Lary 09/10/2021
Para quem leu a trilogia do Príncipe Cruel, saber que o livro abordaria com um pouco mais de profundidade a cabeça de Cardan com certeza foi uma ideia maravilhosa, e pra mim não foi diferente.
Durante a leitura da trilogia, o vilão que nos é apresentado deixa escapar pequenas brechas em sua fachada, partes soltas de um todo que não condiziam com suas atitudes, ou talvez fizessem mais sentido do que deveria. A leitura de "Como o Rei de Elfhame Aprendeu a Odiar Histórias" só mostrou que não estávamos errados e aquelas entrelinhas que nos deixava em dúvida, que nos fizera abrir os olhos e dar uma chance ao príncipe Cardan foram um pouco mais esclarecidas.
Um filho abandonado. Um príncipe esquecido. Um feerico rejeitado. Use o título que preferir para descrever Cardan e suas atitudes, mas não se esqueça que por trás de cada um destes há uma história, tão cruel, crua, triste e marcante que fizera com que o agora Rei de Elfhame desejasse esquecer do quanto já gostara de ouvir narrativas, fantasiosas ou não. Como nós, ele procurou se esconder nas palavras. Como nós, buscou o conforto de cheiro de papel e palavras para se sentir acolhido. E como nós, desejou um dia ter sua própria história, não para que fosse contada por aí, mas que para que pudesse se sentir digno, amado, parte de algo.
Cardan é um personagem que requer um mergulho profundo em sua crueldade para ser capaz de enxergar seus medos e seu coração. Não fique apenas na superfície e não deixe que o primeiro reflexo o espante para longe, o coração feerico pode ser duro e feito de concreto, mas uma hora ele irá quebrar, e quando o fizer, você irá se maravilhar.
Holly Black, obrigada.