Janaina 10/10/2022
Passing
Ambientada num cenário de segregacionismo americano, no qual a conclusão pela identidade negra do sujeito exigia apenas uma ?gota de sangue única?, ou seja, um único ancestral negro, a obra aborda um tema sobre o qual nunca tinha lido nada: o ?passing? racial.
Ali somos apresentadas a duas amigas de infância, Irene e Claire, que, apesar de igualmente negras e ?passáveis? por brancas, deram rumos diferentes a suas vidas, reencontrando-se já adultas, 12 anos depois.
Irene, casada com um médico negro seduzido pelo mito da democracia racial brasileira, constituiu sua família sustentada em suas origens, mas não demonstra grande entusiasmo pelo caminho que sua vida tomou.
Claire, depois de perder o pai e sofrer junto às tias, resolvendo beneficiar-se do passing para usufruir de privilégios não reconhecidos aos negros americanos do século passado, casou-se com um homem branco extremamente racista, utilizando-se, sem culpas nem traumas, dos benefícios que o casamento lhe outorga.
O reencontro semeará em Irene sentimentos angustiantes e contraditórios que a levarão a hesitar entre manter-se fiel a sua consciência racial, enquanto princípio, ou relativizá-lo para proteger a amiga. O ar sedutor desta e sua aparente segurança quanto às decisões que toma evidenciarão, ainda, em Irene, fragilidades e inseguranças que ela nunca havia se colocado a olhar.
Li o livro com minhas irmãs depois que a leitura foi proposta pelo @lendolafora e fui discuti-lo também com o grupo e fiquei impressionada como os enfoques das duas discussões foram diversos.
Tanto eu como minhas irmãs gostamos muito e ficamos muito impactadas com a leitura, e divididas em relação à interpretação do final, ao passo que no grupo eu tenha ficado com a impressão que ele não agradou tanto, por soar pouco profundo, embora tenha rendido discussões valiosíssimas.
O livro é curto, de leitura fácil e rápida, e, talvez pelo ineditismo do tema para mim, tenha ressoado por bastante tempo, instigando importantes reflexões.
Super recomendo.