Livros da Julie 12/09/2021O amor em meio às eternas lutas contra o preconceito e o inevitável-----
"Cavalheiros não querem uma dama que sabe das coisas. Não como esposa, pelo menos. (...) Depois que estiver casada, você pode saber de muitas coisas. De preferência, com um cavalheiro que não seja o seu marido."
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"Havia mil maneiras de fazer papel de idiota, e novas oportunidades surgiam todos os dias. Era exaustivo ter que se esquivar delas o tempo inteiro."
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"Era notável a quantidade de coisas que se podia descobrir sobre outro ser humano simplesmente observando. E ouvindo."
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"Chá poderia ajudar. Sua avó sempre dizia que era a melhor coisa para se tomar, depois de vodca."
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"A virgindade era a única commodity de que dispunham mulheres jovens e solteiras, e elas não costumavam desperdiçá-la."
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"Saber pedir desculpas de maneira adequada estava ligado à tendência a se comportar de modo a ter que pedi-las com frequência."
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"As mãos sempre entregam as pessoas. Ficam tensas, tremem ou se agarram uma à outra como se pudessem – por meio de algum tipo de feitiço inimaginável – salvá-las de qualquer destino sombrio."
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"Não havia nada que pudesse arruinar a reputação dele, enquanto uma palavra impensada ou falsa poderia acabar com a dela para sempre. Não era a primeira vez que ele se sentia extraordinariamente feliz por não ter nascido mulher, mas era a primeira vez que tinha diante de si uma prova tão clara de que os homens realmente levavam uma vida mais fácil."
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"Ela se sentia diferente. Especial. Como se houvesse alguma razão para sua existência – uma razão que não fosse encontrar um marido, gerar um filho e fazer tudo isso exatamente nessa ordem, com o homem adequado, escolhido pelos seus avós"
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"O que não podemos impedir podemos ao menos testemunhar"
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"se não fossem os mal-entendidos, a boa literatura seria bem escassa."
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"quanto mais cedo você engravidar, mais cedo poderá parar de dormir com ele. Esse (...) é o segredo para um casamento bem-sucedido."
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"Não importa o que você faz, e sim o que as pessoas pensam que você faz."
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Dez coisas que eu amo em você é o terceiro livro da trilogia Bevelstoke e o décimo nono do projeto de leitura coletiva em ordem cronológica das obras de Julia Quinn (#LCJuliaQuinn #LCPeculiaresLivros), promovido pela @peculiareslivros.
Neste último livro, o protagonista é Sebastian Grey, primo e melhor amigo de Harry Valentine, o marido de Olivia Bevelstoke. Solteiro e bonito, Sebastian vive de forma confortável, cercado pela atenção permanente do público feminino. Porém, ele não está plenamente satisfeito: falta algo em sua vida, um objetivo maior. Isso chega a lhe tirar o sono, mas prefere fugir do problema a enfrentá-lo, passando mais tempo em noitadas e na casa de Harry do que em sua própria.
Outra questão vem contribuindo para tirar a sua paz: o filho do seu tio, o conde de Newbury, morreu prematuramente e Sebastian se tornou o novo herdeiro do condado. Contudo, o velho lorde o odeia e, contrariado com a situação, se apressa em buscar uma nova esposa.
A "felizarda" escolhida foi Annabel Winslow, cujos atributos físicos aparentemente garantirão uma prole numerosa de herdeiros. A jovem está desamparada pelo acerto que foi feito com o temível idoso, mas tem consciência de que seria muito ruim financeiramente para a sua família recusar o casamento que está em vias de se formalizar.
Só que a alta sociedade londrina era um grupo restrito e todos compareciam às mesmas festas. Naturalmente que Sebastian e Annabel se esbarrariam em algum momento, em algum salão de baile da temporada, ou fora dele. Seria ela capaz de fugir aos encantos do rapaz e colocar as necessidades de sua família em primeiro lugar, ignorando sua própria felicidade, ou o coração falaria mais alto?
Sebastian foi um personagem tão interessante em "O que acontece em Londres" que mereceu uma história para chamar de sua. O prólogo já traz uma ótima revelação, relacionada a um evento extremamente divertido que ocorreu no livro anterior, no qual Sebastian se destacou. Todo aquele subenredo se tornou o motivo deste spin-off, que conta com a participação importante de Olivia Bevelstoke.
Porém, Annabel não é dona de uma grande personalidade e nem mesmo o charme de Sebastian consegue cativar a fundo o leitor. Apesar de nos compadecermos pela situação em que a mocinha se encontra e torcemos por um final feliz para o casal, a evolução do romance é um tanto lenta e morna. Entretanto, embora o livro não tenha o mesmo ritmo dos outros, alguns aspectos compensam em intensidade e nos levam à reflexão.
Um ponto muito triste abordado é o preconceito arraigado da sociedade, sua tendência, ainda atual, para um prejulgamento negativo. Sempre se pensa o pior das pessoas. Qualquer pequeno gesto ou atitude é interpretado da pior maneira possível. Uma pessoa pode ser humilhada abertamente por qualquer fala ou ação que fuja ao padrão imposto, ao socialmente aceito, sem nem saber direito o motivo. Hoje em dia todos já estão devidamente armados com seus celulares; parece haver um estoque infinito de pedras a serem jogadas nas redes sociais.
Outra menção importante é feita ao terrível fardo imposto naquela época à mulher, que, sem renda própria, dependia completamente do marido. Era essencial, portanto, conseguir se casar com um homem de posses, independentemente da afeição por ele, para garantir o sustento da família.
A história também nos faz pensar nas máscaras que usamos ao longo da vida para suportá-la, sermos mais aceitos ou simplesmente sobressairmos na multidão, de forma nem sempre lisonjeira. A autodepreciação é uma fuga fácil, um caminho rápido para evitarmos encarar nossas verdadeiras emoções e termos a desculpa perfeita para destruir quaisquer laços antes que eles possam ser cogitados. Mas um dia a gente cansa de fingir, de não ser espontâneo, e nos chateia perceber que todos acreditam naquela falsa imagem que nós mesmos criamos.
Nesse livro não tão leve como os demais é possível nos identificarmos e simpatizarmos com os personagens, suas dores e angústias. Mas elucubrações à parte, ainda é um típico romance de Julia Quinn e tem seus momentos divertidos.
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