incrível em adaptar uma história tão mediana em uma série tão incrível, e Sandra Oh e Jodie Comer tiveram um trabalho espetacular em transformar personagens tão superficiais em mulheres complexas e apaixonantes