Bruna 18/07/2021
A capa do livro me iludiu
Eu tenho que passar a levar mais a sério o "não julgue o livro pela capa", porque esse me enganou direitinho! Pensei que seria uma história leve de romance em que tudo termina bem de maneira fácil, mas vish, me enganei e sofri por 549 páginas.
A história de Aaron e Marília, que é ambientada em uma boa parte do tempo na Argentina, é aquela que começa de forma linda, com uma amizade sólida, músicas compartilhadas, leituras, citações, segredos, uma cumplicidade palpável e que se torna, depois, numa paixão avassaladora, que tem como obstáculo a diferença social entre ambos, visto que Aaron é filho da caseira da casa de Marília, e Marília, a menina rica, da qual Aaron deve ficar longe, e esses obstáculos moldam completamente a história deles.
Dito isso, os dois passam por muita coisa, coisa até demais, e como no último livro que li, me parece um roteiro pronto de filme, em que a gente sente falta da descrição dos lugares, e sente que o livro é muito acelerado, tanto que nem senti a quantidade de páginas que ele tem, passou muito rápido.
Marília é uma personagem rica, que tenta mostrar que entende seu privilégio, mas ainda assim é fruto da realidade em que foi criada, mostrando isso em várias atitudes mimadas que tem ao longo da narrativa. Mas um ponto bem legal a respeito dela, é que ela desenvolve um autoconhecimento e um amadurecimento palpáveis a medida que as coisas vão acontecendo, e isso é muito legal.
Já Aaron, traz a questão do quanto as coisas são difíceis pra alguém que não veio de família abastada, e seu desenvolvimento também é bom de acompanhar. Porém, me incomodou MUITO o fato de ele ter atitudes e reproduzir padrões extremamente machistas e isso não ser trabalhado ao longo da narrativa como sendo problemático, o que deveria ter sido feito. Fiquei tão incomodada que achei que o livro tinha sido escrito no início dos anos 2000, mas não foi.
Num todo, gostei da história, embora ache que foi muito acelerada e com pontos problemáticos, e gostei também que vemos como a ideia de que "o amor supera tudo" é substituída pela ideia de que um relacionamento é mais que amor pra que dê certo. E como a paixão pode ser destrutiva aliada a esse ideal de "amor de novela".
Uma história que falou muito comigo por motivos pessoais, até a banda The Parlotones, que tem um signifcado grande pra mim, tem no livro. Por que, Babi? Por quê?
"Choro porque nesse dia, todos os anos, me despeço do que fomos, do que criamos, do que nunca chegamos a ser."
Apesar dos pesares, recomendo a leitura, se quiser sofrer, leia! kkkkk