Neilson.Medeiros 18/07/2022
Uma trama ágil que põe no centro aqueles que são invisíveis nos corredores da grande máquina da sociedade. Aqui vemos de tudo um pouco: a parceria entre dois caras que se complementam, teoria marxista na voz do supridor de supermercado, a hipocrisia que circunda ?os homens de bem?, o jogo por trás do tráfico de drogas e a alternância entre registros linguísticos na voz do narrador e dos personagens. Além disso, ainda vemos tipos muito interessantes, como o Véio e o Sr. Valdir. Tive uma leve impressão de que o livro poderia ter economizado em alguns diálogos muito longos, mas entendo que isso faz parte da sopa que o autor escolheu para a obra ter a cara que tem. Por falar na sopa, o diálogo entre o excêntrico Véio e Pedro se torna a cereja do bolo da narrativa. Do encontro inusitado surge uma conversa filosófica que ajuda Pedro em sua jornada. Em suma, temos aqui uma face do Brasil: o cidadão pobre, inconformado com a exploração, que recorre a meios escusos para provar a fatia do bolo a que poucos têm direito. Merece ser lido!