Resenhas - Na casa dos sonhos

Lady Rita 05/11/2022

Mulher abusa, agride e também mata outras mulheres.
O livro é uma autobiografia que relata o abuso, a violência psicológica e física que a autora sofreu antes e durante um relacionamento com outra mulher, e a dificuldade dela em provar que foi uma vítima, mesmo sem sofrer violência física.
A autora também aborda a falta de sensibilidade e credibilidade da sociedade para com as vítimas em geral, sobretudo, quando se trata de mulher lésbica/queer (principalmente para com a mulher preta, diga-se de passagem), por conta da falta de consideração das relações sáficas como relacionamentos reais.
Um adendo importante! A violência contra a mulher causada por homens infelizmente existe desde que o mundo é mundo, logo, se você mulher lésbica/queer denunciar uma parceira por conta da violência, tenha em mente duas coisas! A principal é que você não vai de forma alguma "manchar" a comunidade, apenas mostrará o quão humana e frágil são as relações humanas em geral.
E a segunda coisa é que ser agredida por outra mulher não torna isso um crime menor.
Mesmo perante o duro julgamento da sociedade sobre as relações entre pessoas do mesmo sexo, denuncie.
Destaco aqui uma citação presente no livro que deixa isso mais claro:
"Se você fizer silêncio sobre sua dor, eles vão te matar e ainda dizer que você gostou".
Por fim, indico a leitura a todos (as), pois os capítulos são curtos e objetivos, a narrativa é incrível e a diagramação impecável.

bruno 24/01/2022

"Às vezes as pessoas amam uma ideia, mesmo que não saibam o que fazer com ela. Mesmo que só saibam fazer a pior coisa possível."

esse, com certeza, foi uma das melhores da leituras do ano. achei a narrativa interessantíssima, muito diferente de tudo que eu já li e bastante criativa, amei muito.

no texto ela trata sobre relacionamentos abusivos entre pessoas queer fazendo um paralelo com a sua própria experiência e analogias sobre essa fase "na casa dos sonhos".

no posfácio ela comenta sobre a dificuldade de encontrar textos sobre violência doméstica e abuso queer e como eles historicamente omitidos ou pouco abordados e cita alguns que a inspiraram a continuar com o processo de escrita.

dentre os textos citados li alguns, e acho que vale muito a pena ler, o "If you ever did write anything about me, I'd want it to be about love" e o "never say I didn't bring you flowers" são dois relatos bem pesados e bastante chocantes que vale muito a pena serem lidos.

luísa 22/09/2022

na casa dos pesadelos né só pode
eu esperava muito desse livro, muito mesmo. esperava que ele fosse mais dinâmico e que realmente mostrasse muito o relacionamento entre as duas mulheres.
me decepcionei por ser um livro muito complexo e cheio de intervenções. é muito a cara da carmen escrever contos, metáforas e falar sobre filmes no meio da história, o que as vezes é até legal e bom. mas pra mim, a memória que fica do livro é que quase não teve uma história, mas sim muitas falas massantes da autora sobre relacionamento tóxico o que fez eu não me apegar pela personagem e nem pela trama.
consegui tirar muitas reflexões desse livro e acho que para entender ele por completo teria que ler de novo, mas acho que n faria.

"ela poderia ter fugido. a porta estava aberta, mas era como se ela nem soubesse o que fazer"

Gabriela.Sasse 23/07/2022

chato
comecei essa leitura pensando que seria incrível, que daria um 5. O tema é interessante mas me deixou com preguiça. Achei um lenga lenga sem fim, sequer consegui terminar.
Foi tão difícil de ler que depois dele diminui meu ritmo de leitura.

suellen 07/01/2023

sinceramente que livro. ainda bem que eu sempre vou atrás das dicas da karla, pois esse livro foi um grande achado. me senti revivendo algumas coisas do passado e por trás disso senti também que essas situações foram abusivas. sem palavras para descrever a melancolia que foi sentida ao longo dos capítulos, que bom que a carmen conseguiu sair dessa situação e colocou em palavras o que viveu.

Jamyle Dionísio 30/01/2022

Casa dos Sonhos como Resenha
Você recebe uma tarefa no curso que está fazendo: ler A Casa dos Sonhos, de Carmen Maria Machado. Dizem que é diferente de tudo o que você já leu. Você tentou começar uma vez no kindle, mas desistiu.

Mas agora não há escapatória. E, ao mesmo tempo que a narrativa fragmentada em curtos capítulos faz a leitura fluir, a sua atenção não ganha a mesma fluidez. Algo te incomoda. Será essa história narrada em segunda pessoa? Afinal, se trata de uma Memória, como diz a capa. Então o que faz com que a autora queira ver a si mesma de fora, como se tivesse que sair do próprio corpo e coisificá-lo, usar metáforas e racionalizações, dados e histórias, lançar mão de uma linguagem quase jornalística para falar do relacionamento abusivo com sua ex-namorada?

Ela não quer estar ali, como você às vezes não quer mais ler aquele livro. Mas é preciso sair daquele lugar, e o caminho é longo. Você passeia pela casa dos sonhos, bonita e grande e cheia de cômodos, mas sente um arrepio na espinha. Como se estivesse sendo vigiada por um fantasma perverso, ou esperando um poltergeist que vai atirar os objetos em cima de você a qualquer momento.

Você sente, com a autora, o terror que é habitar aquela casa. Numa página tudo parece estar bem: ela passeia por cenários idílicos, na página seguinte se tranca no banheiro enquanto a namorada tenta arrebentar a porta aos gritos e pontapés. Numa página, a companheira jura que Carmen é amada por ela, na outra la trata como lixo e, muitas vezes, faz questão de dizer isso.

Mas os fantasmas se escondem as frestas sombrias, os objetos voltam aos seus lugares e você se pergunta se aquilo tudo não é coisa da sua cabeça. Afinal, aquela casa é tão bonita! É a casa dos sonhos.

Você a acompanha enquanto ela tateia as paredes, desconfiada dos próprios sentidos. Você a vê chegar perto da saída e recuar, e quase grita (como num filme de terror) ?Não, não pare!?. Você segue os seus raciocínios, sua reunião de argumentos, tudo o que ela usa para desenhar um mapa de saída. Você sabe que ela conseguiu, senão não teria esse livro em suas mãos. Mas você sabe quantas páginas faltam para o livro acabar. Ela, enquanto presa no livro, não.


@chadepalavra

Geovana189 05/01/2022

Esse livro é absolutamente único, em todos os sentidos. Nunca li algo assim, e é aquele tipo de livro que não se lê em um gole só, é amargo, forte, é preciso ler em doses homeopáticas. Absolutamente todos deveriam ler esse livro, pelo simples fato de ser a melhor obra, digo sem cerimônia nenhuma, sobre abuso psicológico, como se constroem relações abusivas. Tive que parar várias vezes, por que senti vontade de chorar. É autobiografico, o que torna tudo mais pesado ainda. É uma visão sobre abuso e violência dentro de uma relação entre duas mulheres, o que torna esse livro ainda mais necessário. Amei a forma que a autora mesclou sua própria história com estudos sobre vivências queer's. Apenas leiam!!

Juliana @julianaaf 03/06/2021

"era um livro sobre uma casa que não era uma casa e um sonho que não era sonho coisa nenhuma"

um livro de memórias que se mistura com um livro de estudo, a autora busca aqui trazer sua história de um relacionamento abusivo com outra mulher, ao mesmo tempo em que vai pincelando histórias pouco faladas sobre o mesmo tema.

reflexivo e bastante incômodo, você não consegue encara-lo de uma vez, eu lia um pouco e logo depois precisava "tomar um ar"

recomendo a leitura para quem gostaria de sair de sua zona de conforto e imergir na história de Carmem, porém, com aviso de gatilhos

trajanooo 29/03/2024

Eu ainda não sei se vou conseguir superar o quanto esse livro me tocou
o quanto as palavras de Carmem e seus sentimentos me impactaram
acho que vou sentir falta deste livro para sempre
estou passando por algo difícil e este livro me mostrou algumas coisas
é impactante
de tirar o fôlego
recomendaria a qualquer um
sua narrativa é viciante
é algo tão pessoal que me encantei

José Marques 23/06/2021

Infelizmente a casa dos sonhos pode lhe prender e oprimir.
Carmen Maria Machado vai nos contar a sua angustiante história de relacionamento abusivo vivido com sua ex-namorada com uma narrativa diferente e muito envolvente referenciando textos, filmes e músicas, que ajuda ainda mais na imergência de quem lê.

Nos detalhes vemos pedaços de situações que provavelmente vivemos em nossas vidas ou com pessoas próximas. Quem nunca viu um relacionamento abusivo se manifestando diante dos seus olhos?

Na sua história temos uma particularidade, que pouco é abordado na literatura, o relacionamento abusivo na comunidade LGBTQIA+. Carmen vai explicar bem isso quando fala sobre o "silêncio do arquivo" ou "violência do arquivo" ao se referir a ausência de registros de relatos desses casos.

"[...] às vezes uma história é destruída, as vezes ela sequer chega a ser dita; seja como for, nossa história coletiva sofre a perda irreversível de algo grandioso."

Em vários momentos me vi falando enquanto lia: Carmen, como você permitiu isso? Carmen, sai daí! Coisas de quem está de fora e pensa que é simples e fácil lidar com algo tão complexo e particular como esses relacionamentos.

O plot twist da sua história é surpreendente! Só lendo para saber.

RECOMENDO!!!

Giovana 25/06/2021

Não sabia o tema o do livro ao começar a leitura. Li em cerca de três dias. Metade do livro foi todo de uma vez só.

Você torce para que a história, de alguma forma, acabe bem, sem maiores sofrimentos apesar dos que já existem.

Além de algo autobiográfico existe uma pesquisa envolta ao tema, que ajuda a abrir espaço para novas posições.

Os capítulos são curtos e isso ajuda a construir a atmosfera cortando do que é lido. Recomendo, vale a leitura e a angústia.

patriciagguimaraes 16/07/2021

Ótimo livro
Gostei bastante do livro, considero essencial conhecer e viver outras vivências (queer, relacionamento abusivo e etc). Fiquei um pouco cansada em algumas partes, mas em geral é uma boa leitura.

Eita Já Li 30/08/2021

Necessário ao extremo!
Quando recebi esse livro eu não sabia do que se tratava, ainda não tinha lido a sinopse do mesmo, ainda que já tivesse vista a capa dele, fiquei surpreso quando finalmente li a sinopse do mesmo e descobri sobre o que o livro tratava, logo fiquei ansioso para realizar a leitura das memórias da autora.

A leitura desse livro foi uma experiência interessante, porque por mais que eu quisesse devorá-lo, pois, a escrita da autora é muito gostosa e a forma como ela escreveu o livro funcionou muito bem comigo, eu também "resistia" um pouco a leitura, um pouco por trazer um relato muito forte e doloroso do que a autora viveu.

Esse livro de memórias mostra um período em que Carmen viveu um relacionamento abusivo e ela conta como tudo se desenvolveu, mas, o livro vai muito além do relato da autora, ela trouxe pontos interessantes sobre relacionamentos abusivos entre pessoas LGBT — com foco em relacionamentos lésbicos —, como o fato de o reconhecimento de relacionamentos abusivos dentro da comunidade é relativamente novo; ou a ideia de que pessoas da sigla são sempre boas, tendo em vista todo sofrimento e esforço que fazem para viver, o que não faz sentido já que independente de gênero ou sexualidade pessoas são passíveis de qualquer coisa.

Iniciei a leitura completamente instigado a ler sobre algo que não é tão comum e nem tão falado, mas, que acontece muito e se faz necessário falar. Fui surpreendido não apenas com a forma interessante que a autora conta as memórias desse momento tão sombrio que viveu, mas, também pela pesquisa que ela precisou realizar para levantar todos os dados que foram incluídos no livro. Sem dúvidas uma leitura reflexiva, e mais que importante, necessária!!

Rodrigo.Souza 25/09/2021

na casa dos sonhos
Um livro que aborda um tema pouco comum, mas muito presente, na vida de pessoas lgbt: o relacionamento abusivo. A autora nos envolve na narrativa com capítulos curtos e que mesclam narração e breves análises de como o tema é tratado em outras obras da literatura e do cinema. O final é surpreendente.

Alana 02/10/2021

só leia
"Atribuir linguagem a uma coisa para a qual você não tem linguagem não é tarefa fácil."

uau. então, In the Dream House tava na minha lista há muito tempo e eu tinha uma expectativa enorme, TUDO por causa de uma frase que vi dele, sem contexto. quando fui pesquisar mais sobre, descobri ser sobre abuso em uma relação queer, e me interessou mais ainda por ser um tema que eu não sabia absolutamente nada e entraria de cabeça limpa.
de começo ele me deixou bem desconfortável e até entendiada ver a Carmen aguentando calada e eu ia parando de ler (mérito da autora que foi genial, genial na forma de contar sua história). do meio pro final o livro me fez gostar do começo e termino ele querendo muito abraçar a autora. a forma que conseguiu fazer com que o leitor sentisse um gostinho só do que a vítima passa
("Nosso cérebro não é capaz de captar completamente um clichê ? ele passa por cima da frase, oração ou ideia sem titubear.";
"Ela poderia ter fugido. A porta estava aberta. Mas era como se ela nem soubesse o que fazer". a impotência!!!!) cria uma empatia absurda e te faz abrir os olhos pra uma tema que ainda é tabu e muitas vezes desdenhado



"se eu fosse só um pouco diferente na aparência, ia receber todo o amor do mundo??"