spoiler visualizarLuciano 18/01/2015
Vou correr dessa série...
Correr ou Morrer conta a história de um grupo de garotos que estão presos em um labirinto. A história começa quando Thomas se junta ao grupo. Lá ele descobre que os garotos formaram uma pequena sociedade organizada e estão naquele labirinto há dois anos.
Em um primeiro momento, o enredo me pareceu muito interessante. Conforme fui lendo percebi que não era bem assim. Muitas coisas na história me desagradaram. As personagens são bobas e desinteressantes (e em diversas passagens, estúpidas) e acho que isso é uma das piores coisas possíveis em um livro com o tipo de narrativa proposto. Os "nomes" dos garotos foram inspirados em nomes de grandes cientistas como Newton e Darwin (mas por algum motivo a personagem principal se chama Thomas em homenagem ao Thomas Edison). O autor fez isso para reforçar a ideia de que esses moleques são muito espertos, mas em dois anos ninguém pensou em estudar pra valer os padrões do labirinto? Pior ainda, em dois anos lá, depois de terem mapeado o labirinto todo, nenhum pensou em jogar pedrinhas no penhasco?
Então eles, guiados pela única pessoa que parece inteligente (e só é porque o autor precisa de alguém que consiga avançar a história), o Thomas, conseguem sair do labirinto (pela única e óbvia saída). Descobrem que o mundo está um caos e que estão sendo usados em experimentos científicos para que cientistas consigam descobrir a cura para uma doença chamada Fulgor. Essa doença faz as pessoas se tornarem violentas e animalescas, ou seja, é a versão hardcore da raiva.
A doença em si é bobinha mas o mundo devastado e os cientistas e seus testes conseguem ser piores. Primeiro o mundo pós-apocalíptico. Explosões solares (que deviam ser ejeções de massa coronal, mas o autor não menciona isso, perdendo mais pontos na parte científica da sua ficção) violentíssimas mataram milhões de pessoas e o caos que isso gerou permitiu o Fulgor se proliferar. Apesar de algo assim ser extremamente improvável de acontecer, é possível, admito. Mas acho que faltou pesquisa para escrever sobre isso. Se uma explosão dessas atingisse a Terra e realmente matasse tanta gente, o planeta iria se tornar praticamente estéreo, plantas e animais morreriam também; a vida seria obviamente comprometida. Os sobreviventes deveriam ter canceres horríveis e morreriam lentamente assistindo o festival de auroras, que deveriam aparecer pelo mundo todo. Mesmo que esse não fosse o caso, o campo magnético da Terra ficaria em frangalhos e dentro de algum tempo todo mundo morreria de qualquer jeito. Ok, mas supondo que de algum jeito pessoas consigam sobreviver e se proliferar nessa sopa de radiação, não haveria eletricidade no planeta. O autor disse que as explosões pegaram todos de surpresa e isso, basicamente, significa que as redes elétricas do mundo inteiro foram comprometidas e jamais voltarão a funcionar. E esse não parece ter sido o caso na história. Imagino que isso dificultaria muito uma organização como a CRUEL.
O motivo dos garotos estarem no labirinto é absurdamente ridículo. Cientistas colocam adolescentes e crianças em um labirinto com monstros que os matam para ver suas reações, ver quais seriam fortes e medir suas ondas cerebrais (de algum jeito mágico que não é explicado, outro elemento da parte científica da ficção que falha). Isso é muito, mas muito longe de como uma pesquisa científica que busca a cura de uma doença seria realizada. Principalmente em um mundo destruído e virtualmente sem eletricidade.
A parte ficcional do livro é péssima. Toda e qualquer tentativa de adicionar algo científico (em uma história que obviamente tem uma veia científica) falha miseravelmente. No fim é uma história de pessoas que deveriam estar mortas que construíram um labirinto gigantesco sem os meios para fazê-lo para crianças bobocas serem testadas e, de alguma forma, usar isso na criação de um antídoto para uma doença que cria zombies vegetarianos.