Butakun 18/09/2020
De Volta ao Ar (Livre)
Uma das coisas que me fazem manter a assinatura do TAG Inéditos é que sempre que paro para ler o livro do mês - às vezes pulo dois ou três, por conveniência - me surpreendo positivamente - aliás, quase sempre, porque "Apenas um Olhas", do Coben, e "A Única Mulher", da Marie Benedict, foram leituras bem tediosas e aquém do desejado. O Grisham já estava no meu radar literário há alguns anos, por causa de "A Firma", mas era mais um daqueles casos em que o tempo vai passando, passando, passando, e... enfim. Considerando que o gênero investigativo não é tão presente aqui no clube (se não me engano, o único outro desse gênero que deu as caras por aqui foi "O Quarto em Chamas", do Michael Connely), essa é uma obra muito bem-vinda, porque apesar de não costumar ser nada tão complexo ou profundo sempre traz uma boa discussão à tona, seja sobre corrupção policial, racismo estrutural e até institucional, e também sobre a injustiça do sistema judiciário - estadunidense, no caso em questão. "A Cartada Final" tem isso tudo, e com um mérito adicional: aqui não há reviravoltas mirabolantes, nem coisas absurdas acontecendo nos momentos mais inoportunos. A trama nos conduz por uma narrativa extremamente ágil, coisa que me surpreendeu um pouco, essa velocidade nos acontecimentos e seus desdobramentos, em que aquilo que é pretendido simplesmente é alcançado, e não surpreendentemente, porque o autor consegue nos deixar envolvidos com e atentos aos passos dos membros da Guardiões da Inocência (que curiosamente passa a ser chamado pelo nome original - Guardians Ministries - um pouco a metade da obra... Erro de tradução? Deslize da revisão? Não sei), fazendo com que seu caminho não nos seja estranho ou inesperado. Ainda como ponto positivo, cabe mencionar que o momento desse romance no clube foi bem assertivo, considerando a atual tensão social de viés racial/étnico que estamos vivenciando atualmente. Já como negativo, percebi apenas uma coisa, que é o fato de haver uma certa repetição desnecessária de apontamentos em determinados pontos do livros, principalmente na primeira metade, mas não chega a ser algo que possa comprometer a experiência de leitura e/ou o andamento do texto. Fiquei bastante satisfeito com o livro, como um todo, e até já encomendei outros romances do Josh.
Ah, e uma última observação: há um ótimo filme do Clint Eastwood, chamado "Crime Verdadeiro", baseado em "True Crime", livro do Andrew Klavan, que segue essa mesma linha, de alguém injustamente condenado por um crime que, já às portas da execução, encontra um guardião que tenta encontrar respostas e provar sua inocência.