Pollyana 04/02/2023
Uma leitura aconchegante!
"A Garota que Lê no Metrô" não fala só de livros, mas também de mudanças, aprendizados e no quanto uma simples história pode impactar nossas vidas.
Cada um dos personagens têm seus próprios dilemas e problemas, mostrando que todos têm dificuldades a serem superadas, um passado doloroso ou uma importante decisão a ser tomada.
Nossa pequena, mas significativa história começa com uma garota chamada Juliette. Uma gentil e educada, porém solitária jovem, que percorre as ruas de Paris, tendo como maior e principal passatempo observar o que as pessoas estão lendo no metrô.
Sua rotina é um tanto monótona, e sua única amiga é sua colega de trabalho, Chloé.
Sua vida, no entanto, ganha um novo sentido após se deparar com uma missão um tanto inusitada: virar uma mensageira, fazendo do mundo uma inesgotável biblioteca, distribuindo livros não para pessoas aleatórias, mas sim, para aquelas que julgar ser a escolha ideal.
Juliette é aquela protagonista que a princípio não damos nada por ela, mas no final já estamos todos apegados com seu jeitinho especial, sendo as vezes alguém totalmente tímida e em outras, um tanto emburrada, reclamando das pequenas trivialidades da vida.
De modo geral, acredito que foi a personagem que mais amadureceu ao longo do tempo, especialmente após fazer amizade com o "o homem de chapéu verde" e conhecer a história de Soliman (comentários sobre ambos personagens mais abaixo).
Juliette deixou, aos poucos, de ser aquela jovem que vivia apenas para observar as pessoas e esquecia de si mesma. Ela se permitiu conhecer e descobrir o que queria fazer, quais eram seus sonhos, suas motivações... E de certa forma os livros a ajudaram nesse processo. Em cada passo eles estavam lá, servindo como uma espécie de resposta para suas perguntas, ou um ombro amigo em uma situação difícil.
A autora aborda de uma forma bem sensível e realista o quanto algumas palavras, bons personagens e uma emocionante história pode mexer conosco, fazendo-nos repensar alguma atitude, refletir sobre uma determinada ação do passado ou até mesmo sobre o caminho que queremos percorrer a partir de agora.
Quando Juliette resolve, em uma manhã de Fevereiro, fazer um desvio numa rua vazia, sombria e ladeada por prédios rabiscados, ela se depara com algo peculiar que lhe chama atenção: uma placa de metal esmaltado com letras garrafais onde se estava escrito "Livros sem limites". Ela ainda não sabia, mas a partir deste dia tudo iria mudar, e digo isso não só pelas novas surpresas que apareceriam na sua vida, mas também pelas belas amizades que faria, inclusive com o dono do local, Soliman, e sua filha, Zaide.
Misterioso e pai afetuoso, já esperava gostar de Soliman desde o começo, porém, não imaginava que fosse me apegar tanto ao personagem. Acredito que isso deve-se ao fato dele nos lembrar de alguém querido... Talvez um professor que sempre sabe o que dizer e
passe aquele ar de "sabe tudo", ou então um pai, tio, avô, que esteja conosco na medida do possível, dando o seu melhor para mostrar que se importa com nossos sentimentos, mas do jeito dele, com uma personalidade característica.
Já Zaide, é uma garota extrovertida, alegre, esperta...Parece ser mais velha do que é devido a algumas de suas falas maduras. Seu sonho é conhecer o mundo e sair um pouco da "prisão" que o pai lhe colocou, temendo que algo de ruim acontecesse com ela, chegando a protegê-la demais.
"O homem de chapéu verde", ou melhor, Leonidas, é um homem virtuoso e sábio. Começa a desenvolver uma certa amizade com Juliette após conhecê-la. Ele é quem dá os melhores conselhos e sempre parece dizer a coisa certa. Embora o personagem não tenha tido tantos momentos na primeira etapa do livro, ele foi fundamental para o desenvolvimento da protagonista e para o desfecho final da obra.
"A Garota que Lê no Metrô" possui vários outros personagens significativos, mesmo que apareçam brevemente e tenham uma participação curta, como por exemplo, a idosa que folheia todos os dias um livro italiano de culinária e sorri; a garota dos romances que caí em lágrimas quando chega na página 247; o seu chefe, dono da imobiliária que trabalha e sua amiga, Chloé, dona de uma personalidade forte e entusiasmada.
Descobrir quem eles são, ou melhor: qual desfecho irão decidir para si mesmos é o melhor da história. A todo momento a autora nos lembra que nós quem decidimos o nosso final. Somos os protagonistas da nossa vida. O que decidimos têm consequência e afeta não só nosso futuro, como o presente.
Em geral, a obra é leve. É aquele tipo de leitura que trás certa paz, especialmente para um leitor sonhador, apaixonado por todos os livros empilhados na estante. É aquele tipo de história que nos toca pela veracidade e delicadeza, cativando pela sensação que transmite de aconchego, de pertencimento.
Contendo ainda uma ambientação repleta de referências, o leitor se sente dentro das ruas de Paris, percorrendo cada trajeto ao lado de Juliette. Indico a leitura para todos os leitores, dos mais variados gêneros, afinal, esse livro é para você: o investigador, o romancista, o aventureiro, o dramaturgo, o caçador de recompensas, o futurista...
Por fim, agradeço a Editora Valentina por mais um mês de parceria. "A Garota que Lê no Metrô" com toda certeza entrou na lista dos meus queridinhos! E espero que entre na de vocês também! Um forte abraço e até a próxima resenha.
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