Ivy (De repente, no último livro) 14/05/2020
Resenha do blog "De repente no último livro..."
Eu comecei a ler esse livro esperando uma coisa e encontrando outra. Para ser bem sincera, não sei porquê havia me convencido de que este era um suspense histórico, ambientado nos anos 30 ou 40. Quando comecei a ler e vi que estava ambientado nos tempos atuais, me senti um pouco frustrada, por conta da idéia que havia formado que encontraria nestas páginas. Na verdade, O silêncio da cidade branca até está em alguns capitulos narrado em tempos passados, nos anos 70, mas a história em si é bem diferente do que eu havia imaginado.
Criei na cabeça a idéia de uma versão espanhola de Jack, o Estripador. E embora o ardiloso psicopata deste livro até tenha um lado sombrio ao estilo de Jack, de resto não há nada de semelhante entre uma história e outra.
Além disso, o livro demora pra prender. A escrita de Eva Garcia é carregada de detalhes históricos, dados e fatos sobre a cidade de Vitoria. Pra quem como eu, que não conhece a cidade e nem é familiarizado com as lendas e culturas de lá, a leitura pode ser curiosa mas também pesada porque o leitor se sente sobrecarregado de informações. São tantos lugares, monumentos e lendas que me senti cansada e perdida em muitos momentos, e a investigação demora pra se desenrolar, apesar de os crimes continuarem ocorrendo e sempre termos algumas surpresas, senti que tudo ocorria de maneira lenta, e Ayala, junto à sua companheira Estíbaliz de Gauna, parecia estar andando em círculos, sem descobrir nada.
Até a metade senti a leitura cansativa, e mesmo quando o leitor é transportado ao passado, conhecendo os passos de Blanca Días de Antoñana, a mãe dos gêmeos, fica dificil entender qual a relação entre os dois fatos e se sentir impressionado pela narrativa. Apenas depois da metade, quando o passado e o presente se encaixam e a gente vai entendendo o que culminou com os crimes cometidos, a trama se torna mais vivaz.
O que mais gostei foi a personalidade de cada personagem, estão todos muito bem caracterizados e até mesmo o grande psicopata, quando revelada sua identidade, me impressionou, porque suas motivações e trajetória foram super bem explicados.
O mérito da autora foi ter criado um caso bem único, apavorante e original, eu não consegui sequer deduzir a identidade do assassino, e as várias reviravoltas do caso cada hora apontavam para um lado, isso foi bem inesperado e surpreendente. Ainda assim, não foi um primeiro livro que me deixasse um impacto profundo ao ponto de me fazer seguir lendo os próximos da trilogia.
A trama de O silêncio da cidade branca é requintada, super elaborada, e por isso, é o tipo de livro para aquele leitor realmente habituado com suspenses mais lentos, que se firmam nos detalhes e tardam em revelar o mais bombástico. É aquele livro para se degustar com paciência, com um enredo inteligente, bem trabalhado, mas que pode ser pesado dependendo do momento. Apesar do carisma fascinante de seus protagonistas, o excesso de informações da ambientação se torna um problema em certo momento da leitura. Mesmo assim, o mistério é mantido até o final e a surpresa com a revelação do assassino faz esta primeira parte ser digna de se considerar um bom livro policial.
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