Notas sobre o luto

Notas sobre o luto Chimamanda Ngozi Adichie




Resenhas - Notas sobre o luto


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Carla858 27/07/2021

"Nós não sabemos como será o nosso luto até o nosso luto acontecer". Um livro escrito com sensibilidade e com dor. Perder alguém em plena pandemia é ser privado de se despedir. Quem perdeu alguém vai se identificar com esse livro.
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fernanda 27/07/2021

"o luto é uma forma cruel de aprendizado. você aprende como ele pode ser pouco suave, raivoso. aprende como os pêsames podem soar rasos. aprende quanto do luto tem a ver com palavras, com a derrota das palavras e com a busca das palavras."


devastador.
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Priih | Blog Infinitas Vidas 29/07/2021

"Nós nós não sabemos como será o nosso luto até o nosso luto acontecer."
Em 2020, Chimamanda viveu a terrível experiência de perder seu pai subitamente em pleno período de isolamento social. O falecimento não teve relação com o Covid-19, mas esse contexto foi crucial no processo de luto da autora, já que sua família foi privada de qualquer tipo de ritual de despedida, e ela própria não pôde estar com seus entes queridos. Ao longo dos capítulos, Chimamanda discorre sobre como foram os primeiros dias e meses depois dessa experiência ao mesmo tempo que rememora fatos importantes sobre o que viveu com seu pai.

Notas Sobre o Luto é um livro que fala, obviamente, sobre o luto. Mas não é só sobre isso: é também sobre a sensação de impotência. A impotência de não ser capaz de impedir a partida, a impotência de não saber lidar com o vazio no peito, a impotência de não poder voltar no tempo. Só quem já viveu essa experiência sabe o quanto um evento assim pode ser transformador, especialmente quando existe uma relação tão próxima e amorosa quanto a que Chimamanda nitidamente tinha com seu pai. A situação por si só já é desoladora, e ter que enfrentar isso “parcialmente sozinha” (nesse caso, me refiro a não poder estar junto da mãe e dos irmãos), faz com que ler sobre o luto de Chimamanda seja profundamente tocante.

Tem uma frase que mexeu muito comigo ao longo da leitura: “nós não sabemos como será o nosso luto até o nosso luto acontecer”. As pessoas podem ficar deprimidas, podem tentar fingir que estão bem, podem ficar agressivas e reativas, podem tentar manter o sorriso no rosto pelo bem dos familiares… há uma infinidade de reações possíveis. Por isso é tão importante respeitar o próprio processo e também o do próximo quando algo assim acontece em uma família. [...]

O que posso afirmar é que Notas Sobre o Luto é um livro curto, mas emocionante e sensível, sobre uma das emoções mais complexas que todos nós vamos viver um dia. Acho que não há nada sobre o qual Chimamanda Ngozi Adichie não consiga escrever, e foi muito bonito poder me sentir próxima da autora mesmo num momento tão delicado. Leitura mais do que recomendada, é claro!

A resenha completa tá te esperando lá no blog! ♥

site: https://infinitasvidas.wordpress.com/2021/07/28/resenha-notas-sobre-o-luto-chimamanda-ngozi-adichie/
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stephanie.2 29/07/2021

Notas sobre o luto.
Um livro doloroso e penetrante, onde Chimamanda, por meio de memórias e sentimentos íntimos, descreve um processo sem fim que é o luto, após a morte súbita de seu pai ? que não foi causada pela covid-19, mas aconteceu no contexto da pandemia.
Nesse livro senti toda a veracidade da dor, incredubilidade e o sentimento de impotência da autora, diante de algo tão inevitável e avassalador que é a morte. Até que vem a aceitação, que nunca vai significar um esquecimento, mas ao invés disso, aproveitar as memórias boas que ficaram.
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Estelia 29/07/2021

Só vivendo para conhecer
Cada um vive um luto de uma forma. Nunca será a mesma coisa para todos. E nunca vai passar. O luto não passa, a gente aprende a conviver com ele. E infelizmente a pandemia tornou esse momento tão dolorido ainda mais dolorido. Chimamanda colou em palvras a dor da perda e como é único para cada um.
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Andresa16 31/07/2021

Me identifiquei demais com a dor e as palavras de Chimamanda, enquanto lia tinha a sensação de que era tudo aquilo que eu queria falar sobre a perda do meu pai, que também foi durante a pandemia, e me encontrei numa situação parecida demais com ela, consegui sentir toda a dor dela e relembrei do pior dia da minha vida e como foi todo o processo que passei pra estar hoje com a ferida da perda ainda aberta porém sendo cuidada pra não machucar tanto
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Luiza 03/08/2021

Uma leitura catártica e dolorosa
Em muitas linhas ela descreveu o que eu sinto também.

?O LUTO É UMA FORMA CRUEL de aprendizado. Você aprende como ele pode ser pouco suave, raivoso. Aprende como os pêsames podem soar rasos. Aprende quanto do luto tem a ver com palavras, com a derrota das palavras e com a busca das palavras. Por que sinto tanta dor e tanto desconforto nas laterais do corpo? É de tanto chorar, dizem. Não sabia que a gente chorava com os músculos. A dor não me causa espanto, mas seu aspecto físico sim: minha língua insuportavelmente amarga, como se eu tivesse comido algo nojento e esquecido de escovar os dentes; no peito um peso enorme, horroroso; e dentro do corpo uma sensação de eterna dissolução. Meu coração me escapa ? meu coração de verdade, físico, nada de figurativo aqui ? e vira algo separado de mim, batendo depressa demais num ritmo incompatível com o meu. É um tormento não apenas do espírito, mas também do corpo, feito de dores e perda de força. Carne, músculos, órgãos, tudo fica comprometido. Nenhuma posição é confortável. Passo semanas com o estômago embrulhado, tenso e contraído de apreensão, com a certeza sempre presente de que alguém mais irá morrer, de que mais coisas irão se perder.?

?Tenho medo de ir para a cama e acordar; tenho medo do amanhã e de todos os amanhãs que virão depois. Sinto-me tomada por um estarrecimento incrédulo com o carteiro que continua passando, com as pessoas que continuam me convidando para dar palestras não sei onde, e com os alertas de notícias que surgem regularmente na tela do meu celular. Como é possível o mundo seguir adiante, inspirar e expirar de modo idêntico, enquanto dentro da minha alma tudo se desintegrou de forma permanente??

?O LUTO EXPÕE NOVAS camadas em mim, raspando escamas de meus olhos. Arrependo-me das minhas antigas certezas: Você certamente deve vivenciar seu luto, falar a respeito, encará-lo, atravessá-lo. As certezas arrogantes de alguém que ainda não o conhece. Já estive em luto antes, mas só agora toquei sua essência mais pura. Só agora aprendi, ao tatear em busca de seus limites porosos, que não há travessia possível. No centro desse turbilhão eu virei uma criadora de caixas, e dentro de suas paredes sólidas aprisiono meus pensamentos. Atarraxo minha mente com firmeza somente à sua rasa superfície. Não consigo pensar muito, não me atrevo a me aprofundar demais nos pensamentos, do contrário serei derrotada não apenas pela dor, mas por um niilismo acachapante, um ciclo de pensamentos do tipo que não adianta, de que adianta, nada adianta nada. Eu quero que haja um motivo, mesmo sem saber ainda de que isso consiste. Segundo Chuck, existe certa graça na negação, palavras que fico repetindo para mim mesma. Essa negação, essa recusa de olhar é um refúgio. É claro que fazer isso é também uma forma de luto, de modo que eu estou desvendo debaixo da sombra oblíqua do ver, mas imagine a catástrofe que seria um olhar direto e frontal. Muitas vezes há também a ânsia de sair correndo, correndo, a ânsia de se esconder. Mas nem sempre posso correr, e todas as vezes em que sou forçada a encarar de frente a minha dor ? ao ler o atestado de óbito, ao escrever o rascunho de um anúncio fúnebre ? sinto um formigamento de pânico. Nessas horas eu noto uma reação física curiosa: meu corpo começa a tremer, os dedos tamborilam de forma descontrolada, uma das pernas balança. Só consigo me aquietar quando desvio os olhos. Como as pessoas andam pelo mundo, funcionando, depois de perder um amado pai? Pela primeira vez na vida, estou apaixonada por remédios para dormir, e debaixo do chuveiro ou no meio de uma refeição começo a chorar.?

?Um dia estou no banheiro, totalmente sozinha, e chamo meu pai pelo apelido carinhoso que tinha para ele ? ?o dada original? ? e sinto um breve cobertor de paz me envolver. Breve demais. Sou uma pessoa que desconfia de sentimentalismos, mas desse momento repleto do meu pai tenho certeza. Se for uma alucinação, então eu quero mais, mas não torna a acontecer.?
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Coruja 03/08/2021

Se há uma certeza na vida, é a morte. É uma verdade inescapável e, nesse último ano e meio, provavelmente tivemos mais consciência que nunca de nossa própria mortalidade e também daqueles que amamos. Com mais de meio milhão de mortos apenas em nosso país, difícil encontrar alguém que não tenha perdido alguém próximo, parente, amigo, conhecido que seja. Através das notícias que nos chegam, vivemos diariamente o luto - um luto individual e também coletivo, um lamento pelas histórias e esperanças que se apagaram antes do tempo, pelos ídolos que se vão, por um senso de segurança que não sabíamos existir e que, agora sabemos, nunca voltará ao que era antes.

Foi nesse contexto que comecei a me embrenhar por livros sobre o luto: próximo a completar o aniversário de um ano da morte de tia Gilda - irmã mais velha da minha mãe, que se foi logo no início da pandemia e nos tirou o chão com a angústia de quase dois meses internada. Alguns deles estavam na minha lista há muito: C. S. Lewis e seu A Anatomia de um Luto desde que li a biografia do autor, para escrever o especial sobre Nárnia; Joan Didion e O Ano do Pensamento Mágico quando bati o olho no título e vi a sinopse; F de Falcão da Helen Macdonald, indicação reiterada de uma amiga querida. Notas sobre o Luto, da Chimamanda Adichie veio por último, mas amarrava tudo por ter sido escrito exatamente no auge da pandemia, e trazer as peculiaridades de uma perda no momento que estamos vivendo.

Escrevo sobre “as peculiaridades” do luto em quarentena e faço caretas para mim mesma. Mas não consigo deixar de pensar que viver o luto hoje - e é necessário vivenciá-lo para superá-lo - é muito mais difícil do que antes do covid. O isolamento nos obrigou a abrir mão de muitos dos rituais que fazem parte desse processo; rituais que consolam, que nos aproximam da memória daqueles que perdemos, que nos permitem buscar conforto naqueles que compartilham conosco essa ausência.

Talvez por isso o Notas sobre o Luto seja tão pungente. Chimamanda escreve sobre a morte repentina do pai em junho de 2020. Um dia ela e o resto dos irmãos estavam conversando com ele pelo Zoom, no dia seguinte o pai se fora. Por conta do lockdown, Chimamanda, que mora nos Estados Unidos, não pode seguir de imediato para a Nigéria. A notícia, para ela, é “um desenraizamento cruel”. Incompreensão, raiva, paranóia vão se sucedendo, num diário breve que tenta reencontrar um eixo, uma forma de se reequilibrar num mundo completamente diferente daquele em que ela viveu desde a infância.

Um mundo em que seu pai não existe mais.

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"Outra revelação: o quanto o riso faz parte do luto. O riso está profundamente entranhado no linguajar da nossa família, e nós agora rimos ao lembrar do meu pai, mas em algum lugar por trás desse riso existe uma névoa de incredulidade. O riso vai se apagando. O riso se transforma em choro, que se transforma em tristeza, que se transforma em raiva."

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O relato que se segue mistura as lembranças (“Há uma sensação assustadora … de uma ancestralidade que escapa, mas eu tenho o suficiente, se não para a memória, pelo menos para o mito”) com as tentativas de negar essa nova realidade (“Não! Não conte para ninguém, porque se a gente contar vira verdade”) até a sua dolorosa aceitação (“Estou escrevendo sobre o meu pai no passado, e não consigo acreditar que estou escrevendo sobre o meu pai no passado”), enquanto a família tenta encontrar formas de seguir as tradições, de se fazer presente mesmo estando todos separados pela distância e pela pandemia.

Chimamanda não escreve para consolar ou dar lições para quem quer que seja. Notas sobre o Luto não tem ambições para além de compartilhar toda a confusão, a devastação com que a escritora se digladia desde que recebe a notícia. Mas esse partilhar é, em si mesmo, uma catarse: em meio a dor, Chimamanda celebra a memória do pai, que, através de suas palavras, surge para o leitor como um homem admirável, inesquecível. Escrevendo sobre sua morte, ela o imortaliza nestas páginas.

(...)

(Essa resenha faz parte de um artigo maior acerca de livros sobre o luto. Deixei aqui apenas as referências diretas ao livro "Notas sobre o Luto", mas há uma certa conexão entre todas as leituras que não se costura tão bem com o corte. Para ler o artigo completo, segue o link abaixo, no blog Coruja em Teto de Zinco Quente)

site: https://owlsroof.blogspot.com/2021/08/quatro-reflexoes-sobre-o-luto-lewis.html
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Marcos 03/08/2021

Confissões do luto
Notas sobre o Luto, de Chimamanda Adichie: tão importante neste tempo de tantas perdas

Da Nigéria para o mundo a autora escreveu o livro após a triste morte do pai em junho do ano passado. Meses depois perdeu também a mãe.

Durante a pandemia da covid-19, consideração e amor ao próximo nos sentimos um pouco como Chimamanda descreve no livro, finos, frágeis ?como um papel?.

Como as palavras tem tantos efeitos em nossas vida. E Chimamanda trouxe neste livro memórias, palavras, lembranças que um dia eu presenciei. Falar sobre o luto não é apenas contar uma breve história, é você se expor aos mais sensíveis dos sentimentos. A perda nos transforma de uma tal maneira que temos medo de nós mesmos, medo de como vamos reagir, de como vamos lidar com a situação, não há um manual para a morte, cada um reage de uma maneira. Mas com as palavras da Chimamanda eu pude sentir e entender cada ato e pensamento, a aflição e a angústia daquele momento de sua vida.

Perdi minha mãe em Janeiro de 2016. Foi uma dor tão imensa que eu não estava preparado e tive medo do que eu viesse a sentir após sua morte. Eu não queria acreditar que ela havia falecido, no mesmo dia em que receberia alta. Já estava tudo programado para o seu retorno em casa, a festa de ano novo que ela não pode ter com a família. A caminho do hospital naquele dia, minha mente mesclava sentimentos de esperança e aflição, evita olhar para os rostos do meu pai e irmão. Eu só queria poder toca lá novamente.
Até chegar num andar na qual ela nunca esteve desde que foi internada. E então ver uma sala vermelha e os médicos nos esperando na porta para dar a triste notícia que minha mãe havia falecido...
Não era de se esperar que o mundo caísse ao meu redor, que poucas palavras me Desequilibrasse e que meu refúgio fosse desmoronado. Não lembro de muitas coisas naqueles minutos seguinte, ao abrir os olhos novamente eu só pedia para vê-la, não queria acreditar. Ao descer para o necrotério me deparei com a cena que eu não desejo nem para o meu pior inimigo. Ver e sentir que não há mais vida onde um dia foi o meu coração fora do peito. É muito muito difícil se readaptar ao mundo depois de uma grande perda. Você encontra meios para se sentir bem. Cada um agindo do seu jeitinho. Hoje eu digo que encontrei o meu jeito. E fico com as memórias, palavras e lembranças dela.

Chimamanda descreve em uma parte do livro a seguinte frase:
?O luto é uma forma cruel de aprendizado. Você aprende como ele pode ser pouco suave, raivoso. Aprende como os pêsames podem soar rasos. Aprende quanto do luto tem a ver com palavras, com a derrota das palavras e com a busca das palavras. Por que sinto tanta dor e tanto desconforto nas laterais do corpo? É de tanto chorar, dizem. Não sabia que a gente chorava com os músculos?

Notas sobre o luto é de tudo um pouco o que eu um dia senti e queria poder expressar sobre a perda de minha mãe.


#ForcasChimamanda. #Resiliencia
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Delarosa 05/08/2021


Chimamanda traz com esse relato, a imortalização da memória de seu pai, James. Um livro extremamente pessoal e verdadeiro, semelhante a um fragmento de um diário. Admito que não senti tudo o que a obra tem a oferecer, pois como a própria autora diz, carregamos certezas sobre o luto, mas só as reconstruímos e aprendemos, quando realmente o vivenciamos.

A autora traz uma coleção de memórias e reflexões sobre o falecimento de seu pai, no período da pandemia do Coronavírus. Ela expõe como a declaração do pesar alheio, mesmo que bem intencionado, pode vir a incomodar aqueles que sofrem com a perda com mais intensidade. Além disso, Chimamanda mostra também, o modo que o distanciamento social pode multiplicar o processo de aceitação da perda.

Uma narrativa cheia de possíveis gatilhos emocionais, comovendo o leitor com a sua simplicidade e pureza. Minha maior reflexão com esta história, foi o fato do quão doloroso é poder citar alguém tão amado, apenas em um único tempo verbal, o passado.
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vitoria.esteves 05/08/2021

Notas sobre luto da Chimamanda é aquele livro que te dá um soco no estômago. Após perder seu pai para a Covid no ano de 2020, Chimamanda nos relata todo o processo do luto e os sentimentos de perder alguém que amamos. É um livro curto, mas muito dolorido.
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Rafa 06/08/2021

Sensacional
Chimamanda nunca decepciona, é uma leitura muito pesada pra quem está no processo de luto, muito pesada mesmo, mas talvez seja importante pra conseguirmos racionalizar um pouco a nossa dor, pelo menos foi assim comigo, não sei se pelo fato de ter passado por isso recentemente, mas eu conseguia sentir a dor dela em cada palavra escrita no livro, conseguia me ver em cada situação que ela cita e em cada pensamento que ela tem sobre as pessoas tentando lidar conosco quando estamos em um momento de luto. Estava receoso de ler esse tema agora, mas valeu a pena e super indico pra todos que passam ou passaram pela perda de uma pessoa amada.
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Jasmine 06/08/2021

Notas sobre o luto
Notas sobre o luto revela a experiência da autora com a dor da perda de seu pai, mas também a representação do luto na cultura igbo e outros elementos dessa cosmologia, principalmente com a dor e nos rituais fúnebres. O título do livro é autoexplicativo sobre o que trata, mas a narrativa surpreende com pistas de verossimilhança acerca dos romances de Chimamanda, principalmente em Meio Sol Amarelo, que é o meu preferido.

Sobre as pistas às quais me referi, poderia citar, de modo específico, os detalhes dos livros incinerados na Guerra de Biafra e algumas réstias no cenário do campus da Universidade de Nsukka, que dão alguma clarividência sobre a genealogia da dor, da memória e do sentimento de admiração nutrido pelo pai.

A limpidez da escrita de Chimamanda em Notas sobre o luto permite um exercício empático e reflexivo sobre o luto individual e coletivo e as camadas da perda de um ente querido ou, ainda, os modos particulares de recondução dos processos de subjetivação permeados pelo vazio denso da dor e da saudade.

Em tempos tão difíceis como este, de perdas imensuráveis, incalculáveis e muito sentidas, vale a pena não prescindir de sua leitura.
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Paloma 06/08/2021

O vazio do adeus definitivo.
"O luto é uma forma cruel de aprendizado. Você aprende como ele pode ser pouco suave, raivoso. Aprende quanto do luto tem a ver com palavras, com a derrota das palavras e com a busca das palavras."
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'Notas sobre o Luto' nos apresenta um relado sincero da Chimamanda em relação a morte do pai. Ela escreve sobre seu pesar, sua saudade, incertezas, medos e sua raiva. Também ensina um pouco sobre como o falecimento é processado pela sua cultura igbo e claro, como sua família está tentando seguir a vida sem uma peça tão valiosa agora.

E se você espera encontra palavras de conforto, frases arrebatadoras e filosóficas sobre a morte... não achará. Nas poucas páginas, lemos um desabafo sensível e real de um sofrimento cru e opressor, que só está a procura de uma válvula de escape.

Ao final, estava com as inevitáveis lágrimas nos olhos e o coração apertadinho, tanto por solidariedade pela perda da família Adiche, como também por relembrar todos os adeus dolorosos que tive que dá ao longo do ano de 2020.

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"Eu hoje me envergonho das palavras que já disse a amigos enlutados. 'Encontre paz nas suas lembranças', eu costumava dizer. Ter um amor arrancado, sobretudo quando isso é inesperado, e depois ouvir que se deve recorrer às lembranças. Em vez de virem me acudir, minhas lembranças trazem eloquentes pontadas de dor que dizem: 'É isso que você nunca mais vai ter.'"
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